Agenda Paroquial:

quarta-feira, 16 de abril de 2014

UM RESUMO BEM RESUMIDO

O TRÍDUO PASCAL 

1. A Igreja celebra nestes dias aquilo a que pode chamar-se o coração do ano litúrgico. No princípio, na comunidade de Jerusalém, celebrava-se apenas o Domingo de Páscoa. Evocava-se a Ressurreição do Senhor que, na madrugada do primeiro dia da semana, depois do dia 14 do mês de Nissan, venceu a morte, quebrando a pedra do Sepulcro. Mais tarde, compreendeu-se que não bastava viver a Vigília Pascal e era necessário completar esta celebração com dois momentos evocativos da Redenção: a Ceia Pascal e a memória da Paixão e Morte de Jesus. Assim surgiu o Tríduo Pascal, com 5.ª Feira Santa, 6.ª Feira Santa e Vigília Pascal. É esta a grande evocação que vai celebrar-se na Semana Santa.
. A Última Ceia foi vivida por Jesus com os Apóstolos. Cumpriram-se todos os rituais da Páscoa judaica. O pão ázimo, o cordeiro e as leitugas, ervas amargas. Jesus, porém, no fim, tomou o pão, partiu-o e deu-o aos seus discípulos dizendo: “É o meu corpo”. Fez o mesmo com o vinho: “É o cálice do meu sangue, entregue por vós”. Os cinco capítulos do Evangelho de João (13 a 17) oferecem-nos o discurso da Ceia. Nele encontra-se o maior testemunho de amor de quem se prepara para dar a vida por todos os homens.
. A Paixão e a Morte na Cruz constituem o mais iníquo de todos os julgamentos. Jesus contrariava a justiça dos príncipes dos sacerdotes e dos doutores da lei e dos fariseus, proclamando a verdade, a liberdade, o amor e a paz. Os judeus preferiram as suas conveniências e levaram Jesus ao tribunal religioso e ao tribunal político. Até pelo julgamento da multidão em massa foi condenado. Ouviu-se um grito: “À morte, crucifica-o”. E Pilatos consumou a condenação.
. A madrugada de domingo levou Maria de Magdala ao sepulcro. A pedra estava retirada, as vestes e o sudário estavam dobrados a um canto e o sepulcro estava vazio. “Onde o puseram?” Questionava-se Maria. “Aquele que procuras entre os mortos, está vivo”, foi o verecdito do Anjo do Senhor. Jesus ressuscitou. Tudo foi confirmado por João e Pedro. A ressurreição de Cristo, a festa desta luz nova, mudou completamente o rosto do mundo.
São estes três acontecimentos que se celebram no Tríduo Pascal. Depois da entrada solene de Jesus em Jerusalém, no Domingo de Ramos, a Igreja acompanha o mistério de Jesus e identifica-se com o caminho da Redenção.
2. É na Semana Santa, também chamada Semana Maior, que vivemos os grandes mistérios de Cristo, na sua Paixão, Morte e Ressurreição. Há lugares onde inúmeras tradições revelam a espiritualidade dos povos antigos. Não é só em Sevilha ou em Braga que a Semana Santa tem procissões e outros momentos de intensa piedade popular. No entanto, para celebrar bem a memória do Senhor que deu a vida pela humanidade, exige-se uma atitude de verdadeira espiritualidade. É a afirmação do serviço e do amor, em 5.ª Feira Santa, é a adoração da Cruz e a contemplação de Cristo que oferece a sua vida na 6.ª Feira Santa e é, depois, o grito da Luz que vence todas as trevas, a aclamação de Cristo Ressuscitado na madrugada de Domingo.
. Na Quinta-Feira Santa, a liturgia da tarde recorda o testemunho de serviço que, numa festa singular, Jesus nos ofereceu. O lava-pés é humildade, é silêncio, é ternura, é serviço. Depois, celebra-se a Eucaristia, expressão do amor de Jesus que se dá em alimento para que todos tenham vida e vida em abundância. Nesta refeição de amor, Jesus pede que este gesto se repita em sua memória. “Servir e amar” é o compromisso dos cristãos.
. Na Sexta-Feira Santa, com a adoração da Cruz, recorda-se a Paixão e a Morte do Senhor. Dar a vida por aqueles que se ama é a prova máxima do amor. Jesus fez isso. Pendurado na cruz, continua a amar. Tem sede de verdade e de justiça, perdoa àqueles que não sabem o que fazem, promete receber um dos outros condenados no paraíso, entrega João a sua mãe Maria, conforma-se incondicionalmente com a vontade do Pai. A grande síntese está nesta palavra simples: “Tudo está consumado”. Os cristãos aprendem na cruz de Jesus a entender a sua própria cruz, a razão dela, a fim de torná-la essencial no caminho para a vida nova.
. Na Vigília Pascal, a madrugada de Domingo, celebra-se a Luz. Cristo é a Luz nova que vem a este mundo. Na história do Povo de Israel, sempre se esperou que esta luz iria surgir. Os profetas tinham-na anunciado com clareza. Se os judeus não o entenderam, quem acompanhou a ressurreição de Jesus – e nela acreditou – pode tornar-se arauto de um tempo novo. Com a certeza da ressurreição e a alegria dessa luz diferente abrem-se, ao mundo, perspectivas de esperança. Na noite pascal, proclama-se Cristo vivo, Cristo ressuscitado. É nesta luz da ressurreição que os cristãos vivem a sua fé. Contemplar Cristo vivo, permite acreditar ser fácil vencer todas as mortes. Nada e ninguém pode tirar aos cristãos a alegria de viver. Todo o mal será vencido.
Para as comunidades cristãs, viver a Semana Santa é entrar na maior profundidade do mistério de Cristo. Servir com Amor, dar a vida pelos outros e ressuscitar com alegria em todas as circunstâncias é um ideal que irá iluminar o ano inteiro. Para os cristãos, todos os dias são Páscoa da Ressurreição.
3. No primeiro dia desta Semana Maior, convidam-se todos os cristãos da Comunidade Paroquial do Campo Grande a viver com a maior intensidade os mistérios de Jesus crucificado e ressuscitado. Pedem-se três coisas:
. Cultivar o silêncio de adoração, consagrando algum tempo, em cada dia, à contemplação de Jesus que “por nosso amor redimiu o mundo”.
. Participar nas celebrações pascais, levantando os ramos para aclamar a entrada de Jesus na cidade; descobrir a alegria de servir, porque sem ele não há amor; inventar gestos de amor.
. Acompanhar a Via-Sacra, celebrada em Roma pelo Papa Francisco, ou percorrer os caminhos da Via-Sacra nas ruas de Lisboa. As estações do caminho da cruz são imagem de muitas situações vividas no quotidiano de qualquer cristão. A Via-Sacra é o caminho da vida.
. Consagrar algumas horas à leitura do Evangelho, lendo a Paixão de Cristo ou alegrando-se com as muitas aparições de Jesus Ressuscitado.
Celebrar estes dias em família e depois, na comunidade cristã, irá transformar a Semana Santa em tempo de alegria pascal.