Agenda Paroquial:

domingo, 29 de junho de 2014

Solenidade de São Pedro e São Paulo

PEDRO E PAULO, PEDRAS VIVAS DA IGREJA
Desde o Concílio Vaticano II que a Igreja celebra ao mesmo tempo S. Pedro e S. Paulo. Se Pedro foi o evangelizador dos judeus, Paulo levou o Evangelho aos gentios. Os dois são a referência fundamental para a Igreja de Cristo. Jesus chamou Pedro quando ele pescava no mar da Galileia. Pedir-lhe-ia para ser pescador de homens. Paulo foi surpreendido na estrada de Damasco e Jesus pede-lhe para dar testemunho d’Ele em todo o lugar. Viveram em profunda comunhão de fé e de caridade. É certo que nem sempre pensaram da mesma maneira, mas ajudados pela comunidade dos Apóstolos foram sempre capazes de ultrapassar as dificuldades e de ir depois até ao fim, na entrega da sua vida por Cristo.
A liturgia desta festa tem três lições maravilhosas, o desafio feito a Pedro para que, na liberdade, anuncie o Evangelho, o exemplo de Paulo que combateu o bom combate e afirmou a sua fé e, depois, a confissão de Pedro que o leva a receber de Jesus o poder das chaves e a tornar-se o alicerce da Igreja.
Pedro era um pescador de enorme simplicidade. Determinou-se a proclamar em toda a parte a Ressurreição de Jesus.  A sua pregação consistia apenas em dar testemunho de Cristo Ressuscitado e com isso movimentava milhares de pessoas em Jerusalém. Herodes ficou inquieto e mandou-o prender. Mas o Anjo do Senhor levou-o até à porta da prisão que se abriu permitindo continuar a anunciar a toda a gente Cristo Ressuscitado. Esta história aparentemente simples é reveladora de que para Deus não há impossíveis. O Evangelho tinha de ser anunciado em Jerusalém e nem a prepotência dos donos do mundo podia impedir a missão de Pedro.
O Evangelho tem uma das cenas mais bonitas na afirmação da fé compromisso. Se todos os discípulos haviam dito que o Povo falava de Jesus como se fosse apenas Elias, João Baptista ou outro profeta, Pedro, movido pelo Espírito, soube afirmar que Jesus era o Filho de Deus. A resposta de Jesus está caracterizada por três afirmações: não foi a tua inteligência, Pedro, que te disse ser eu o Filho de Deus, foi o Pai que to revelou; a partir de agora, Pedro, serás pedra sobre a qual vai ser edificada a Igreja; recebe as chaves do Reino, porque tudo o que tu, Pedro, ligares na terra será ligado no céu. A este texto chama-se a “confissão de Pedro”. É de perguntar se cada cristão também faz de Cristo confissão, aceitando-O incondicionalmente na sua vida, como o Filho de Deus.
Paulo andou por todos os caminhos do mundo. Em viagens sucessivas foi fundando comunidades cristãs, até chegar a Roma. Já prisioneiro e sentindo que está perto o seu fim, Paulo faz a sua confissão: “Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé. E agora já me está preparada a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me há-de dar naquele dia” (2 Tim 4, 8). A confissão de fé de Paulo tem a força de quem se prepara para dar a vida por Jesus Cristo. Como cidadão romano, não pôde ser crucificado, mas fiel até à morte, sofreu o martírio dando a vida por Cristo. Todos os Apóstolos difundiram a fé recebida de Jesus Ressuscitado. Pedro e Paulo, porém, foram a referência de uma Igreja que desde o princípio foi una, santa, católica e apostólica.
Monsenhor Vítor Feytor Pinto (in Revista Liturgia Diária, ed. Paulus)

sexta-feira, 27 de junho de 2014

UMA SEXTA FEIRA MUITO BELA

O Coração é o símbolo da ternura de Cristo por ti, por mim e por todos


Celebra-se, hoje, a solenidade do Sagrado Coração de Jesus. O Coração, trespassado pela lança do soldado, é o símbolo do amor de Cristo por cada um de nós, é o símbolo da ternura de  Cristo por ti, por mim e por todos. Ele ama-nos com amor de pai e mãe -totalidade- como somos, pobres e frágeis. Mas é também o dia de Oração por todos os Sacerdotes. Hoje, mais do que nunca, precisam da nossa oração para serem fieis, zelosos, atentos ao Povo "com cheiro a ovelha" como aconselhou o Papa Francisco. Conto com a vossa oração.
Pároco

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Isto é que vai uma crise!...

a fé das lamparinas


Ainda no mês de Maio, numa das minhas muitas comunidades, ao entrar na Igreja deparei-me com a imagem de Nossa senhora de Fátima num trono bonito rodeado por aquelas lamparinas vermelhas que piscam e piscam até se gastar a pilha. Aquelas lamparinas que costumamos ver nos cemitérios, e que quando as vemos fora deles, não conseguimos afastar a imagem dos cemitérios. Embora as velas de chama e fumo sejam perigosas fora dos horários em que alguém está dentro da igreja e deixem marcas sobretudo nas imagens, a verdade é que não fazem tanto lembrar os mortos. Assim sendo, no final da missa perguntei-lhes o que, porventura lhes faziam lembrar aquelas lamparinas, e foram unânimes em responder que lembravam os cemitérios. Eu concordei e acrescentei que se calhar o melhor era retirá-las de ao pé do trono de Nossa Senhora. Reforço a ideia de que nem sequer usei da força, da persuasão ou dos galões para que retirassem de lá as senhoras lamparinas. Achei que daria melhor a volta à questão fazendo com que fossem eles a retirar as ilações necessárias.
Contaram-me mais tarde que duas senhoras não ficaram nada contentes. Uma delas que costumava ir todos os dias ao terço e à missa quando lá a havia, dissera zangadíssima que os padres só sabiam tirar a fé e que nunca mais tornava ao terço ou à missa. Dito e feito. Não tem aparecido. Eu chamaria a isto a fé das lamparinas ou das velinhas acesas. Mas acho que se calhar devo estar errado. Vale mais termos a nossa fé concentrada numa vela ou numa lamparina, mesmo que lembre os mortos, do que não a ter em lado algum.

domingo, 22 de junho de 2014

SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE DE CRISTO - O PÃO VIVO QUE DESCEU DO CÉU


Um dos sofrimentos maiores do mundo contemporâneo é o da fome. Como recentemente dizia o Papa Francisco, há mais de mil milhões de pessoas com falta de alimento, muitas delas mesmo morrendo á fome, enquanto há idêntico número de pessoas com obesidade pelo abuso no comer e no beber. Além disso, quanto desperdício nas refeições que se servem pelo mundo inteiro. Os alimentos que se deitam fora no primeiro mundo eram suficientes para suportar o alimento dos pobres no terceiro mundo. Apesar deste drama da fome, há um drama maior na falta de valores. SEGUINDO OS VALORES DO EVANGELHO, a justiça e a paz, as pessoas eram capazes de repartir o que tinham para que fosse possível alimentar todos os povos do mundo. A fome espiritual só pode ser contrariada com a mudança do coração. E o coração também se renova com o pão descido do céu.
A Festa do Corpo de Deus faz parte da tradição das comunidades em Portugal. Em muitas cidades a procissão do Santíssimo é organizada pelas Câmaras Municipais e é toda a população que se associa à adoração do Santíssimo quando Ele passa em cortejo pelas ruas da terra. Esta tradição revela o sentimento cristão do povo português que tem no Santíssimo Sacramento uma referência profunda. Não é por acaso que em muitos castelos da Idade Média, em Portugal, se vêem os símbolos da Eucaristia. Prestar culto ao Santíssimo Sacramento é a marca da devoção do Povo ao Pão da vida, à Eucaristia que o Senhor instituiu.
Para matar a fome ao Povo hebreu, que caminhava no deserto, o Senhor fez descer o maná. Todos ficaram saciados, mas este pão  não os libertou da morte. Todos comeram do maná e morreram. Jesus prometeu um alimento diferente, o seu Corpo e Sangue, o pão vivo descido do céu. Ao prometer a Eucaristia, no seu Corpo que dá a comer, Jesus garante três coisas: que todos os que comungarem, permanecerão unidos a Ele, viverão da sua vida para caminharem na perfeição e não morrerão jamais, com Ele ressuscitarão.
Os cristãos participam em cada domingo na Eucaristia e alimentam-se deste pão descido dos céus. Que consequências tem ele, porém, para as suas vidas? A resposta é dada pelo Vaticano II, no documento sobre Liturgia: a Eucaristia, isto é, a participação no Corpo e no Sangue de Jesus “é sinal de unidade, é vínculo de amor, é sacramento de piedade, é banquete de alegria pascal e memorial da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo” (SC 47). De facto, quem comer deste pão viverá eternamente.
Monsenhor Vítor Feytor Pinto (in Revista Liturgia Diária, ed. Paulus)

sábado, 21 de junho de 2014

ambão

A palavra latina ambo vem do grego, anabaino (subir), e designava um lugar elevado, a tribuna, com varanda e atril, próxima da nave, donde se proclamava a Palavra ao povo. A evolução para dois ambões e para o púlpito foi posterior.
Em algumas igrejas orientais, sobretudo sírias, este lugar elevado situa-se sobretudo no meio da nave, e chama-se bema.
Na actual reforma, potenciou-se de novo a importância da Palavra de Deus e a sua proclamação na assembleia. Por isso, o ambão volta a ser considerado como um dos três pólos simbólicos e de atenção na celebração, junto com o altar e a sede do presidente. «A dignidade da Palavra de Deus requer que haja na igreja um lugar adequado para a sua proclamação e para o qual, durante a liturgia da Palavra, convirja espontaneamente a atenção dos fiéis. Em princípio, este lugar deve ser um ambão estável e não uma simples estante móvel» (IGMR 309). Todavia, a introdução ao Leccionário especifica mais este respeito e sentido simbólico: «um lugar elevado, fixo, dotado de conveniente disposição e nobreza, que corresponda à dignidade da Palavra de Deus e, ao mesmo tempo, recorde com clareza aos fiéis que, na Missa, se prepara tanto a mesa da Palavra de Deus como a mesa do Corpo de Cristo» (OLM 32).
O Missal especifica que o ambão está «reservado» à proclamação da Palavra, e desaconselha que, a partir dele, se profiram outras palavras. Para as admonições, ensaios e direcção dos cânticos, para os avisos e, se possível, também, para as orações dos fiéis e até para a homilia, seria melhor que se encontrasse outro lugar menos destacado do que para a Palavra. No caso da homilia, o lugar que se recomenda é a sede do presidente, como repete a OLM e surge mais claramente no Cerimonial dos Bispos (n. 51).
--> Bema.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

VERGONHAS

Se a ideia pega vai fazer história também entre nós

Já estávamos fartos de ver picos enfiados nas janelas, nos arcos, nas imagens de pedra nos frontais e nos telhados dos monumentos por esse mundo fora. Uma ideia que não choca ninguém, dado que servem para repelir os pombos e mandá-los para outros sítios onde podem lançar os excrementos à vontade sem estragarem o que está edificado para deleite dos nossos olhos.
Porém, a mesma ideia agora surge num recando de rua em Londres onde pernoitava um sem-abrigo. A fotografia suscitou uma onda de contestação geral, o que provocou outras denúncias do mesmo género em outras cidades. Toca a colocar estes picos em metal para que esses seres estranhos que moram na rua não se deitem neste espaço. Uma ideia horrível que se for tomada a sério por muito boa gente que nos desgoverna achará um método genial para enxotar os maltrapilhos que eles lançaram na rua da amargura. Muitos estão desejando de fazer isto em todos os recantos das nossas ruas, para que sejam afastados da responsabilidade colectiva todos os filhos das varas verdes caídos no meio da rua.
É mais fácil fazer como se faz aos pombos, afastá-los para longe. Mas poderia ser melhor para a sociedade inteira atacar as razões que levam a que existam pessoas deitadas no olho da rua. O problema não se resolve com picos no chão, temos que atacar as verdadeiras razões que conduzem ao problema. Isso sim, seria o dever das autoridades, principalmente. Mas, ao invés disso consideram os sem-abrigo uma praga idêntica à praga dos pombos. Ó mundo cruel e triste sem consciência do teu valor e das pessoas que de povoam, que devem ser amadas e respeitadas com dignidade.
A humanidade não aprende que não serve de nada repelir de um lado para o outro os problemas e que mesmo que esteja escondido dos olhos um problema como este, não quer dizer que tenha deixado de existir. Será preciso pensar e atacar a fonte que permite fazer brotar tanta gente que deambula pela rua. No entanto, salvaguarde-se, que a existirem, que sejam respeitados e tolerados como pessoas. E quem se atreva a repudiar de forma discriminatória os sem-abrigo seja punido e que se lhe arranje um abrigo para ver o sol aos quadradinhos. 

Do blogue Banquete da Palavra

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Disse-se nos 500 anos da diocese do Funchal. Nos Açores não seria a mesma coisa ou pior?!

(...)
Pecados e Tentações ridículas
Ridículo e anacrónico
à margem do desprendimento do papa Francisco
4. Mas, vamos agora a alguns pecados que acusam, como não podia deixar de ser, as comemorações dos 500 anos da Diocese do Funchal. É assim a vida. Tudo tem prós e contras. Tudo tem virtudes e pecados. Temos de ser honestos e com serenidade saber olhar as coisas dessa forma.
No capítulo quarto de Mateus, Jesus desmascara as tentações satânicas de uma religião utilizada para proveito pessoal, uma religião onde se procura honras e poder entre os homens, sobretudo entre os poderosos deste mundo. Por isso, guardo com muito carinho uma frase de Santo Afonso de Ligório: «É uma grande injustiça impor às consciências normas e leis se não pudermos provar claramente que elas são queridas por Deus». Com base em São Mateus e na advertência de Santo Afonso de Ligório, podemos aplicar a mesma sabedoria aos eventos religiosos. Nada deve ser realizado se logo não soubermos que é querido por Deus, porque pode redundar em pura propaganda e isso não faz bem à evangelização nem muito menos se torna benéfico para Igreja nem muito menos para o mundo.
Está a fazer-nos impressão que há uma certa debandada da Igreja e pouco ou nada nos damos conta disso, que parece ter abrandado com o apreço geral à volta do Papa Francisco, embora isso não signifique nada que a simpatia pelo Papa se tradução em apreço pelos bispos e pelos padres em geral.
O sumo espiritual que resta em muitas expressões medievais que teimamos em manter hoje, reduz-se a uma religiosidade superficial e piegas, a intelectualidade é de uma pobreza atroz e a consciência do diálogo com a cultura e o mundo de hoje é zero. Daí que a mobilização das pessoas falha redondamente, ao lado de um arraial, de uma praia, mesmo que seja de calhau abundante como são as nossas, atraem mais do que uma celebração religiosa. É disto que se trata e é nisto que deve estar centrado o debate, a reflexão entre nós.

Sei apenas que Léon Bloy proferiu isto diante da pobreza do clero: «Como não amam ninguém, creem eles que amam a Deus». E mais ainda, «ninguém se aproxima de Deus afastando-se dos homens... E ninguém se dá reservando-se para Deus. Por que motivo nos teria Ele então oferecido o amor?» Assim sendo, como não pensar que é necessário arrepiarmos caminho e tomarmos a sério um «acto de contrição» que nos purifique a alma e nos relance no caminho da Evangelização com métodos novos para os tempos que são sempre novos. O Papa Francisco no seu texto Evangelii Gaudium (Alegria do Evangelho) apontou várias possibilidades e dá imensas sugestões.

Verba volant
5. Nos vários eventos a palavra mudança esteve sempre presente. Mas que mudança? Qual mudança? – Se por todo o lado as coisas tendem a regredir e os padres, especialmente, os mais novos apresentam-se ornamentados com vestes caríssimas caindo num ridículo confrangedor, porque anacrónico e exagerado… Mas quanto ao pensamento e doutrina o que se vai passando fica muito aquém da doutrina e linguagem do Papa Francisco, para não ir mais longe... Mas, afinal, que mudança? Com quem? Quando? – Só e apenas com padres novos que saem do seminário com uma visão retrógrada, efeminados e sem a devida formação filosófica e teológica adequada que compreenda todos os campos do saber? – Não tenho visto nada além disto que me faça comungar desta mudança.
Aí está o resultado, baixou-se a fasquia quanto à recepção nos seminários, tudo e todos os que apareçam servem para serem padres, por isso, não se admirem dos problemas que advêm a partir desta ausência de critérios. A quantos jovenzinhos se vai ouvido agora a dizerem que até gostavam de serem padres, mas para o seminário não querem ir. Nem mais, cria a fama e deita à sombra. Foi precisamente o aconteceu. E há um descrédito enorme quanto aos seminários.
6. Outras palavras que não faltaram foram comunhão e unidade. São palavras bonitas e importantes para a Igreja Católica, mas como podemos construir este bem se logo à partida o clero está todo dividido. Outros, há que são padres de primeira e outros de segunda. Outros há vaidosos que correm para os primeiros lugares e que se altivam porque a alfaia é mais colorida ou mais vistosa. Santa pobreza espiritual e de carácter. Tudo se reduz a uma hierarquia fechada que faz acepção de padres, que combina os acontecimentos apenas com alguns e os outros devem limitar-se a fazer número e a mobilizar ovelhas para preencher os espaços. Com esta comunhão e unidade estamos bem serviços e não vamos longe. Quanto à pessoas em geral nem se fala. É povo que deve rezar, bater palmas e dar ofertas.
(...)
Do blogue Banquete da Palavra

quarta-feira, 18 de junho de 2014

OS SANTOS POPULARES

1. Na história da Igreja, houve sempre muitos cristãos que foram reconhecidos como pessoas extraordinárias na maneira como seguiram Jesus Cristo e configuraram as suas vidas com os valores do Evangelho. É a estes que se chamam santos. Pela canonização, a Igreja tornou-os referência para quantos quiserem seguir o mesmo caminho da fidelidade ao Evangelho. Ao ler-se os Actos dos Apóstolos, encontra-se uma atitude de grande significado. No dia do Pentecostes, os judeus reunidos para ouvir Pedro, e perante a certeza da Ressurreição de Jesus, perguntaram o que era preciso fazer. E Pedro, entre outras coisas, disse-lhes ser necessário, para tornar-se cristão, reconhecer o testemunho de quantos nos precedem na fé (Act.2-32). Ao longo dos séculos, há muitos que nos precederam na fé. É por isso que os lembramos e aceitamos imitar as suas virtudes. São os santos.
. Os santos onomásticos são os que têm o nosso nome e, conhecendo-os, nos propõem valores que é possível enquadrar na nossa vida. Todos gostamos de saber quem é o santo do nosso nome e o que significa a sua vida de compromisso cristão.
. Os santos padroeiros são os protectores das cidades, das nações, dos continentes: a Rainha Santa Isabel padroeira de Coimbra; Santo António padroeiro de Lisboa; São Bento padroeiro da Europa.
. Os santos patronos das profissões apoiam os homens nas suas actividades: São José dos carpinteiros, Santa Apolónia dos dentistas, Santa Zita das empregadas domésticas, São João de Deus de professores de saúde, São Cristóvão dos automobilistas.
. Os santos das causas mais difíceis estão sempre presentes nos tempos de crise: Santa Bárbara protectora nas trovoadas, São Judas Tadeu nas crises económicas, Santa Rita de Cássia nas causas perdidas, São Tomás de Vilanova para recuperar coisas deixadas deixadas em qualquer lugar.
. Os santos de grande devoção a quem se associa a vida: São Francisco de Assis, Santa Clara, Santa Teresinha do Menino Jesus, o Santo Cura d’Ars, Santo Padre Pio e, agora, São João XXIII e São João Paulo II.
Todos estes santos constituem uma referência, pelo testemunho da fé e da caridade que nos deixaram através da sua vida. Por isso, consagra-se às vezes todo um povo a um santo que marcou a vida dessa comunidade. Em Portugal, temos o caso de Nossa Senhora da Conceição, que foi coroada Rainha de Portugal por D. João IV. Desde essa consagração em 1646, nunca mais os reis de Portugal usaram a coroa. A Rainha passou a ser Nossa Senhora da Conceição, com o trono em Vila Viçosa.
2. Em Portugal, vulgarizaram-se também as festas dos Santos Populares. Foi a festa de Santo António, em Lisboa, a festa de São João (Baptista) no Porto e em Braga e as festas de São Pedro em várias outras cidades. Perguntar-se-á como nasceram estas festas, agora marcadas por muitas feiras e arraiais, não faltando até as marchas populares que dão enorme colorido às cidades. As festas joaninas ou festas dos Santos Populares são celebrações católicas que acontecem em muitos países da Europa. Estão historicamente relacionadas com a festa pagã do solstício de Verão (no hemisfério norte) e do Inverno (no hemisfério sul), que é celebrada em 24 de Junho segundo o calendário Juliano (pré-Gregoriano). Tal festa tem origem na Idade Média e foi chamada (joanina) por coincidir com o dia de São João Baptista. Celebram-se, na tradição portuguesa, dois outros santos, Santo António a 13 de Junho e São Pedro a 29 de Junho. Em Portugal são as festas dos Santos Populares que dão início às festas de Verão, que se celebram por todo o País. É de notar que, na tradição dos povos, havia nações vizinhas. Com umas havia tensões violentas e até se entrava em guerra. Com outras havia amizade e, por isso, celebravam-se casamentos e organizavam-se feiras e romarias. Em Portugal, havia tensão com os reinos de Espanha e amizade com os territórios do norte e do sul do País. Os Santos Populares foram um pretexto para criar relações de amizade entre as populações. A festa dos santos passou a não ser apenas religiosa e multiplicaram-se as romarias, as feiras e as marchas populares. Mas quem são estes santos?
. São João Baptista foi o precursor de Jesus Cristo e, com ele, vêm boas notícias para os povos. Anuncia Jesus que tira os pecados do mundo, que traz a Boa Nova aos pobres, que liberta os oprimidos e conforta os que sofrem.
. Santo António foi um jovem muito conhecido nos bairros de Lisboa e que decidiu entrar para o Mosteiro de São Vicente de Fora, diz-se, para fugir à “perseguição” das raparigas. Dedicou-se exclusivamente a anunciar Jesus. Tornou-se um santo casamenteiro, na tradição lisboeta.
. São Pedro representa a afirmação do amor à Igreja, da qual, na Idade Média, tudo dependia. É um sinal de fidelidade à Santa Igreja.
À primeira vista, parece que se vem perdendo a dimensão espiritual dos Santos Populares, mas não é bem assim. Recorde-se “o pão de Santo António” que, na Igreja de Santo António, em Lisboa, tem uma extraordinária dimensão de solidariedade. Repare-se também nos casamentos de Santo António, em que tantos casais de poucos recursos têm oportunidade de celebrar com alegria o sacramento do matrimónio na Sé de Lisboa. Os pequenos arraiais são precedidos quase sempre de grandes celebrações eucarísticas, com procissões de rara beleza. Os Santos Populares são também símbolos da tradição religiosa do povo português.

terça-feira, 17 de junho de 2014

A "primeira grande entrevista televisiva" do Papa Francisco na SIC




Texto de apresentação da SIC:
"A primeira grande entrevista televisiva concedida pelo Papa Francisco é um exclusivo SIC. Durante mais de uma hora o correspondente da SIC, Henrique Cymerman, conversou com o papa sobre os problemas da Igreja e do Mundo e também sobre o Mundial de futebol. O chefe da Igreja católica revela e agradece a intervenção do correspondente da SIC na inédita oração que juntou os líderes israelitas e palestianos no vaticano. Foi uma entrevista descontraída e bem humorada em que o Papa mostra a forma de estar diferente que tem assumido dentro da tradicional Igreja Católica".


Para ver a entrevista, clicar: AQUI.
Para ver um comentário à entrevista, com Bento Domingues e Joaquim Franco: AQUI.
Ler a transcrição da entrevista no Osservatore Romano: AQUI.
(Crédito da imagem: retirada do vídeo, no momento em que o Papa Francisco respondia sobre os motivos pelos quais não teme viajar num papamóvel aberto, arriscando a vida).

domingo, 15 de junho de 2014

DOMINGO DA SANTÍSSIMA TRINDADE - ADORAR O DEUS UNO E TRINO


O Catecismo de S. Pio X dizia que os cristãos adoram um só Deus em três Pessoas iguais e distintas Pai, Filho e Espírito Santo. O novo catecismo de João Paulo II, confirma que em Deus há uma única natureza em três pessoas. Durante muito tempo dizia-se que o Pai era o Criador, o Filho o Redentor e o Espírito Santo o Santificador. Ao reler-se, porém, a Palavra de Deus compreende-se que a criação depende das três Pessoas: o Pai revelado como Criador desde o primeiro capítulo do Génesis, o Filho que como diz S. João no prólogo do seu Evangelho “tudo foi feito por Ele e para Ele”, e o Espírito Santo que desde o princípio pairava sobre as águas, como diz o primeiro livro da Bíblia. Por outro lado, também a Redenção é operada por um Deus Uno e Trino: o Pai que por amor envia o seu Filho ao mundo para que o mundo seja salvo, o Filho que encarnou e se fez homem, morreu e ressuscitou para nos salvar, o Espírito Santo Paráclito que continuará a missão redentora de Cristo até ao fim dos tempos, como disse Jesus “Ele vos ensinará toda a verdade”. Também a acção santificadora é realizada pelas três pessoas da Trindade, bastando referir o que Jesus diz no Evangelho de João “se alguém me tem amor, meu Pai o amará, viremos a ele e faremos nele morada” (Jo 14, 23). É o Pai e o Filho que nos santificam pela força do Espírito que habita em nós e fica em nós para sempre. Paulo pode dizer “não sabeis que sois templo do Espírito Santo que habita em nós?” É a Trindade que intrvem na criação, na redenção e na santificação de todos os homens.
As leituras da Festa da Santíssima Trindade falam-nos de Moisés que adorou Deus no alto do monte, do Filho de Deus que é enviado pelo Pai ao mundo para que o mundo seja salvo e do Espírito Santo que é fonte de amor e de unidade na comunidade dos crentes.
Moisés quis encontrar-se com o Senhor, um Deus clemente e compassivo, cheio de bondade. Falou a Deus do Povo que era rebelde, mas o Senhor, como verdadeiro Pai encontrou sempre motivos para perdoar. para um Pai que ama mantém-se sempre a esperança na conversão de um filho que erra. Isto aconteceu desde o princípio do Povo de Deus.
O Filho de Deus feito homem chamou-se Jesus, “aquele que vem para salvar”, e Jesus Cristo “aniquilou-se a si próprio, feito obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso Deus o exaltou e lhe deu umj nome que está acoima de todo o nome” (Filp 2, 8).
Pela força do Espírito, todos os que aceitam a Pessoa de Jesus Cristo são convidados a amar-se mantendo os mesmos sentimentos, vivendo em paz e animando-se uns aos outros, trabalhando pela própria perfeição e mantendo a alegria (cf. 2 Cor 13, 11). O amor é a marca que o Espírito Santo deixa em cada um dos cristãos para serem fieis ao evangelho e realizarem em si o designio de Deus.
A ideia de um Deus Uno e Trino é anterior ao Cristianismo. Já Abraão recebera a visita de três jovens que lhe prometeram uma Aliança para sempre (cf Gen 18). Por outro lado, no Baptismo de Jesus, o Espírito Santo desceu sobre ele e ouviu-se uma voz que dizia, este é o meu Filho muito amado. O mistério da Santíssima Trindade revela-nos a maravilha de um Deus que nos criou, que nos redime e que nos acompanha sempre.
Monsenhor Vítor Feytor Pinto (in Revista Liturgia Diária, ed. Paulus)

sábado, 14 de junho de 2014

Como será recordado?

Papa Francisco abre porta a renúncia e sublinha que «pobreza e humildade estão no centro do Evangelho»

O papa Francisco concedeu uma entrevista de mais de uma hora ao jornalista português Henrique Cymerman, que vai ser transmitida esta sexta-feira na SIC ("Jornal da Noite"), seguida de debate na SIC Notícias.
A conversa, que decorreu na segunda-feira, no Vaticano, é publicada hoje no jornal "La Vanguardia", de sediado em Barcelona, de que Cymerman é correspondente, bem como em sites italianos.
Apresentamos excertos da entrevista, em que o papa diz ao jornalista português que a ele se deve «boa parte» da realização da oração pela paz que no domingo reuniu no Vaticano o papa Francisco, os presidentes de Israel e da Palestina e o patriarca ecuménico Bartolomeu.
A perseguição aos cristãos, os fundamentalismos, a segurança pessoal, a pobreza e humildade, o dinheiro e a guerra, o judaísmo, a relação com as Igrejas ortodoxas, a relação entre fé, ciência e ateísmo, o pontificado de Pio XII e uma eventual renúncia são alguns dos temas da entrevista.
O trabalho de síntese, extraído do site "Vatican Insider", é assinado pelo jornalista Andrea Tornielli.

Cristãos perseguidos
«Os cristãos perseguidos são uma preocupação que me toca de perto como pastor. Sei muitas coisas sobre estas perseguições que não me parece prudente contar aqui, para não ofender ninguém. Mas há lugares nos quais é proibido ter uma Bíblia ou ensinar o catecismo ou andar com uma cruz. O que quero tornar mais claro é isto: estou convencido de que a perseguição contra os cristãos é hoje mais forte do que nos primeiros séculos da Igreja. Hoje há mais cristãos mártires do que naquele tempo. E não é fantasia, são os números.»

Fundamentalistas
«[A violência em nome de Deus] é uma contradição. Não corresponde ao nosso tempo, é algo de antigo. À luz da perspetiva histórica devemos dizer que nós, cristãos, por vezes, praticámo-la. Quando penso na Guerra dos Trinta Anos, era violência em nome de Deus. Hoje é inimaginável, certo? Por vezes chegamos, através da religião, a contradições muito sérias e muito graves. O fundamentalismo, por exemplo. Nas três religiões [monoteístas] temos os nossos grupos fundamentalistas, pequenos em relação a todo o resto. Um grupo fundamentalista, mesmo se não mata ninguém, mesmo se não atinge ninguém, é violento. A estrutura mental do fundamentalismo é violência em nome de Deus.»

Revolução
Para mim, a grande revolução é ir às raízes, reconhecê-las e ver o que elas têm a dizer ao dia de hoje. Não há contradição entre ser revolucionário e voltar às raízes. Mais ainda, creio que o modo de fazer verdadeiras mudanças é partir da identidade. Nunca se pode dar um passo na vida se não a partir do que o precede, sem saber de onde venho, que nome tenho, que nome cultural ou religioso tenho.»

Segurança pessoal
«Sei que me pode acontecer alguma coisa, mas está tudo nas mãos de Deus. Recordo que no Brasil me prepararam um papamóvel fechado, com vidro, mas eu não posso saudar um povo e dizer-lhe que o amo dentro de uma lata de sardinhas, mesmo que seja de cristal. Para mim isso é um muro. É verdade que me pode acontecer alguma coisa, mas sejamos realistas: na minha idade não tenho muito a perder.»

Igreja pobre e humilde
«A pobreza e a humildade estão no centro do Evangelho, e digo-o num sentido teológico, não sociológico. Não se pode entender o Evangelho sem a pobreza, que no entanto é diferente do pauperismo. Acredito que Jesus queira que os bispos não sejam príncipes, mas servidores.»

Idolatria do dinheiro e guerra
«Está provado que com a comida que sobra poderíamos dar de comer a quem têm fome. Quando vê a fotografia de crianças desnutridas em diversas partes do mundo, mete as mãos entre a cabeça, não se percebe. Creio que vivemos num sistema mundial que não é bom, No centro de todo o sistema económico deve estar o homem, o homem e a mulher, e tudo o mais deve estar ao serviço do homem. Mas nós pusemos o dinheiro no centro, o deus dinheiro. Caímos num pecado de idolatria, a idolatria do dinheiro.
A economia move-se pelo afã de ter mais e, paradoxalmente, alimenta-se uma cultura do descartável. Descartam-se os jovens quando se limita a natalidade. Descartam-se também os idosos porque deixaram de servir, não produzem, são uma classe passiva... E descartando os jovens e os idosos, descarta-se o futuro de um povo porque os jovens impulsionam fortemente para a frente e porque os idosos nos dão a sabedoria, têm a memória desse povo e devem transmiti-la aos jovens.
E agora também está na moda descartar os jovens com o desemprego. Preocupa-me muito o índice de desemprego dos jovens, que em alguns países ultrapassa os 50 por cento. Alguém me disse que 75 milhões de jovens europeus com menos de 25 anos estão sem trabalho. É uma barbárie. Nós descartamos toda uma geração para manter um sistema económico que já não se aguenta, um sistema que para sobreviver deve fazer a guerra, como sempre fizeram os grandes impérios. Mas como não se pode fazer a terceira guerra mundial, fazem-se guerras regionais. O que é que significa isto? Significa que se fabricam e vendem armas, e assim as contas das economias idólatras, as grandes economias mundiais que sacrificam o homem aos pés do ídolo do dinheiro, obviamente que se recuperam.
Este pensamento único tira-nos a riqueza da diversidade de pensamento e, portanto, de um diálogo entre as pessoas. A globalização bem entendida é uma riqueza. Uma globalização mal entendida é aquela que anula as diferenças. É como uma esfera, com todos os pontos equidistantes do centro. Uma globalização que enriquece é como um poliedro, todos unidos para cada um conserva a sua particularidade, a sua riqueza, a sua identidade. E isto não acontece.»

Divisões entre Catalunha e Espanha
«Todas as divisões me preocupam. Há a independência por emancipação e há a independência por secessão. As independências por emancipação, por exemplo, são as americanas, que se emanciparam dos estados europeus.
As independências dos povos por secessão são um desmembramento por vezes muito óbvio. Pensemos na antiga Jugoslávia. Obviamente, há povos com culturas tão díspares que nem com cola se podem unir. O caso jugoslavo é muito claro, mas eu pergunto-me se é assim tão claro para outros casos, para outros povos que até agora têm estado unidos. É preciso estudar caso a caso. A Escócia, a Padânia, a Catalunha. Haverá casos em que serão justas, outras em que não serão. Mas é preciso que a secessão de uma nação sem que tenha havido um antecedente de união forçada seja considerada com pinças e analisada caso a caso.»

A oração pela paz no último domingo
«Sabe que não foi fácil, porque estava a par disso e a si se deve grande parte do êxito. Sentia que era algo que nos escapava a todos. Aqui, no Vaticano, 99 por cento das pessoas dizia que não se iria concretizar, e depois aquele 1 por centro foi crescendo. Sentia que estávamos a ser impelidos para uma coisa que não nos tinha ocorrido e que, aos poucos, foi tomando corpo. Não era, de todo, um ato político - e isso eu percebi-o desde logo -, mas um ato religioso: abrir uma janela ao mundo.»

Viagem à Terra Santa
«Decidi ir porque o presidente Peres [de Israel] me convidou. Eu sabia que o seu mandato terminava esta primavera, e assim vi-me, de alguma forma, obrigado a ir antes. O seu convite precipitou a viagem, não tinha pensado fazê-la.»

Judeus e cristãos
«Não se pode viver o seu cristianismo, não se pode ser um verdadeiro cristão se não se reconhece a sua raiz judaica. Não falo de judaísmo no sentido semita de raça, mas em sentido religioso. Creio que o diálogo inter-religioso deve aprofundar isto, as raízes judaicas do cristianismo e o florescer cristão do judaísmo. Percebo que é um desafio, uma batata quente, mas pode fazer-se como irmãos. Eu rezo todos os dias o Ofício Divino [Liturgia das Horas] com os salmos de David. A minha oração é judaica, e depois tenho a Eucaristia, que é cristã.»

Antissemitismo

«Não saberei explicar porque acontece, mas creio que está muito unido, em geral, e sem que haja uma regra fixa, à direita. O antissemitismo aninha-se solidamente melhor nas correntes políticas de direita do que de esquerda, não é? E ainda continua. Inclusive, temos quem negue o Holocausto, uma loucura.»

Arquivos do Vaticano e Pio XII
«[A abertura dos arquivos] trará muita luz. Sobre este assunto o que me preocupa é a figura do papa Pio XII, o papa que liderou a Igreja durante a Segunda Guerra Mundial. Há que recordar que antes ele era visto como o grande defensor dos judeus. Escondeu muitos nos conventos de Roma e de outras cidades italianas, e também na residência de verão de Castel Gandolfo. Aí, no quarto do papa, na sua própria cama, nasceram 42 bebés, filhos de judeus e de outros perseguidos lá refugiados.
Não quero dizer que Pio XII não tenha cometido erros - também eu cometo muitos -, mas o seu papel deve ser lido no contexto daquele tempo. Teria sido melhor, por exemplo, que não falasse, para que não fossem mortos mais judeus, ou que o fizesse?
Quero também dizer que por vezes fico com alguma urticária existencial quando vejo que todos atacam a Igreja e Pio XII, esquecendo-se as grandes potências. Sabe que conheciam perfeitamente a rede ferroviária dos nazis para transportar os judeus aos campos de concentração? Tinham as fotografias. Mas não bombardearam estas linhas ferroviárias. Porquê? Seria bom falar de tudo um pouco.»

Pároco ou chefe da Igreja?
«A dimensão do pároco é a que mais mostra a minha vocação. Servir as pessoas sai-me de dentro. Apago as luzes para não gastar demasiado dinheiro, por exemplo. São coisas de pároco. Mas sinto-me também papa. Ajuda-me a fazer as coisas com seriedade. Os meus colaboradores são muito sérios e profissionais. Tenho as ajudas necessárias para cumprir o meu dever. Não se deve jogar ao papa pároco; seria imaturo. Quando chega um chefe de Estado, tenho de recebê-lo com a dignidade e o protocolo que merece. É verdade que tenho os meus problemas com o protocolo, mas é preciso respeitá-lo.»

Mudanças e projetos
«Não sou nenhum iluminado. Não tenho nenhum projeto pessoal, simplemente porque nunca pensei que ficaria aqui, no Vaticano. Todos o sabem. Cheguei com uma pequena mala para voltar logo para Buenos Aires. O que estou a fazer é cumprir o que os cardeais refletiram nas congregações gerais, isto é, nas reuniões que antes do conclave tínhamos todos os dias para discutir os problemas da Igreja. De lá saem reflexões e recomendações.
Uma muito concreta foi de que o futuro papa deveria poder contar com um conselho externo, ou seja, um grupo de conselheiros que não vivesse no Vaticano. O conselho dos oito cardeais é composto por membros de todos os continentes e tem um coordenador. Reúne-se aqui a cada três meses. Agora, a 1 de julho, teremos quatro dias de reuniões, e vamos fazendo as mudanças que os próprios cardeais nos pediram. Não é obrigatório que o façamos, mas seria pouco prudente não escutar aqueles que conhecem as situações.»

A relação com os ortodoxos
«A ida a Jerusalém do meu irmão Bartolomeu I foi para comemorar o encontro de há 50 anos entre Paulo VI e Atenágoras. Foi um encontro após mil anos de separação. A partir do Concílio Vaticano II a Igreja católica fez esforços para se aproximar, e o mesmo da parte da Igreja ortodoxa. Com algumas Igrejas ortodoxas há mais proximidade do que com outras. Desejei que Bartolomeu estivesse comigo em Jerusalém, e lá nasceu o projeto para que estivesse presente também na oração no Vaticano. Para ele foi um passo arriscado, porque lho podiam atirar à cara, mas havia que abraçar este gesto de humildade, e para nós é necessário porque é inconcebível que estejamos divididos como cristãos, é um pecado histórico que temos de reparar.»

Fé, ciência, ateísmo
«Houve um aumento no ateísmo no período mais existencial, talvez por influência de Sartre. Mas depois deu-se um passo à frente, em direção à procura espiritual, o encontro com Deus de mil maneiras diferentes, e não necessariamente ligadas às formas religiosas tradicionais.
O confronto entre ciência e fé atingiu o auge no Iluminismo, mas hoje não está tão na moda, graças a Deus, porque todos nos demos conta da proximidade que existe entre uma coisa e outra. O papa Bento XVI tem um bom magistério sobre a relação entre ciência e fé. Em geral, a maior parte dos cientistas são muitos respeitosos da fé e o cientista agnóstico ou ateu diz: "Não ouso entrar nesse campo".»

Os chefes de estado e a política
«Vêm muitos chefes de estado e é interessante a variedade. Cada um tem a sua personalidade. Chamou a minha atenção um elemento transversal entre os políticos jovens, sejam do centro, de esquerda ou de direita. Talvez falem dos mesmos problemas, mas com uma nova música, e agrada-me, dá-me esperança porque a política é uma das mais altas formas de amor, de caridade. Porquê? Porque conduz ao bem comum, e uma pessoa que, podendo fazê-lo, não entra na política para servir o bem comum, é egoísmo. Quem usa a política para o bem próprio, é corrupção. Há cerca de 15 anos os bispos franceses escrevera, uma carta pastoral, uma reflexão com o título "Réhabiliter la polique" ("Reabilitar a política"). É um belo texto, faz compreender todas estas coisas.»

Renúncia de Bento XVI
«O papa Bento realizou um gesto muito grande. Abriu uma porta, criou uma instituição, a dos eventuais papas eméritos. Há 70 anos não havia bispos eméritos. Hoje, quantos há? Bom, como vivemos mais tempo, chegamos a uma idade em que não podemos andar para a frente com as coisas. Eu farei o mesmo que ele, pedirei ao Senhor que me ilumine quando chegar o momento e me diga o que devo fazer. Ele certamente mo dirá.»

Retiro para repouso
[Tem um espaço reservado numa casa de retiros em Buenos Aires (diz jornalista)]. Eu teria deixado o arcebispado no fim do ano passado e havia já apresentado a renúncia ao papa Bento XVI quando atingi os 75 anos. Escolhi um quarto e disse: quero vir viver aqui. Trabalharei como padre, ajudando nas paróquias. Esse ia ser o meu futuro antes de ser papa.»

Campeonato mundial de futebol
«Os brasileiros pediram-me neutralidade (ri-se) e cumpro a minha palavra porque Brasil e Argentina foram sempre antagonistas.»

Como gostaria de ser recordado
«Não pensei nisso, mas agrada-me quando alguém recorda outra pessoa e diz: "Era um bom homem, fez o que podia, não foi assim tão mau". Com isso me conformo.»
Fonte: aqui

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Apetece-me... (cala-te boca!)

O peitinho da menina

A menina que ia baptizar estava toda vestidinha de branco com aqueles vestidos maiores que as crianças, cheios de folhos e muito justos no pescoço. Os pais e os padrinhos estavam de fato sem gravata. A ocasião merecia vestimentas à altura que é como quem diz roupas de cerimónia. Eu já me vesti assim em ocasiões como esta. Ali estavam diante de mim e de toda a comunidade, quando chegou aquele momento em que é necessário descobrir o peito da criança para ali ser ungida. Ora, sendo um vestido justo no pescoço, ou se desaperta um ou dois botões, caso os tenha, seja na frente ou atrás, ou então há que levantar os folhos do tecido e encontrar um pedaço de peito para ungir. Muitas vezes arma-se tamanha confusão que nem queiram saber. Eu costumo pedir calma e suficiente serenidade para que o momento seja ajustado ao rito. Mais, costumo ir dando indicações aos pais sobre o que vem a seguir, para que estejam concentrados no sacramento e menos no que fazer durante o sacramento. Faço sinais com os olhos. Sim, às vezes também os pisco. Murmuro palavras e indicações. Aponto discretamente. E assim fiz no baptizado da menina para que lhe descobrissem ou destapassem o peitinho. Falei duas ou três vezes Peitinho. Não me entenderam, e o pai olhava para mim a perguntar. Apontei ao peito da criança. Nada. Apontei para o meu peito e disse: agora é aquele momento do peito. E até que enfim o pai me entendeu. Assim sendo, entregou a criança à mãe, colocou as duas mãos no primeiro botão da sua camisa sem gravata e toca de desapertar uns botões. O padre teve de intervir, não fosse o homem desapertar a camisa toda. Depois clarificou que era o peito da criança que tinha de ser descoberto. E depois nem o padre nem as gargalhadas resistiram mais. Além desse desfecho burlesco, este padre que aqui está a escrever aprendeu uma grande lição. Que tinha de ser mais claro, não fosse algum dia alguma mãe lembrar-se de fazer o mesmo.

Do blogue Confessionário de um Padre

terça-feira, 10 de junho de 2014

PEREGRINAÇÃO NACIONAL DE CRIANÇAS A FÁTIMA (Sem comunicação social; Missa de duas horas; etc.)


Os pequenos portaram-se bem, participaram e divertiram-se. Para alguns deles, foi a primeira vez que visitaram Fátima ou que passaram uma noite fora da família.
Gostaram da apresentação realizada na Igreja da Santíssima Trindade, da experiência de se sentirem “membros de uma Igreja que vai além das suas paróquias, dioceses ou mesmo países”, de realizar compras, de visitar as casas dos pastorinhos.
A parte mais crítica - e já não é de agora - é a Eucaristia. Duas horas!!! O que devia ser o coração da festa torna-se uma "seca" para eles.
Homilia não mobilizadora, símbolos imperceptíveis, ensaios que persistem mesmo perante o maior alheamento das crianças, proliferação de intervenções, etc.
Onde esteve a comunicação social? Ali estiveram milhares e milhares de crianças, numa das maiores peregrinações a Fátima.
No dia de Portugal, a comunicação social passou ao lado destes portugueses que celebraram a alegria da sua fé. 
Ah! Se fosse um escândalo, a comunicação social caía como abutres! 
No fundo, quem merece tudo são as crianças. Parabéns, pequenos!

domingo, 8 de junho de 2014

Conclusão do Tempo Pascal

DOMINGO DE PENTECOSTES – MOVIDOS PELO ESPÍRITO

Ao celebrar o Pentecostes é fácil compreender que o Espírito Santo foi dado aos Apóstolos pelo Senhor, no dia da Ressurreição. Jesus, ao cair da noite, visitou os discípulos que estavam no Cenáculo, desejou-lhes a paz e depois, disse-lhes recebei o Espírito Santo, àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos. No discurso da Ceia, Jesus tinha-lhes prometido o Paráclito, o Consolador. Cumpriu a promessa logo depois da Ressurreição. É certo que o Pentecostes se celebra 50 dias depois do envio do Espírito sobre os Apóstolos, mas o dia de Pentecostes foi o dia da manifestação do Espírito. Muitos foram os sinais que agitaram toda a Jerusalém, o vento impetuoso, as línguas de fogo e, até, a coragem dos Apóstolos durante muito tempo cheios de medo. Perante o ruído na cidade vieram milhares escutar Pedro. Todos ficaram maravilhados porque ouviram na sua própria língua contar as maravilhas de Deus. No dia da ressurreição, Jesus deu aos Apóstolos o Espírito Santo; no dia de Pentecostes, o Espírito Santo manifestou-se a toda a Jerusalém, a todo o mundo.
O Espírito Santo é fonte de uma vida completamente nova. Com os seus 7 dons ilumina-se a inteligência, a vontade e a sensibilidade do homem. Sabedoria, inteligência e ciência permitem ao homem entender todas as coisas com o sentido de Deus. O entendimento e a fortaleza tornam fáceis o discernimento e sobretudo, as decisões mais complicadas. O amor e o temor de Deus convidam a uma atitude constante de adoração e acção de graças ao Senhor de quem tudo provém. Com a força do Espírito a vida do cristão está em renovação permanente.
O Espírito Santo é a garantia do perdão. Como diz S. Paulo na Carta aos Gálatas, é preciso viver a liberdade do Espírito, vencendo completamente a liberdade dos instintos. Se esta cria situações de rixas, brigas, discórdias e contendas, aquela, a liberdade do espírito gera o amor, a alegria, a paz, o domínio de si próprio (cf. Gal 5, 19-22?). o Senhor, no dia da Ressurreição, fora muito claro ao dar aos Apóstolos, com o Espírito Santo, o poder de perdoar os pecados. É este poder que se tem vivido ao longo dos séculos com o sacramento da reconciliação. Só o Espírito Santo é garantia de perdão.
O Espírito Santo é também o fundamento da unidade. Se o Espírito Santo é na Trindade o amor entre o Pai e o Filho, não pode haver unidade verdadeira sem a força do Espírito. Que todos sejam um, como tu ó Pai és um em mim e eu um em ti” (cf. Jo 17, 20?). esta dinâmica da relação até à unidade, em Deus e na Igreja, só é possível com a força do Espírito Santo. Há diversidade de dons, há diversidade de funções, há diversidade de carismas, mas é um só o Espírito que está em nós e nos projecta para a unidade total.  Sem o Espírito Santo não é possível acreditar, nem esperar, nem mesmo amar.
Monsenhor Vítor Feytor Pinto (in Revista Liturgia Diária, ed. Paulus)

sábado, 7 de junho de 2014

Tanta tolice e aberração litúrgica com este símbolo...! Do tamanho exíguo de velinhas de altar; de colunas de plástico; o pedestal do mesmo tamanho de outros na liturgia eucarística; fica durante todo o ano litúrgico no presbitério; nunca é colocado junto do féretro nas exéquias; não se usa na profissão de fé dos crismandos; etc. (Ó sabichões de meia-tigela!)

Círio Pascal


A palavra círio vem do latim, cereus, de cera (produto das abelhas). Na Liturgia cristã, ao falar-se das «velas», alude-se ao uso humano e ao sentido simbólico que os círios produzem.
O círio mais importante é o que se acende na Vigília Pascal, como símbolo de Cristo-Luz, e que se coloca sobre uma coluna elegante ou candelabro adornado.
O Círio Pascal é, desde os primeiros séculos, um dos símbolos mais expressivos da Vigília. No meio da escuridão (toda a celebração se faz de noite e começa com as luzes apagadas), de uma fogueira previamente preparada acende-se o Círio, que tem uma inscrição em forma de cruz, acompanhada da data do ano e das letras Alfa e Ómega – a primeira e a última do alfabeto grego –, para indicar que a Páscoa de Cristo, princípio e fim do tem¬po e da eternidade, nos atinge com força sempre nova, no ano concreto em que vivemos. Tem menor importância a pi¬nha de incenso que também se pode in¬crustar na cera, simbolizando as cinco chagas de Cristo na cruz. Este Círio, «pela verdade do sinal, deve ser de cera, novo cada ano, único, relativamente grande, nunca artificial, para poder evocar que Cristo é a luz do mundo» (CFP 82: EDREL 3192).
Na procissão de entrada da Vigília, canta-se por três vezes a aclamação ao Círio: «A luz de Cristo. Graças a Deus», enquanto, progressivamente, se vão acendendo as velas dos presentes e as luzes da igreja. Depois, coloca-se o Círio na coluna ou candelabro, que vai ser o seu suporte, e proclama-se à sua volta, depois de o incensar, o solene Precónio Pascal.
Além do simbolismo da luz, tem também a de oferenda, como cera que se gasta em honra de Deus, espalhando a sua luz: «Aceitai, Pai santo, este sacrifício vespertino de louvor, que, na solene oblação deste círio, pelas mãos dos seus ministros Vos apresenta a santa Igreja. Agora conhecemos o sinal glorioso desta coluna de cera, que uma chama de fogo acende em honra de Deus […] Nós Vos pedimos, Senhor, que este círio, consagrado ao vosso nome, arda incessantemente para dissipar as trevas da noite.»
O mesmo que vão anunciando as leituras, orações e cânticos, di-lo o Círio com a linguagem diáfana da sua chama viva. A Igreja, a esposa, sai ao encontro de Cristo, o Esposo, com a lâmpada acesa na mão, gozando com Ele na noite vitoriosa em que se anunciará – no momento culminante do ¬Evangelho – a grande notícia da sua Ressurreição.
O Círio estará aceso em todas as celebrações, durante as sete semanas da Cinquentena, ao lado do ambão da Palavra, até à tarde do domingo de Pentecostes. Uma vez concluído o Tempo Pascal, convém que o Círio se conserve dignamente no baptistério,
e não no presbitério (cf. CFP 99: EDREL 3209).
Durante a celebração do Baptismo deve estar aceso, para tomar dele a luz das velas dos novos baptizados. Também se acende o Círio Pascal, junto ao féretro, nas exéquias cristãs, para indicar que a morte do cristão é a sua própria Páscoa. Assim, utiliza-se o simbolismo deste Círio, no Baptismo e nas exéquias, no princípio e na conclusão da vida: o cristão participa da luz de Cristo, ao longo de todo o seu caminho terreno, como garantia da sua definitiva incorporação na Luz da vida eterna.

--> Candela-candelabro. Exsultet. Luz. Vigília Pascal.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

RESCALDO DO QUE SE VIVE E VIVEU

1. Está a terminar o ano pastoral. A comunidade cristã que, ao longo dos meses, fez um caminho de aprofundamento da fé, tem agora momentos fortes em que celebra, em festa, alguns sacramentos. É o caso da Primeira Comunhão, com os meninos que concluíram o 3º ano de catequese. Estes fazem a sua Primeira Comunhão, isto é, pela primeira vez participam plenamente na Eucaristia, recebendo o Corpo de Jesus.
A festa da Primeira Comunhão, envolvendo muitas dezenas de crianças, traz à igreja muitas pessoas que, por razões várias, não frequentam habitualmente a comunidade cristã. Esta cerimónia, de grande riqueza espiritual, traz consigo inúmeras lições.
. É momento único, na vida dos pequeninos. Com 8 ou 9 anos comungam pela primeira vez. De mãos postas, de olhos semicerrados, em recolhimento profundo, escutam o anúncio feito pelo sacerdote: “Corpo de Cristo”. Respondem com um “Ámen” cheio de convicção e recebem, depois, o Corpo do Senhor.
. Os pais e muitos outros familiares participam na celebração e, assim, afirmam a “comunhão fraterna”, o amor entre todos, com o perdão recíproco se necessário, com a reconciliação plena e a alegria que estas trazem consigo.
. Alguns andavam longe destas coisas da fé cristã. Descobrem então o sentido do reencontro com Deus, da importância que a religião pode ter, da oportunidade de uma aproximação aos valores do Evangelho, propondo-se mesmo o aprofundamento da fé, em reiniciação cristã.
. Muitos ficam tocados com a beleza da Eucaristia celebrada, reconhecem a importância da Missa Dominical e propõem-se voltar a uma prática religiosa que, há muito, tinham abandonado.
A Primeira Comunhão de uma criança não é uma festa social. É o primeiro encontro do cristão com a Eucaristia, com a participação total no mistério da Ressurreição de Jesus, no grande banquete de amor que Ele nos deixou em sua memória.
2. A comunhão é o momento da maior intimidade na celebração da Missa. Quando a assembleia se une para repetir o que Jesus fez na Última Ceia, começa-se com o rito penitencial, súplica de perdão. Depois escuta-se a Palavra, sabendo que é pela Palavra que cada um se converte. Com o ofertório e a consagração, entrega-se o pão e o vinho que se convertem no Corpo e Sangue do Senhor. Logo depois, vivem-se os rituais da comunhão. Aliás, toda a Eucaristia é um caminho de comunhão perfeita, a união mais intensa dos cristãos com Cristo e, por Cristo, a comunhão de todos na unidade. Esta foi a mensagem do Concílio Vaticano II, na Constituição que fala sobre a vida litúrgica, definindo assim a Sagrada Eucaristia:
. É sinal de unidade, da maior comunhão entre todos, na vida da Igreja. Somos um só coração e uma só alma, uma comunidade verdadeira em que todos se amam e se ajudam mutuamente.
. É vínculo de amor, com uma imensa capacidade de dar, de serviço, uma vez que o amor tudo sofre, tudo espera, tudo suporta, não acaba nunca.
. É o sacramento de piedade, sinal da maior comunhão com Deus, na intimidade de uma relação pessoal que permite sermos chamados filhos de Deus.
. É o banquete da alegria pascal, uma vez que, servidos à mesma mesa, desfrutamos da alegria de todos, na grande festa que a Eucaristia sempre proporciona.
Sendo tudo isto, a Eucaristia é então o memorial da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo. Se não há maior prova de amor do que dar a vida pelos outros, Jesus, com a Eucaristia, permite-nos saborear este amor, continuando a viver a sua Paixão e Morte, ficando unidos na sua Ressurreição. A Eucaristia é sempre festa da Ressurreição, na total comunhão com Deus e com os irmãos.
3. É a comunidade cristã, no seu todo, que celebra o sacramento da Primeira Comunhão, fazendo esta parte da vida da comunidade. São todos os cristãos que acompanham o crescimento dos mais novos na fé. Nas festas da Primeira Comunhão, todos se sentem envolvidos no grande mistério da Eucaristia, todos se comprometem a viver, se possível, mais intensamente, a comunhão eclesial. Algo de semelhante se vive na celebração do Sacramento da Confirmação ou Crisma: a comunhão alarga-se, então, a toda a Igreja, com a presença do Bispo, que confere o sacramento do testemunho cristão às pessoas de diversas idades que se preparam para receber, em plenitude, o Espírito Santo.
É a dimensão comunitária dos sacramentos que exprime mais claramente o mistério da comunhão na unidade a que os cristãos são chamados. O Papa Francisco não se cansa de falar de uma espiritualidade comunitária. O individualismo religioso mata as relações fraternas, numa Igreja que se exige de comunhão. São muitos os mecanismos da comunhão:
. “Que a minha comunhão convosco (amor fraterno) seja também comunhão com o Pai e com o Seu Filho, Jesus Cristo (amor para com Deus)” (I Jo 1,3). Esta afirmação de João reflecte bem o mistério da comunhão plena, em Igreja.
. “Tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo dará”. É Jesus a garantir uma relação de ternura de Deus para com o cristão. Deus está sempre disponível para responder com amor à súplica dos seus filhos.
. “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei e, por isso, vos reconhecerão como meus discípulos” (Jo 13,34). É o próprio Jesus que pede um amor total, o dom da própria vida, na relação com os irmãos. É condição para ser discípulo de Cristo.
. “Que todos sejam um, como Eu e Tu, Pai, somos um. E assim creia o mundo que Tu me enviaste” (Jo 17,20). Para o mundo acreditar, impõe-se a comunhão total na comunidade cristã. A comunhão é o melhor testemunho da verdade do Evangelho.
Todos os sacramentos, vividos em comunidade, afirmam a comunhão plena, razão e testemunho da fé.
4. Que na Comunidade Cristã das Bandeiras, as Primeiras Comunhões (a Profissão de Fé, também) e os Crismas sejam um sinal claro da comunhão que há de todos com Deus, por Cristo, e de todos uns com os outros.
O ADMINISTRADOR PAROQUIAL

Gostei de acompanhar o programa da RTP1. Valeu a pena. Se os portugueses nessa hora deixassem as novelas, seria tão diferente para o futuro. A mensagem ficou.

A Igreja e a sexualidade

Ontem, programa Prós e Contras.
Veja aqui uma opinião sobre o debate.
Se quer seguir o debate, encontra-o aqui.