Agenda Paroquial:

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

POR TANTO E POR TUDO

O PAPA É PAPA POR SER BISPO DE ROMA, ENTÃO NÃO SERIA MAIS PEDAGÓGICO, ETC.,ETC., ELE SER TRATADO A PARTIR DE HOJE À TARDINHA COMO Bispo Emérito de Roma?! AQUELES MAMÕES CANONISTAS DO VATICANO SEMPRE GOSTARAM DE COMPLICAR O SIMPLES!...

Como vai ser chamado Bento XVI após o final do seu pontificado nesta quinta-feira?



Como Vai ser chamado Bento XVI após o final do seu pontificado nesta quinta-feira?
Vai ser chamado “Papa emérito”.

Que títulos manterá?
Joseph Ratzinger manterá os títulos de “sua santidade Bento XVI”, “Papa emérito” e “Romano Pontífice emérito”.

Como vestirá?
Bento XVI vai manter a “batina branca simples” como vestimenta, mas deve deixar de usar a 'mozeta' (capa curta que cobre os ombros) e os habituais sapatos vermelhos que o acompanharam desde 2005, quando foi eleito Papa.

Que acontecerá ao anel do pescador e o selo de chumbo do pontificado?
O anel do pescador e o selo de chumbo do pontificado, insígnias oficiais do Papa, vão ser “anulados” pelo cardeal camerlengo. D. Tarcisio Bertone, e os seus colaboradores.
O gesto tem o significado de sublinhar que no período da Sé vacante ninguém pode assumir prerrogativas próprias do bispo de Roma.
Feito em ouro, o Anel do Pescador tem uma representação de São Pedro num barco, a pescar, e o nome do Papa em volta da imagem.
O Papa já não utilizará o anel do pescador, mas vai utilizar outro anel.

O que é a Sé vacante?
A Igreja Católica entra esta quinta-feira, depois das 20h00 de Roma (menos uma em Lisboa),  no período de Sé vacante - tempo entre o fim do pontificado e a eleição do novo Papa.
O cardeal decano, D. Angelo Sodano, vai enviar na sexta-feira uma “carta de convocação” aos cardeais para as congregações gerais, órgão interino de governo da Igreja.
“É verosímil que as congregações comecem após o sábado e o domingo [2 e 3 de março], o mais rapidamente possível”, afirmou o padre Federico Lombardi.
A data de início do próximo Conclave vai ser determinada durante estas reuniões gerais [congregações] de cardeais.
O Conclave, palavra com origem no latim 'cum clavis' (fechado à chave), pode ser definido como o lugar onde os cardeais se reúnem em clausura para eleição do Papa.

Oração a Jesus pelo futuro Papa


— Francisco Tostón de la Calle — www.religiondigital.com

Dá-nos um Papa santo


Senhor Jesus, modelo de Deus
e modelo para o homem,
dá-nos um papa santo.
Não importa que não possua
um carisma que arraste multidões.
Não importa que não seja a imagem predileta
dos paparazzi
,
que não beije o duro cimento
de todos os aeroportos do mundo,
que não saiba abençoar em 50 idiomas. 

Não importa que não seja, talvez,
um grande teólogo,
capaz de discutir ou aprofundar
elevados problemas teológicos
ou gravíssimas questões de moral. 

Basta-nos que seja santo,
que olhe para o mundo com bondade de coração,
com esperança e compaixão,
com o amor com que Tu olhavas
as multidões de famintos,
doentes e desorientados. 

Que seja capaz de olhar nos olhos,
como Tu olhaste a samaritana
,
todas as mulheres do mundo
e dizer-lhes também: «Dá-me de beber.» 

Que olhe as crianças
com o infinito amor e respeito
com que Tu os abraçavas,
vendo neles a esperança do mundo,
sempre renovada em cada criança,
a melhor imagem de Ti mesmo. 

Que seja livre como Tu,
para fazer o que o Espírito lhe ditar
,
silenciando corvos e agoireiros.

Finalmente, que encare a sua missão
como o verdadeiro serviço
que enobrece o cristão,
como fez contigo na cruz
e na ressurreição.

© Francisco Tostón de la Calle
© tradução de Lopes Morgado
© Laboratório da fé, 2013



quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Tanta tralha para deitar fora

O Automóvel e a Quaresma


Passara pela quinta de um grande amigo que o recebeu, como sempre, com enorme estima.
O proprietário disse ao visitante que estivesse avontade, que levasse da quinta o que quisesse. Abriu os armazéns e indicou-lhe os campos e os pomares.
O homem entrou no armazém e ficou fascinado com a qualidade das cebolas, dos alhos e das batatas. pegou nuns sacos e entupiu-os. Depois foi pela quinta fora e não resistiu à qualidade das maças raineta, gold e bravo de esmofo. Encharcou umas quantas caixas. Ui! As pêras! Que tentação! Enormes, sãs, bonitas. Mais umas caixas. Passou depois pela horta. Loucura! Cada tomate, cada pimento, cada nabo, cada morango, cada pepino! E as couves? Enoveladas, tenras, frescas..
Chegou o momento de arrumar tudo. O seu automóvel era fraquinho, não era nenhuma bomba. Mala, banco de trás, lugar da frente, grade do tejadilho, tudo, tudo cheio como um ovo.
Pela estrada, o pobre carro mais parecia uma feira ambulante. Muito esganiçado,  velocidades baixas, em andamento de caracol. Todos o ultrapassavam. Rangia por todos os lados e o ponteiro da temperatura não cessava de subir.
Às tantas, o homem pensou consigo mesmo:
- Por este andar nem daqui a um mês chego a casa. Pior ainda. O carro pode estoirar e "vai-te lucro que me dás perca". Com esta velocidade, não tarda a dar-me o sono. E depois!?...
Resolveu então parar à porta de um conhecido, que sabia passar por dificuldades, e repartiu com ele parte dos produtos da quinta. O carro já parecia outro na estrada. Mas a viagem era longa e a carga continuava a ser muita. À frente parou junto da casa de uma família numerosa e aí deixou mais uns produtos. O veículo rolava mais avontade agora. Mais ainda faltava bastante para chegar a casa e, mesmo aliviado, o carrito ainda se sentia constrangido. Parou agora à porta de uns velhinhos reformados e doentes e também aí deixou alguns víveres. Então agora o automóvel rolava normalmente. Baixou o ponteiro da temperatura, pedia velocidades mais altas, sentia-o mais maneirinho, mais livre, mais ele mesmo.

É esta a viagem que a Quaresma nos propõe.
Deus é o dono acolhedor da quinta do mundo. Põe à nossa disposição coisas, caminhos, opções.
O automóvel é cada um de nós. O condutor é a nossa vontade, coração e inteligência.

Quaresma. Tempo de deitar fora o excesso de carga que oprime, manieta e esquenta ameaçadoramente a nossa vida.
Mesmo na pequenez e fragilidade humana, Deus quer que o homem se afirme infinitamente na construção do amor e da paz para todos. Não deseja nunca que o homem se negue a si próprio. Não nos quer sofredores e perdidos, mas que sejamos nós a negar o pecado, o mal, a falta de amor, a falta de esperança e tudo o que seja egoísmos e ódios. O Deus que se descobre em todo o tempo, mas particularmente, neste Tempo da Quaresma, é o Deus da acção afirmativa, da acção sempre positiva sobre e para a humanidade.
Então nesta Quaresma, não quer experimentar deitar fora tantos sacos e caixas que sobrecarregam a sua vida?
Deixar a injustiça, a mentira, o egoísmo, a ganância, a violência das palavras e dos gestos, a concorrência desleal, a calúnia, a inverdade das coisas como norma de vida pessoal e social, a religiosidade puramente exterior, o fundamentalismo religioso e todas as fezadas infantis, o comodismo interesseiro, o silêncio calculado, a vida centrada no ego sem pensar que somos comunidade, o mal como opção consciente, a recusa do encontro (se quiserem podem continuar a lista)...
Podem ser estes ou outros os sacos e caixas a deitar fora nesta Quaresma e para toda a nossa vida. Tentar não custa e se realizada qualquer coisa nem que seja em pequeno gesto ou sinal pode já fazer uma grande diferença. Tentemos...
Do blogue Asas da Montanha

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Fico sem fala...

A Igreja é para todos, mas não é para tudo


A Igreja é para todos, mas não é para tudo. Ela tem de estar aberta a todas as pessoas, mas não pode ser conivente com todas as situações. Ela tem de saber acolher. Mas também tem de ser capaz de discernir. Ela não pode desistir das pessoas. Mas também não pode abandonar a mensagem. Ela está no mundo não para receber aplausos, mas para prestar um serviço. Agradar nem sequer rima com servir. O que mais agrada pode não ser o que mais ajuda. Bento XVI denunciou «a busca do aplauso». O aplauso pode ser reconfortante, mas não é um bom sintoma. Um medicamento raramente é agradável. Mas é ele que nos cura!

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

REMÉDIO SANTO: FRIO E POUCA COMIDA...

Eleição Papal - Curiosidades

É histórico o Conclave no Palácio dos Papas em Viterbo, após a morte do Papa Clemente IV. Foi o Conclave mais longo da história da Igreja e teve a duração de 33 meses, de 29 de novembro de 1268 a 1 de setembro de 1271, porque os cardeais não chegavam a um acordo para eleger o novo Papa.
O Governador da cidade, encarregado de alimentar os cardeais, decidiu, por conselho de São Boaventura, encerrar os cardeais no palácio. Fechou a porta da sala de reuniões, ficou com a chave, destelhou o local e cortou a remessa de mantimentos. Imediatamente chegaram a um consenso, elegendo o Papa Gregório X (1271-1276) que, para evitar a repetição do acontecimento, estabeleceu através do Concílio de Lyon (1274), normas que regulamentam, basicamente, os conclaves até hoje.
In agência ecclesia

sábado, 23 de fevereiro de 2013

ESTE DOMINGO





ANO C
2º DOMINGO DA QUARESMA


Tema do 2º Domingo da Quaresma
As leituras deste domingo convidam-nos a reflectir sobre a nossa “transfiguração”, a nossa conversão à vida nova de Deus; nesse sentido, são-nos apresentadas algumas pistas.
A primeira leitura apresenta-nos Abraão, o modelo do crente. Com Abraão, somos convidados a “acreditar”, isto é, a uma atitude de confiança total, de aceitação radical, de entrega plena aos desígnios desse Deus que não falha e é sempre fiel às promessas.
A segunda leitura convida-nos a renunciar a essa atitude de orgulho, de auto-suficiência e de triunfalismo, resultantes do cumprimento de ritos externos; a nossa transfiguração resulta de uma verdadeira conversão do coração, construída dia a dia sob o signo da cruz, isto é, do amor e da entrega da vida.
O Evangelho apresenta-nos Jesus, o Filho amado do Pai, cujo êxodo (a morte na cruz) concretiza a nossa libertação. O projecto libertador de Deus em Jesus não se realiza através de esquemas de poder e de triunfo, mas através da entrega da vida e do amor que se dá até à morte. É esse o caminho que nos conduz, a nós também, à transfiguração.

Agência Ecclesia 

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

A IGREJA DEPENDE DE JESUS CRISTO. QUANTO VAMOS APRENDER NESTE FEVEREIRO E MARÇO DE 2013!...

A Igreja que não é de um Papa

Pensava eu que a resignação do Papa passara ao lado dos meus paroquianos, quando ontem alguém desabafava dizendo que se sentia um pouco órfã por causa da renúncia do Papa. Que se sentia sem terra debaixo dos pés. E agora, senhor padre, como vai ser? Como se o mundo acabasse com esta renúncia. Ou como se a Igreja acabasse com esta atitude. E já estou como aquele meu colega que se perguntava. Mas as pessoas seguem o Papa ou seguem Jesus Cristo? Que Igreja é esta que depende de um Papa, ou dos bispos ou dos padres, e não de Cristo? Vou-vos afirmar que fiquei muito contente com esta forma de se manifestar a Igreja, onde os homens passam e fica o mais importante, Deus. Vou ainda confidenciar-vos que, quando João Paulo II, que muito estimei sempre, completou os seus setenta e cinco anos, eu encontrava-me ansioso por perceber se ele iria ou não resignar, como propõe o Código de Direito Canónico, dando assim um exemplo que seria único. Mas não. E na altura fiquei, digamos, algo frustrado. Mais tarde, quando os seus ensinamentos já lhe não saiam das palavras, mas de um rosto cheio de dor, eu percebi. Percebi aquilo que toda a gente comentava na época. A força do sofrimento que não se resigna e que se manifesta ao lado de cada um que sofre. Vi nele o rosto de um Deus que não se cansa de estar com todos, sem excepção de dor, de saúde, de sofrimento. Quando surgiu o nome de Bento XVI na pessoa do cardeal da Doutrina da Fé, frustrei-me igualmente, pois desejava um Papa que renovasse a Igreja. Não passaram muitos anos e percebi. Percebi que a renovação da Igreja passava pela sua autenticidade. Nestes dias, quando ouvi a notícia da sua resignação, não quis frustrar-me de novo. Já tinha aprendido a lição com as anteriores frustrações. Antecipei-me. E percebi. Percebi que a Igreja precisa de força e de homens que sabem aceitar a sua condição de fragilidade e que, humildes, corajosos e cheios de lucidez, sabem dar estes passos. Para que a Igreja de Cristo continue. Para que outros possam fazer ainda melhor que eu, porque eu não sou o dono do saber, da vida e da Igreja. Claro que não falei desta forma com a senhora órfã. Recordei-lhe apenas o que em muitas paróquias acontece quando o padre envelhece. Quando não tem forças senão para manter a calmia e comodidade da comunidade. Quando não consegue senão celebrar umas missas com falhas aqui e acolá. Quando já não consegue ser o condutor da comunidade porque o carro engripou. Quando já não consegue ir à frente da comunidade e vai atrás, arrastando-se. Por muito bom que seja. Por muito lúcido. Por muito que tenha vontade. Nessas ocasiões facilmente as pessoas gritam por mudança, por um padre mais novo ou mais capaz. Ora, a Igreja, que é de Deus e todo o Povo de Deus, continua. Há-de sempre continuar. A Igreja não é de um Bento XVI ou de um João Paulo II. Nem é nossa. Nós é que somos dela. Nós é que somos ela. Os homens passam. Só Deus não passa.

Do blogue Confessionário dum Padre (e meu)

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

«Zanga-se (ou inveja-se) a comadre e descobrem-se as verdades» (!!). Terá sido o caso dalgum padreco efeminado a se fazer engraçadinho e padaço de asno, a remexer em mariquices, ou sei lá o quê, de há trinta anos atrás. Esse Zézinho precisava de um correctivo exemplar do seu Bispo. Não se trata de sonegar as coisas. Que utilidade tem, tanto tempo depois senão apenas uma coisa: destruir pessoas. A ser verdade, tivesse denunciado em seminarista o caso. Ele - que o conheço doutras paragens - sempre espevitado, e do estilo: olhem p'ra mim que sou esperto!! Passa fora! (este título é meu, padre Zulmiro Sarmento)

"Aquele, pois, que pensa estar em pé, cuida para que não caia" (1Co 10,12 )

A Igreja, santa em Cristo, é pecadora nos seus membros.
Sabemos que o mal sempre teve mais impacto na opinião pública do que o bem. Ainda mais hoje com a quase omnipresença da comunicação social.
Não se fala da vida santa e justa de tanta gente. Não se refere a santidade de tantos católicos. Passa despercebido o martírio de imensos cristãos que, por causa da sua fé em Cristo e da sua entrega aos irmãos, perdem a vida. Não diz nada sobre tantos e tantas  que, no campo da missão, vivem pobre e alegremente ao serviço da Boa Nova e da promoção das pessoas. Silencia-se a obra solidária e caritativa da Igreja junto de quem mais precisa. Cala-se o trabalho de proximidade, unidade e atenção aos próximo que diariamente acontece.
Contudo o lado pecador da Igreja é notícia, espectáculo e tantas vezes julgamento público. Os casos de pedofilia - sobretudo de padres, mas também dos leigos cristãos -, os casos de apego ao dinheiro, as divisões, tricas e intrigras da Cúria Romana e de outras cúrias, os jogos de poder, casos de assédio e infidelidades, a existências de grupos - fundamentalistas ou progressistas - que mordem a unidade da Igreja, a corrupção, o silenciamento ou verbalismo de membros da Igreja, etc, etc, estampam-se em manchetes na comunicação social.

Ninguém está livre de grandes quedas, tenha 18 ou 80 anos. Seja leigo, padre, religioso, bispo ou cardeal. Somos todos muitos frágeis.
O cristão, porque acredita num Deus de misericórdia e bondade, abre-se ao Seu perdão, reconhecendo as suas culpas e pecados e recomeça de novo. É isto que se diz na confissão:
Confesso a Deus Todo-Poderoso
e a vós irmãos,
que pequei muitas vezes
por pensamentos e palavras,
actos e omissões,
por minha, culpa,
minha tão grande culpa.
E peço à Virgem Maria,
aos Anjos e Santos
e a vós, Irmãos,
que rogueis por mim
a Deus, Nosso Senhor.


Às pessoas que vêem o irmão caído na berma da vida, Cristo aponta o caso do bom samaritano.
"Um homem descia de Jerusalém para Jericó, quando caiu nas mãos de assaltantes. Estes lhe tiraram as roupas, espancaram-no e se foram, deixando-o quase morto. Aconteceu estar descendo pela mesma estrada um sacerdote. Quando viu o homem, passou pelo outro lado. E assim também um levita; quando chegou ao lugar e o viu, passou pelo outro lado. Mas um samaritano, estando de viagem, chegou onde se encontrava o homem e, quando o viu, teve piedade dele. Aproximou-se, enfaixou-lhe as feridas, derramando nelas vinho e óleo. Depois colocou-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e cuidou dele. No dia seguinte, deu dois denários ao hospedeiro e lhe disse: 'Cuide dele. Quando eu voltar, pagarei todas as despesas que você tiver'. "Qual destes três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?" "Aquele que teve misericórdia dele", respondeu o perito na lei. Jesus lhe disse: "Vá e faça o mesmo".  (Lucas 10:30-37)


Que o pecador se arrependa, reconheça os seus pecados, faça a reparação e se emende. Que os outros ajudem quem caiu na berma da estrada da vida, certos que "Deus não quer a morte do pecador, mas que ele se converta e viva". Recalcar a pessoa caída, além de anti-cristão, é desumano.
Do blogue Asas da Montanha (que eu não sei de quem é mas que escreve exactamente como eu penso)

Cada tentação que aparece!...

O padre que decidira deixar a comunidade sem padre

Hoje acordei com um sonho. Acordei quase num salto e fiquei na dúvida se não seria antes um pesadelo. Dizem que os sonhos são coisas do nosso subconsciente, coisas do dia-a-dia que levamos apenas para a noite de forma que não pareça realidade. Ou fruto da realidade que queríamos agendar. Não lembro as personagens do sonho. Tenho a sensação que conhecia alguns rostos. Mas a história desenvolvia-se à volta da figura de um padre que decidira deixar tudo para trás. Não sei se era por causa de uma mulher. Não sei se era por causa do bispo. Não sei se era por causa da paróquia. Não sei se era por causa de Deus. Não sei se era eu o padre. Só sei que o padre decidira deixar a comunidade sem padre. A mesma comunidade que o fizera sofrer quando não o tinham compreendido na sua fragilidade, quando não o tinham aceitado na sua pouca disponibilidade, quando conversavam desconfiadamente sobre ele no café, na fábrica ou na vindima, quando diziam mal dele nas costas, quando criavam uns piropos ao padre para apimentar conversas, quando evitavam os olhares com o padre, quando diziam que o padre só via dinheiro, embora não pagassem a Côngrua, quando não queriam saber se o padre estava bem ou mal, e só queriam saber se tinham padre para o que precisavam, quando o padre não era tido nem achado, quando o padre era só mais um padre. O padre decidira abandonar a comunidade. Decidira deixar a comunidade sem padre. Acordei quando me surgiu a pergunta. E agora que vai ser da comunidade? Por isso é que acordei num salto.

 
Do blogue Confessionário dum Padre (e que subscrevo 300%)

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

UMA BOA IDEIA!

Não nos deixemos aterrorizar pelos boatos da imprensa...

Ficheiro:Good Samaritan (Watts).jpg
Pessoas insuspeitas, de vários quadrantes, reconhecem publicamente que, sem a atuação da Igreja Católica,  o governo não teria como responder às necessidades sociais que a crise acelera.
Enquan­to os meios de comunicação procuram envergonhar a Igreja, divulgando os escândalos de poucos padres como se fossem o “rosto” da Igreja, centenas de milhões de Católicos entregam diariamente a própria vida para a “transformação” da história! A cada 5 minutos um cristão é martirizado no mundo, centenas de milhares de sa­cerdotes, consagrados e leigos consomem a própria vida nos leprosários, nos desertos africanos, nos hospitais , ou no meio das guerrilhas e violência de todo tipo. Mas tudo isto não faz notícias, não dá audiências...


Não nos deixemos aterrorizar pelos boatos da imprensa, mas sintamo-nos orgulhosos de pertencer à Igreja de Cristo, à Igreja de São Bento, que trouxe civilização e progresso para Europa; de Sao Francisco, apaixonado pelo Crucifixo, pelos pobres e leprosos; de São Camilo, que como pecador chagado, alcançado pela Misericórdia do Senhor, consumiu a sua vida cuidando das chagas dos doentes; de São João de Deus, que escolheu os loucos, do­entes mentais como sua “herança”; de São Vicente de Paula, cuja obra ainda hoje se estende a quase todos os países do mundo, socorrendo pobres e abandonados; de Dom Bosco, Dom Orione, Dom Guanella que se torna­ram “família” dos órfãos, abandonados e enfermos; de Madre Teresa de Calcutá e da Irmã Dulce, que se consu­miram para cuidar dos famintos e excluídos da sociedade e tantos outros inúmeros Santos, que fizeram “res­plandecer” no mundo o rosto luminoso de “Jesus Bom Samaritano da Humanidade.”
COMO VIVERMOS ENTÃO ESTA PALAVRA?
Sendo esta Igreja viva, assim como foram estes Santos e tantos outros anónimos. São Vicente dizia: “caridade é não conseguir ver um sofrer, sem sofrer com ele; não conseguir ver um chorar, sem chorar com ele. Caridade é ato de amor que faz penetrar os corações um no outro."

"Colocou-o em seu próprio animal, conduziu-o à hospedaria e dispensou-lhe cuidados”
Levantou-se um doutor da lei e, para pô-lo à prova, perguntou: Mestre, que devo fazer para possuir a vida eterna?
Disse-lhe Jesus: Que está escrito na lei? Como é que lês?
Respondeu ele: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu
No dia seguinte, tirou dois denários e deu-os ao hospedeiro, dipensamento (Dt 6,5); e a teu próximo como a ti mesmo (Lv 19,18).
Falou-lhe Jesus: Respondeste bem; faze isto e viverás.
Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: E quem é o meu próximo?
Jesus então contou: Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de ladrões, que o despojaram; e depois de o terem maltratado com muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o meio morto.
Por acaso desceu pelo mesmo caminho um sacerdote, viu-o e passou adiante.
Igualmente um levita, chegando àquele lugar, viu-o e passou também adiante.
Mas um samaritano que viajava, chegando àquele lugar, viu-o e moveu-se de compaixão.
Aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; colocou-o sobre a sua própria montaria e levou-o a uma hospedaria e tratou dele.
zendo-lhe: Trata dele e, quanto gastares a mais, na volta to pagarei.

Qual destes três parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões?
Respondeu o doutor: Aquele que usou de misericórdia para com ele. Então Jesus lhe disse: Vai, e faz tu o mesmo. (Evangelho de São Lucas, 10,30-37).

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Consubstancial ao Pai — esta é a nossa fé (13)

— reflexão semanal sobre o credo niceno-constantinopolitano — 

O Catecismo da Igreja Católica, no número 242, resume assim este tema: «No primeiro concílio ecuménico de Niceia, em 325, a Igreja confessou que o Filho é ‘consubstancial’ ao Pai, quer dizer, um só Deus com Ele. O segundo concilio ecuménico, reunido em Constantinopla em 381, guardou esta expressão na sua formulação do Credo de Niceia e confessou ‘o Filho unigénito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos, luz da luz. Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai’». [Para ajudar a compreender melhor, ler: João 14, 6-14; Catecismo da Igreja Católica, números 234-242 e 249-256

«Quem me vê, vê o Pai» — responde Jesus, no evangelho segundo João, ao pedido do apóstolo Filipe: «Senhor, mostra-nos o Pai!». «O modo tipicamente cristão de considerar Deus passa sempre através de Cristo. É Ele o Caminho, e ninguém vai ao Pai senão por meio d’Ele. [...] Cristo, o Filho predileto, é por excelência o revelador do Pai. O verdadeiro rosto de Deus é-nos revelado só por Aquele que ‘está no seio do Pai’. A expressão original grega do Evangelho de João (cf. 1, 18) indica uma relação íntima e dinâmica de essência, de amor, de vida do Filho com o Pai» (João Paulo II, Audiência Geral de 20 de setembro de 2000). O diálogo entre Jesus e Filipe destaca a relação de profunda intimidade entre Jesus e o Pai: não se pode conhecer Um sem o Outro. Para o Papa Bento XVI, «estas palavras são as mais nobres do evangelho de João» (Audiência Geral de 6 de setembro de 2006). Mas não é fácil captar tudo que é dito. Os apóstolos também tiveram dificuldade em perceber esta essência de Deus revelado em Jesus Cristo. O mesmo sucedeu nos primeiros anos do cristianismo. Aliás, ainda hoje é preciso a abertura à fé para acolher a totalidade deste mistério divino. 

Ao longo dos tempos, para tentar dizer o indizível do mistério da Santíssima Trindade, «a Igreja teve de elaborar uma terminologia própria, com a ajuda de noções de origem filosófica: ‘substância’, ‘pessoa’ ou ‘hipóstase’, ‘relação’, etc. Ao fazer isto, a Igreja não sujeitou a fé a uma sabedoria humana, mas deu um sentido novo, inédito, a estes termos, chamados a exprimir também, desde então, um mistério inefável, ‘transcendendo infinitamente tudo quanto podemos conceber a nível humano’» (Catecismo da Igreja Católica, 251). 

Consubstancial ao Pai. O termo «consubstancial» é a tradução da palavra grega (homoousios) que designa a mesma (homo) substância ou essência (ousios); assim, afirmamos que o Filho e o Pai possuem a mesma substância. Esta expressão colocada no «Credo» é uma resposta clara ao arianismo (cf. tema 10): uma heresia (falsa doutrina) que defendia que Jesus Cristo não era Deus, mas apenas uma criatura que atingiu uma perfeição especial. O Concílio de Niceia (325) reafirmou a plena identidade divina do Filho e do Pai. «Daí, a acumulação, pelos Padres de Niceia, de expressões convergentes, não-escriturísticas, que tiveram de ser acrescentadas ao Credo da Igreja e do seu batismo. Mesmo o consubstancial ao Pai, o homoousios com traduções hesitantes, não foi inserido por causa da significação clara que poderia ter tido anteriormente num sistema filosófico admitido por todos. As precisões filosóficas sobre a natureza ou a substância só virão cinquenta ou cem anos mais tarde, com os grandes bispos teólogos: Basílio Magno († 379); Gregório Nazianzeno († 390); Gregório de Nissa († 394) e, no Ocidente, Agostinho de Hipona († 430). Santo Ambrósio conta-nos que a palavra ‘consubstancial’ só foi adotada em Niceia — quando outras assembleias de bispos a tinham julgado suspeita — porque tinha sido abertamente rejeitada por Ario e os seus» (Ph. Ferlay, J.-N. Bezançon, J.-M. Onfray, «Para compreender o Credo», ed. Perpétuo Socorro, Porto 1993, 69). Para reforçar a verdadeira doutrina, os Concílios seguintes (Constantinopla e Calcedónia) insistiram nos termos acrescentados no Concílio de Niceia (cf. temas 10 a 12). A expressão — «consubstancial ao Pai» — que encerra esta temática, defende que Jesus Cristo não é uma criatura especial, mas é Deus, faz parte de Deus, é gerado em Deus e possui a mesma essência de Deus. Ao contrário do que diziam os defensores do arianismo não está em causa o monoteísmo (um só Deus). O Pai e o Filho, com o Espírito Santo, constituem a Trindade de Um único Deus: um só Deus em três Pessoas. 

Apesar de todas estas fórmulas, é importante recordar que as palavras do Credo não impedem a busca das melhores expressões para dizer Deus. A linguagem (ontem como hoje) será sempre imperfeita, incapaz de explicar a plenitude do mistério de Deus.

© Laboratório da fé, 2013

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O que é a Quaresma?

--
A Quaresma é um período de 40 dias, excetuando os Domingos, marcado por apelos ao
jejum,
partilha
e penitência,
que serve de preparação para a Páscoa (celebrada este ano a 31 de março), a principal festa do calendário cristão.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

ESTE DOMINGO...

ANO C
1º DOMINGO DA QUARESMA

No início da Quaresma, a Palavra de Deus apela a repensar as nossas opções de vida e a tomar consciência dessas “tentações” que nos impedem de renascer para a vida nova, para a vida de Deus.
A primeira leitura convida-nos a eliminar os falsos deuses em quem às vezes apostamos tudo e a fazer de Deus a nossa referência fundamental. Alerta-nos, na mesma lógica, contra a tentação do orgulho e da auto-suficiência, que nos levam a caminhos de egoísmo e de desumanidade, de desgraça e de morte.
O Evangelho apresenta-nos uma catequese sobre as opções de Jesus. Lucas sugere que Jesus recusou radicalmente um caminho de materialismo, de poder, de êxito fácil, pois o plano de Deus não passava pelo egoísmo, mas pela partilha; não passava pelo autoritarismo, mas pelo serviço; não passava por manifestações espectaculares que impressionam as massas, mas por uma proposta de vida plena, apresentada com simplicidade e amor. É claro que é esse caminho que é sugerido aos que seguem Jesus.
A segunda leitura convida-nos a prescindir de uma atitude arrogante e auto-suficiente em relação à salvação que Deus nos oferece: a salvação não é uma conquista nossa, mas um dom gratuito de Deus. É preciso, pois, “converter-se” a Jesus, isto é, reconhecê-l’O como o “Senhor” e acolher no coração a salvação que, em Jesus, Deus nos propõe.

Padres Dehonianos

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A última de Bento XVI

Mensagem do Papa para a Quaresma




Na sua Mensagem para a Quaresma 2013, Bento XVI afirma que a "caridade" é uma das marcas mais importantes da fé católica e deve ser vista como mais do que "ajuda humanitária" ou "activismo moralista".

"Se, por um lado, é redutora a posição de quem acentua de tal maneira o carácter prioritário e decisivo da fé que acaba por subestimar ou quase desprezar as obras concretas da caridade – reduzindo-a a um genérico humanitarismo – , por outro é igualmente redutivo defender uma exagerada supremacia da caridade e sua operatividade, pensando que as obras substituem a fé", assinala Bento XVI.

Especificamente sobre a relação entre fé e caridade, Bento XVI lembrou que a fé faz o homem entrar na amizade com o Senhor e que a caridade é uma forma de viver e cultivar esta amizade. Assim sendo, ele destacou que fé e caridade não podem ser separadas, pois estão intimamente unidas.
"A fé precede a caridade, mas só se revela genuína se for coroada por ela", acrescenta.


E continua: "Não há acção mais benéfica e, por conseguinte, caritativa com o próximo do que repartir-lhe o pão da Palavra de Deus, fazê-lo participante da Boa Nova do Evangelho, introduzi-lo no relacionamento com Deus: a evangelização é a promoção mais alta e integral da pessoa humana".

"Neste tempo de Quaresma, em que nos preparamos para celebrar o evento da Cruz e da Ressurreição, no qual o Amor de Deus redimiu o mundo e iluminou a história, desejo a todos vós que vivais este tempo precioso reavivando a fé em Jesus Cristo, para entrar no seu próprio circuito de amor ao Pai e a cada irmão e irmã que encontramos na nossa vida", concluiu.
Fonte: aqui

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Por amor à Igreja

Foto: Ambos tiveram uma atitude heróica. Somos a Igreja Católica Apostólica Romana.
As atitudes de João Paulo II e Bento XVI, perante a mesma situação, parecem diametralmente opostas, mas, afinal, estão intrinsecamente ligadas. A ligação está na mesma fé e em igual amor à Igreja. Foi por amor à Igreja que João Paulo II entendeu permanecer até ao fim. Foi por amor à Igreja que Bento XVI decidiu sair antes do fim. Neste sentido, não é correcto dizer que João Paulo II ficou apegado ao lugar nem que Bento XVI optou por fugir da missão. João Paulo II optou por confiar naqueles que trabalhavam com ele. Bento XVI optou por confiar o trabalho a outro depois dele! No fundo, é a mesma leitura crente da realidade. Sejam quais forem as nossas opções, é sempre Deus que conduz a história: antes de nós, connosco e depois de nós!
João Teixeira


 

Gerado, não criado — esta é a nossa fé (12)

— reflexão semanal sobre o credo niceno-constantinopolitano — 

O «Credo Niceno-constantinopolitano» contém várias expressões relativas à divindade de Jesus Cristo, o Filho, a Segunda Pessoa da Trindade, como mostram as reflexões anteriores (cf. temas 8 a 11). No Concílio realizado em Niceia, no ano 325, introduz-se no «Credo» uma nova terminologia, que pretende estabelecer uma distinção muito clara entre «gerado» e «criado». Daí resultou a expressão atribuída a Jesus Cristo quando proclamamos o «Credo»: «gerado, não criado». [Para ajudar a compreender melhor, ler: Salmo 2; Catecismo da Igreja Católica, números 238-242]

«Tu és meu filho, Eu hoje te gerei» — é uma frase original do Salmo 2, que o Novo Testamento e a tradição cristã utilizam para se referirem a Jesus Cristo; e desta forma atestam a geração do Filho, a Segunda Pessoa da Trindade. O Salmo 2 está relacionado com a entronização do rei; utiliza o termo «filho» em sentido figurado aplicado ao rei. Para o salmista, no dia da sua entronização, o rei era «gerado» por Deus. Vários exegetas explicam este versículo dizendo que «eu hoje te gerei», quer dizer «neste dia eu te designei para seres ungido como rei». Assim, de acordo com esta interpretação, estabelecia-se uma relação direta entre a realeza e a divindade. Digamos que, para o povo bíblico, o rei não era apenas uma escolha humana, mas também uma eleição divina. O profeta Natan, aquando da revelação das promessas de Deus a David, usa uma terminologia idêntica: «eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho». Também esta expressão será retomada pelo autor da Carta aos Hebreus (1, 5) para aplicá-la a Jesus Cristo. A citação do Salmo 2 — «Tu és meu filho, Eu hoje te gerei» — é aplicada a Jesus Cristo por três vezes no Novo Testamento: uma no livro dos Atos dos Apóstolos (13, 33); e duas na Carta aos Hebreus (1, 5; 5, 5).

Esta frase aplicada a Jesus Cristo tem sido relacionada, pela tradição cristã, com momentos diferentes da vida do Filho de Deus. Alguns referem-na unida à Encarnação; outros ao Batismo, no Jordão; outros à Ressurreição; outros à Ascensão; outros à própria afirmação de Filho de Deus. Todas estas ligações não se opõem e, por isso, são válidas. E, em qualquer caso, não contradizem, antes contribuem para dar sentido ao que estamos a refletir: Jesus Cristo é Deus, gerado pelo Pai e não resultado do ato criador.

Gerado, não criado. Esta afirmação é consequência das reflexões provocadas no Concílio de Niceia (325). No contexto da divindade de Jesus Cristo, nesse Concílio, dá-se destaque, pela primeira vez, à distinção entre geração e criação. Perante doutrinas que pretendiam afirmar o contrário, o Concílio afirma que Jesus Cristo faz parte de Deus. Ele não é criado por Deus. O Filho é gerado pelo Pai. Através do uso destes dois termos — gerado e criado — estabelece-se a distinção entre a criação de «de todas as coisas visíveis e invisíveis» (cf. temas 5 e 6) e a geração do Filho no «seio» do Pai. É claro que esta linguagem não é exata para expressar a realidade de Deus (e da Trindade). É, como todas as linguagens humanas, uma aproximação possível ao indizível que é Deus. O uso do termo «gerado» está intimamente relacionado com a expressão anterior do «Credo»: «nascido do Pai antes de todos os séculos» (cf. tema 9). A esse propósito relembramos a reflexão de Hilário de Poitiers: «Se alguém quiser zangar-se com a sua própria inteligência por não conseguir compreender o mistério dessa geração, que saiba, pelo menos, que eu também sofro ainda mais que ele por o ignorar. Não sei, mas não me inquieto...». A distinção entre a geração do Filho e a criação do universo é decisiva para compreender a identidade de Jesus Cristo: «o Filho está do lado de Deus que cria, é a Sua Palavra, o Seu Verbo, eterno como Ele. [...] A verdadeira aposta destas primeiras reflexões da Igreja sobre a identidade de Jesus consiste em perceber que a filiação não é, de per si, uma inferioridade. ‘Vir de’, ‘tender, ir para’, é uma relação. E, para Cristo, não é uma relação acrescentada ao que Ele é, como as relações que podemos adquirir. Esta relação de origem e de vocação (o Filho vem do Pai e vai para o Pai) constitui-O, é o Seu próprio ser. [...] O Pai a quem o Novo Testamento continua a dar como próprio o nome de Deus, é também relacional. Se não há Filho sem Pai, também não há Pai sem Filho. [...] Esta interdependência não é inferioridade, mas partilha e comunhão» (Ph. Ferlay, J.-N. Bezançon, J.-M. Onfray, «Para compreender o Credo», ed. Perpétuo Socorro, Porto 1993,69).

A divindade de Jesus Cristo, o Filho, nada tira à divindade do Pai. Pelo contrário, revela a própria natureza divina que é relação e comunhão interpessoal: o Filho é «consubstancial ao Pai». 
Do blogue Laboratório da fé

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Uma visão, entre outras.

Sobre a resignação de Bento XVI
Percebo e não percebo o aparente choque que se apoderou da opinião pública. Para mim, foi surpresa por ter sido ontem. Mas estava convencido de que, mais tarde ou mais cedo, isto iria acontecer. Aliás, ele próprio já há dois anos tinha afirmado que, se sentisse que já não tinha forças para continuar à frente do governo da Igreja, resignaria.

Foi um gesto de grande coragem, lucidez e honestidade. Reflectiu em consciência e fê-lo em plena liberdade - foi bom que o tenha declarado. Já não sente forças no corpo e no espírito, disse também. Os problemas do mundo actual, com incidência na fé, são gigantescos e a Igreja precisa de alguém com mais energia e vigor.

Penso que uma das causas maiores do desgaste foi a sua incapacidade para reformar a Cúria Romana, questão essencial para o futuro da Igreja - ele próprio se queixou de que lhe sonegavam informações. Houve uma série de escândalos, desde a pedofilia à corrupção, do Vatileaks às intrigas no Vaticano, com correntes que se digladiam e preparam para a sucessão. Bento XVI é um homem afável e quase tímido - foi a impressão que me ficou da vez em que estive com ele. É um intelectual e não um homem da administração e, assim, na impossibilidade dessa reforma, resignou.

Deste pontificado fica a importância do diálogo entre a fé e a razão, a condenação sistemática da especulação financeira sem regulação, a continuação do diálogo com as outras confissões cristãs e com as diferentes religiões, o apelo a dois Estados soberanos: um israelita e outro palestiniano, a possível abertura ao preservativo.

O sucessor? Ninguém sabe. Mas, no meu entender, deve ser profundamente cristão, seguir Jesus no seu Evangelho, relativamente jovem, com capacidade de reformar a Cúria, próximo das pessoas e dos seus problemas reais. Mais interessado nas pessoas do que na instituição. Penso num João XXIV.
Anselmo Borges, aqui

NOTA PASTORAL

MENSAGEM PARA A QUARESMA DE 2013

O compromisso da Fé que opera pela Caridade para o desenvolvimento de uma cidadania activa é uma tónica essencial da Mensagem de D. António Sousa Braga para a Quaresma de 2013, cujo texto publicamos na íntegra.



«A celebração da Quaresma, no contexto do Ano da Fé, proporciona-nos uma preciosa ocasião para meditar sobre a relação entre fé e caridade» - adverte o Santo Padre, na Mensagem Quaresmal deste ano. E continua: «A Quaresma, com as indicações que dá tradicionalmente para a vida cristã, convida-nos, precisamente, a alimentar a fé, com uma escuta mais atenta e prolongada da Palavra de Deus e a participação nos Sacramentos e, ao mesmo tempo, a crescer na caridade, no amor de Deus e ao próximo, nomeadamente através do jejum, da penitência e da esmola» (Bento XVI, Mensagem para a Quaresma de 2013).

«A fé que opera pela caridade» (Gal 5, 6)

Como explica muito bem S. Paulo, a fé autêntica é aquela que «opera pela caridade». E S. Tiago não é menos explícito: «De que aproveitará, irmãos, a alguém dizer que tem fé, se não tiver obras? Acaso essa fé poderá salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e precisarem de alimento quotidiano e um de vós lhe disser: “Ide em paz, aquecei-vos e saciai-vos”, sem lhes dar o que é necessário ao corpo, de que lhes aproveitará? Assim também a fé: se ela não tiver obras é morta em si mesma. Mas dirá alguém: “Tu tens a fé e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem obras e eu te mostrarei a fé pelas minhas obras”» (Tg 2, 14-18).

Por isso, nesta Ano da Fé, vamos procurar encarnar a vivência da nossa fé na prática da caridade, que, além do mais, terá a sua tradução concreta na Renúncia Quaresmal. Ao longo da caminhada quaresmal, vamos renunciar a algo, não só supérfluo, mas também necessário, para ajudarmos quem mais precisa, na nossa Paróquia e Ouvidoria.

Assim, até ao fim da Quaresma entregaremos o fruto das nossas renúncias, que a Paróquia, através dos serviços adequados, fará chegar aos irmãos mais necessitados. Este momento difícil de crise, que estamos a viver, interpela a nossa consciência cristã, no sentido de reforçar a partilha de bens.

Em 2012, a Renúncia Quaresmal rendeu 11.348 euros e 62 cêntimos. Estamos no Ano da Fé e a viver uma crise muito grave, que afecta, sobretudo, os mais desfavorecidos. Ora bem, a fé em acção é amor. Hoje, mais do que nunca, cada cristão, em coerência com a fé professada, tem de sentir a obrigação de concretizar o amor do próximo, no ambiente em que vive e trabalha, promovendo a solidariedade de proximidade.

«Fé comprometida, cidadania activa»

É o lema da Semana Nacional da Caritas, que se vai realizar de 24 de Fevereiro a 3 de Março. Há na Igreja muitos movimentos com o carisma profético da caridade e vários serviços, que promovem a acção social e caritativa. A organização oficial da Igreja para o Serviço da Caridade, realizado por mandato comunitário é a Caritas, a nível diocesano, nacional e internacional.

Todos os anos, em Portugal, se realiza a Semana Nacional da Caritas, com o objectivo de reavivar o Serviço fraterno da Caridade, no seu sentido abrangente de promoção humana e social. É também uma ocasião para apoiarmos materialmente, com os nossos donativos, as iniciativas da Caritas Diocesana e Nacional, que se revelam tão necessárias,  na situação de crise que nos atinge.

Assim, os ofertórios das Missas do Dia da Caritas (fim-de-semana: 2-3 de Março) destinam-se à Caritas dos Açores. Deverão ser enviados, atempadamente, para a Cúria Diocesana, que, por sua vez, os entregará, no devido tempo, à Caritas Diocesana.

Como se costuma fazer todos os anos, na Semana da Caritas (24 de Fevereiro-3 de Março), cada Caritas de Ilha promoverá, com a devida autorização, o peditório público.

A Caritas está a prestar um relevante serviço à população, neste momento difícil, que nos toca viver. Precisa de apoio, pois os pedidos de ajuda aumentam. O melhor jejum e penitência, que podemos fazer na Quaresma é, precisamente, socorrer o nosso próximo. À maneira do Bom Samaritano: «a resposta àquilo que, numa determinada situação, constitui a necessidade imediata… As organizações caritativas da Igreja, a começar pela Caritas (diocesana, nacional e internacional), devem fazer o possível para colocar à disposição os correspondentes meios e, sobretudo, homens e mulheres que assumam tais tarefas» (Bento XVI, Deus Caritas Est=DCE, 2005, nº 31).

Pastoral Social

Mas não se pode ficar por aí. A acção social da Igreja não se reduz a mera assistência. Implica uma «cidadania activa» ao serviço do desenvolvimento integral do homem todo e de todo o homem, segundo os princípios da Doutrina Social da Igreja. Como adverte o Papa, «o dever imediato de trabalhar por uma ordem mais justa na sociedade é próprio dos leigos. Estes, como cidadãos do Estado, são chamados a participar pessoalmente na vida pública» (DCE 29).

Daqui a urgência de uma adequada formação cristã. A Caritas Nacional está a promover o Projecto “Mais Próximo, que tem como objectivo proporcionar uma maior qualificação dos agentes de Pastoral Social, tanto a nível profissional, como de competência do coração e de conhecimento da Doutrina Social da Igreja.

Para que o projecto possa ser aplicado na Diocese, peço aos Ouvidores para promoverem encontros das Equipas Sacerdotais de cada Ouvidoria ou Zona Pastoral com as respectivas Direcções das Caritas de Ilha. O nosso objectivo é encerrar o Ano da Fé, tendo a funcionar, em cada Paróquia, ou Zona Pastoral, ou Ouvidoria, um grupo organizado de Pastoral Social: seja Núcleo de «Caritas», ou Conferência Vicentina, ou Fraterna Ajuda Cristã…). O que importa é que haja uma expressão comunitária e organizada do Serviço da Caridade.

Como muito bem explica o Santo Padre, O Serviço da Caridade é tão essencial para a missão evangelizadora da Igreja, como o Anúncio da Palavra e a Celebração dos Sacramentos (cf  DCE 22 e 25). O anúncio e, porventura, a denúncia têm de ser, pois, acompanhados por uma acção comunitária organizada.

A hora é de colaboração. Só caminhando juntos, em Igreja, é que poderemos ser fermento que leveda a massa, para que surja um mundo melhor e diferente. Na Diocese, a coordenação geral de toda a acção social é garantida pelo Serviço de Apoio à Pastoral Social, recentemente constituído, que vai procurar dar corpo à tão desejada Pastoral de Conjunto no campo social.

Todo o tempo de crise exige mudanças. A Quaresma é o tempo oportuno de conversão, isto é, de mudança de vida. Foi o apelo de Jesus, no início do Seu ministério público: «Completou-se o tempo e aproxima-se o Reino de Deus: mudai de vida e acreditai na Boa Nova» (Mc 1, 14)!


+ António, Bispo de Angra

Angra, 25 de Janeiro de 2013,
Festa da Conversão de S. Paulo.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

AINDA HÁ SURPRESAS!

OBRIGADO, SANTO PADRE

Neste tempo em que quase tudo está previsto, ainda há acontecimentos que nos espantam e pessoas que nos surpreendem.
Há cerca de 700 anos que não havia uma decisão semelhante. E as renúncias de Celestino V e Gregório XII foram em contextos diferentes.
Gregório XII deixou o papado para resolver o problema do cisma do ocidente, já que havia outro papa em Avinhão. Já Celestino V nunca se sentiu adaptado à função.
Com Bento XVI, como ele próprio o diz, foi o desgaste.
É preciso notar que Bento XVI começou o seu «pontificado» muito antes de 2005.
O pontificado de João Paulo II teve muito de Joseph Ratzinger, seu colaborador directo (e dilecto) desde 1981.
João Paulo II nunca dispensou Ratzinger, mesmo quando este pediu que o deixasse descansar.
Há muitos preconceitos em relação a Bento XVI. É uma das personalidades mais discutidas.
Foi um homem que nos surpreendeu sempre. A maior surpresa foi esta.
Mas talvez ainda nos supreenda com algum livro.
Quanto à sua imagem, era bom que se lesse o livro «Bendita humildade. O estilo simples de Joseph Ratzinger», de Andrea Monda.
Bento retira-se como começou: humilde!
Obrigado, Santo Padre!
Fonte: aqui

Que o "espírito" deste Papa nunca se perca! Agora mais do que nunca!

JOÃO XXIII - UM CRISTÃO FELIZ







O Ano da Fé que estamos a viver foi convocado para assinalar os 50 do início do Concílio Vaticano II.

Recordemos o Papa sorridente e bom que o convocou.

Ângelo José Roncalli nasceu a 25 de Novembro de 1881 em Sotto il Monte (Itália) no seio de uma família camponesa. Era o quarto de 13 irmãos.
Em família vivia-se um ambiente de fé. Por isso, facilmente os pais deixaram que o pequeno Ângelo fosse para o seminário de Bergamo. Foi ordenado sacerdote em 1914.
No ano seguinte, foi nomeado secretário do bispo. Depois da morte deste, foi professor do seminário e assistente espiritual de várias associações católicas.
Foi escolhido pela Santa Sé para seguir a carreira diplomática. Em 1925 foi ordenado bispo e partiu para a Bulgária. Em 1944, na qualidade de Núncio Apostólico, foi enviado para Paris. A 12 de Janeiro de 1953 foi nomeado cardeal patriarca de Veneza por Pio XII. Em 1958, morreu o Papa e o Cardeal Roncalli partiu para Roma, convencido que regressaria passados poucos dias.

UM PAPA DE TANSIÇÃO?
Os cardeais, reunidos em conclave, depois de treze escrutínios, escolheram o Patriarca de Veneza, que tinha já 77 anos de idace. Escolheu o nome de João XXIII.
Muitos julgavam que se tratava de um Papa de transição mas enganaram-se. Para começar, adoptou um estilo de vida simples, muito próximo das pessoas, com um grande sentido de humor.
Os seus humildes irmãos vieram da aldeia para visitar o seu irmão agora papa. Comoveram-se ao vê-lo. João XXIII, sorrindo, disse-lhes:
- Por que chorais? Os cardeais não me fizeram mal.
No primeiro Natal que passou no Vaticano, desapareceu. Descobriram que tinha ido visitar as crianças doentes de um hospital de Roma. Foi também visitar os presos e, sorrindo, contou-lhes que um familiar seu também esteve preso por andar a caçar sem licença.
Viu que a Igreja necessitava de se renovar, de entrar em diálogo com o mundo. Por isso, surpreendeu a todos com a convocação do Concílio, iniciado em 1962.
Preocupou-se com a unidade dos cristãos. Enviou representantes a Istambul para se encontram com o patriarca ortodoxo Atenágoras. Encontrou-se com o arcebispo anglicano de Cantuária.
De entre os seus documentos, destaca-se a encíclica «Pacem in terris», onde fala do respeito pelos direitos humanos como caminho para a paz.
Faleceu em 1963, vítima de doença grave. Partiu serenamente, deixando no mundo uma imensa saudade. Em poucos anos, ele cativou católicos e não católicos.
A 3 de Setembro de 2000 foi beatificado por João Paulo II. A sua festa é celebrada a 11 de Outubro.
In C. I.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Bento XVI apresenta renúncia

Papa comunica decisão em encontro com cardeais, alegando falta de «forças» e «idade avançada»
Bento XVI anunciou hoje a sua decisão de resignar ao cargo a partir do dia 28 de fevereiro, abrindo assim caminho para a eleição de um novo Papa.
“Cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para exercer adequadamente o ministério petrino”, referiu, em latim, numa reunião com cardeais.
O Papa revelou a sua decisão durante o consistório (encontro com cardeais) que tinha sido convocado para decidir três causas de canonização.
Bento XVI admitiu que este é um momento “de grande importância para a vida da Igreja” e diz ter chegado à conclusão de ser melhor resignar “após ter repetidamente examinado a sua consciência diante da Deus”.
"No mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado", explica.
O Código de Direito Canónico, prevê a possibilidade jurídica de renúncia por parte do Papa e esta renúncia não precisa de ser aceite por ninguém para ter validade, como indica o Cânone 332.
O que se exige é que o Papa renuncie livremente e que manifeste a sua decisão de modo claro e público, como aconteceu esta manhã no Vaticano.
"Bem consciente da gravidade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de bispo de Roma, sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos cardeais em 19 de abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de fevereiro de 2013, às 20h00, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice", declarou Bento XVI.
O Papa agradeceu aos presentes “todo o amor e a fadiga” com que o apoiaram e pediu “perdão” por todos os seus defeitos.
Pelo que me diz respeito, nomeadamente no futuro, quero servir de todo o coração, com uma vida consagrada à oração, a Santa Igreja de Deus”, concluiu.
O último caso de renúncia, situação pouco comum na história da Igreja, tinha sido o do Papa Gregório XII, em 1415.
Joseph Ratzinger, que foi eleito em abril de 2005 para suceder a João Paulo II, vai completar 86 anos de idade dentro de 2 meses.
A partir das 20h00 (menos uma em Lisboa) do dia 28 de fevereiro, a Igreja fica em estado de "Sé Vacante", sendo convocado um Conclave para a eleição de um novo Papa.
Em abril de 2009, Bento XVI realizou um gesto simbólico ao depositar o pálio – insígnia pessoal e de autoridade - junto da porta santa da Basílica de de Collemaggio, de L’Aquila (Itália), que lhe fora imposto no dia do início de pontificado, em cima do relicário com os restos mortais do Papa Celestino V (1215 - 1296), pontífice que governou a Igreja Católica apenas durante uns meses, em 1294, antes de apresentar a sua renúncia.
In Agência Ecclesia

Bento XVI anuncia resignação: "Já não tenho forças" (Renascença)


 

O Papa Bento XVI anunciou hoje a resignação ao pontificado, a partir do dia 28 de fevereiro. É muito raro um Papa resignar ao pontificado, o último caso foi o do Papa Gregório XII, em 1415.

LOURDES E OS DOENTES

Comemora-se neste dia 11 o "DIA MUNDIAL DO DOENTE", bem como os 155 anos da Aparição de Nossa Senhora de Lourdes à pequena pastora de 14 anos Benardette Soubirous no dia 11 de Fevereiro de 1858.
l

domingo, 10 de fevereiro de 2013

REVISTA «CRUZADA»


 

Fundada em 1930, é uma revista mensal, ilustrada, com 32 páginas. Tem como finalidade principal a difusão da doutrina da Igreja Católica, na fidelidade aos ensinamentos do Magistério, e o incremento e evangelização da piedade popular.
Pensada, inicialmente, para as crianças e jovens, acabou por fazer sucesso junto de leitores de todas as idades. A confirmá-lo está a tiragem mensal (90.000 exemplares), que faz desta revista um dos órgãos de comunicação da Igreja Católica em Portugal com maior difusão. Está presente junto dos emigrantes portugueses, tendo assinantes em 82 países.
Mantém desde há longos anos uma secção mensal – Testemunhos Vivos – destinada a publicar cartas de leitores que testemunham o poder da fé e da confiança em Deus, nas mais diversas e, por vezes, dramáticas circunstâncias.
Outra secção mensal intitula-se Perguntas com Resposta e destina-se a esclarecer dúvidas, no âmbito da fé, da moral e da religião, na fidelidade ao Magistério da Igreja Católica.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Tema do 5º Domingo do Tempo Comum - Ano C

A liturgia deste domingo leva-nos a reflectir sobre a nossa vocação: somos todos chamados por Deus e d’Ele recebemos uma missão para o mundo.
Na primeira leitura, encontramos a descrição plástica do chamamento de um profeta – Isaías. De uma forma simples e questionadora, apresenta-se o modelo de um homem que é sensível aos apelos de Deus e que tem a coragem de aceitar ser enviado.
No Evangelho, Lucas apresenta um grupo de discípulos que partilharam a barca com Jesus, que acolheram as propostas de Jesus, que souberam reconhecê-l’O como seu “Senhor”, que aceitaram o convite para ser “pescadores de homens” e que deixaram tudo para seguir Jesus… Neste quadro, reconhecemos o caminho que os cristãos são chamados a percorrer.
A segunda leitura propõe-nos reflectir sobre a ressurreição: trata-se de uma realidade que deve dar forma à vida do discípulo e levá-lo a enfrentar sem medo as forças da injustiça e da morte. Com a sua acção libertadora – que continua a acção de Jesus e que renova os homens e o mundo – o discípulo sabe que está a dar testemunho da ressurreição de Cristo.

Padres Dehonianos

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Deus verdadeiro de Deus verdadeiro — esta é a nossa fé (11)

— reflexão semanal sobre o credo niceno-constantinopolitano —  

A reduplicação da divindade de Jesus Cristo expressa no «Credo» não acrescenta, apenas reforça a doutrina trinitária acerca de Deus. O que se proclama, de novo, é a natureza divina de Jesus Cristo por inteiro. Jesus Cristo é Deus a partir do próprio Deus: «Deus verdadeiro de Deus verdadeiro». [Para ajudar a compreender melhor, ler: 1João 2, 21-25; Catecismo da Igreja Católica, números — os mesmos do tema anterior — 249-256; 261-262]

«Todo aquele que nega o Filho fica sem o Pai; aquele que confessa o Filho tem também o Pai» — este comentário da Primeira Carta de João revela as linhas essenciais da falsa doutrina defendida pelos «anticristos», como os classifica o autor da Carta. Esta heresia considerava impossível o mistério da Encarnação. Mas, para o autor da Carta, negar a divindade de Jesus significava não estar em comunhão com o Pai (Deus). Negar a identidade de Jesus Cristo (verdadeiro Deus e verdadeiro homem) significava ser «anticristo». Podemos depreender através de toda a Primeira Carta de João que se tratava de uma doutrina bastante difundida e com muita aceitação entre os cristãos.

Deus verdadeiro de Deus verdadeiro. Esta reduplicação do «Credo» sugere de novo uma ligação profunda na Trindade de Deus; aqui, entre o Pai e o Filho (Jesus Cristo). «O essencial não é que Cristo tenha pregado uma verdade divina, mas que ele, real e fisicamente, é a própria verdade divina. Não é unicamente profeta e pregador, mas realidade fisicamente existente sobre a Terra. Ele é o próprio Deus. Com isso, o acesso a Deus não é simplesmente a aceitação de umas verdades pela via da transcendência. É algo mais profundo. É que a via mística da transcendência é ele» (Xavier Zubiri, «El problema filosófico de la historia de las religiones», Alianza Ed., Madrid, 1993, 329-330).
Como já vimos em temas anteriores, foram várias as (falsas) doutrinas que puseram em causa a identidade divina e humana de Jesus Cristo. Agora, apresentamos mais uma falsa doutrina, uma «heresia» (doutrina ou linha de pensamento que é contrária ao ensino oficial).

Gnosticismo. A doutrina gnóstica ultrapassa a dimensão cristã. É uma conceção religiosa muito antiga e que se infiltrou na Igreja gerando uma heresia com a qual já se defrontaram os Apóstolos e os primeiros cristãos, entre os quais podemos assinalar Santo Ireneu (130-200) na obra «Contra os Hereges». Existem diversas correntes de gnosticismo. Em geral, os adeptos desta doutrina (gnósticos) acreditam que existem dois deuses: um deus bom e outro mau. O mundo foi criado pelo deus mau. Por isso, para eles tudo o que é material tem de ser desprezado. O espiritual é o que interessa, porque é obra do deus bom. Para compreender a totalidade desta doutrina é necessário um aprofundamento maior. Aqui, situamo-nos apenas no âmbito da afirmação da divindade de Jesus Cristo. Ora, para os gnósticos, Jesus Cristo não é nem Deus nem humano. O deus bom enviou ao mundo o seu mensageiro, Jesus Cristo. Este seria uma espécie de «avatar» portador da «gnose» (um conhecimento revelado a alguns escolhidos e que leva à salvação, que consiste na libertação da carne, da matéria). Por isso, Jesus não teria tido um corpo de verdade, mas apenas um corpo aparente (docetismo: doceta quer dizer aparente). Esta doutrina põe em causa a identidade de Jesus Cristo, porque nega quer a divindade quer a humanidade. Um conhecimento destas afirmações gnósticas ajuda-nos não só a perceber a dinâmica da elaboração do «Credo niceno-constantinopolitano», mas também a compreender melhor alguns dos escritos do Novo Testamento. A Primeira Carta de João foi escrita para combater esta heresia. «A Carta não foi escrita apenas para reavivar a fé em Cristo e o amor aos irmãos; parece ser, antes de mais, um escrito polémico: perante a ameaça de erros graves, apresenta fórmulas claras e confissões obrigatórias da fé, como garantia da fé genuína e sinal da ortodoxia (4, 1-3). Parece que se enfrenta com os gnósticos, que afirmavam ter um conhecimento direto de Deus e negavam tanto a vinda de Deus ‘em carne mortal’ (4, 2) como a identidade entre o Cristo celeste e o Jesus terreno (2, 22). Para eles, o Jesus não passava de um mero instrumento de que o Cristo celeste se tinha servido para comunicar a sua mensagem, descendo a Ele por ocasião do Batismo e abandonando-o por ocasião da Paixão; e assim negavam a Incarnação e a morte do Filho de Deus, e o seu valor redentor» (Bíblia Sagrada, Introdução às Cartas de João, ed. Difusora Bíblica, Fátima 2008, 2013).

O gnosticismo (cristão) é uma falsa doutrina que tem ganho ascendente nas novas formas de religiosidade

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Os da Comunicação Social têm todos um medo terrível de levar um tiro, por isso: caladinhos que nem uns cobardes!...

O que seria se tivesse sido a Igreja Católica a proferir, num só ano, os seguintes ditames religiosos!?


Destruir as pirâmides;
Autorizar a pedofilia;
Permitir a mentira e a hipocrisia;
Autorizar a morte de quem protesta contra a evangelização da sociedade;
Proibir o cumprimentar os muçulmanos;
etc...
Mas como foram os líderes muçulmanos egípcios a fazer isso, nada se diz...
Link: aqui

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Ano da Fé, Ano da Graça do Senhor. Vamos aproveitá-lo!

«O Senhor enviou-me a proclamar o ano da graça do Senhor» (Lc 4,19; Is 61,2a). Fico então a pensar convosco: “2013, um ano da graça do Senhor”?! Parece estranho! Afinal, todos falam tão mal deste ano, como uma espécie de «ano de vingança» (Is 61,2b), mas Jesus vem dizer-nos, precisamente hoje, que este ano de 2013, é mais um ano da graça, um tempo favorável da parte do Senhor, um tempo especial, “um tempo de graça” (PF 15), que o Santo Padre nos propôs, como um «Ano da Fé»!
Então, eu interrogo-me, perante este dom: Como aproveitar, como viver pessoalmente, na minha vida, este ano do Ano da Fé, para que ele seja verdadeiramente um “ano da graça do Senhor”?
3. As leituras que escutámos dão-nos sugestões muito simples e concretas. E uma breve passagem pelas leituras indica-nos algumas atitudes, para que possamos aproveitar esta graça para crescer na fé:
1. Valorizar «o dia consagrado ao Senhor»! Para os judeus, era o sábado, o sétimo dia. Também Jesus, como judeu, fiel e piedoso, “segundo o seu costume, ia à sinagoga” (Lc 4,16), neste dia, para rezar com o seu povo. Para os cristãos, o dia consagrado ao Senhor, será o domingo, o primeiro dia da semana, o dia da Ressurreição de Jesus. Neste Ano da Fé, não deixemos de valorizar o Domingo, a partir da Eucaristia. A Eucaristia é o coração do domingo. Sem a Eucaristia, o Domingo é apenas uma interrupção, na sequência dos dias úteis. Deixa de ser um dia de festa e de repouso, um dia do Senhor, para o louvor de Deus. Neste Ano da fé devemosintensificar a celebração da fé, particularmente na Eucaristia, que é a meta e a fonte de toda a vida cristã (PF 9). A Liturgia é a nossa primeira escola da fé!
1.1. Façamos então da Eucaristia, um compromisso irrenunciável, “o mistério admirável” e não o sacramento descartável da nossa fé, como se fosse algo de acessório, de secundário, de dispensável.
1.2. Demos ainda mais tempo, mais espaço, para Deus, na celebração da Eucaristia, sem atrasos na entrada, sem pressas na saída;
1.3. Não vivamos a Eucaristia como um costume, a que somos obrigados. Vivamos a Eucaristia, na alegria da grande família reunida, em comunhão;
2. Valorizar a Palavra de Deus. Há que dar mais tempo, mais importância, mais atenção à leitura e à escuta da Palavra de Deus. “Que a Palavra de Deus avance e seja glorificada” (II Tes 3,1; cf. PF 15), especialmente neste Ano da Fé. Façamo-lo:
2.1. Pessoalmente e em família, com a leitura diária, de cinco a dez linhas, das páginas evangélicas. Saibamos abrir o livro das Escrituras, para colher a mensagem que Deus tem para nós, hoje, neste dia, em cada dia;
2.2. Em grupo de reflexão ou de oração, para compreender melhor a Palavra e a poder levar à vida (participemos mais na lectio divina, na catequese);
2.3. Em assembleia litúrgica: este é, sem dúvida, o âmbito privilegiado onde Deus nos fala, no momento presente da nossa vida (cf. Verbum Domini, 52). Não basta chegar ao Credo. É preciso que escutemos toda a Palavra, que a Igreja nos propõe em cada celebração.
3. Valorizar a minha pertença e a minha participação na vida da Comunidade. Na verdade, eu só sou, porque os outros são. Sozinho, não sou nem vivo, como cristão! Todos nós – dizia-nos São Paulo – formamos um só Corpo. Cada um de nós é membro de um mesmo Corpo, o Corpo de Cristo, que é a Igreja. Cada qual, na sua parte, com o que tem de seu e de próprio. Neste Ano da Fé, cada um procure dar algo, de si ou de seu, à vida desta comunidade, com um empenho mais concreto, seja num simples contributo material, seja num humilde serviço pastoral. Na verdade, “os crentes fortificam-se acreditando” (Santo Agostinho; PF 7). Vivamos a fé “na grande comunhão da Igreja” (Notas para o Ano da Fé, 10).
Três coisas apenas. Mas isto bastaria, para transformar a malfadada desgraça do ano 2013, na graça que para todos é, este tão belo e tão rico e tão desafiador Ano da Fé.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O Humor no Religioso


ANEDOTA DA SEMANA
O Zeca ouviu o sr. Padre a dizer na Missa que nós somos a igreja de Cristo.
Daí a dias a mãe bateu-lhe no rabito e o petiz, zangado, diz à mãe:
– Não se bate na igreja!
Mas eu não bati na igreja! Bati apenas na sacristia!...

Ai o Evangelho deste Domingo!...

Muitas vezes é difícil escutar as pessoas que vivem connosco. Parece que todos nós somos mais solícitos a escutar um estranho ou alguém que venha de fora do que alguém que nós conhecemos e com quem convivemos. E que dizem exactamente as mesmas coisas que nós, os da terra. Outras vezes só damos valor às palavras pronunciadas por pessoas que não sejam da nossa convivência.
Quantas vezes escutamos os pais queixarem-se que os seus filhos não escutam os seus conselhos ou não ouvem as suas palavras? Porque será que custa tanto acreditar nas pessoas que conhecemos? Ou porque será que os jovens mais depressa escutam os amigos e companheiros do que seus os pais e irmãos? Não sabemos bem porque tal acontece. Porém, podemos ensaiar alguma explicação.
A tendência humana mais frequente, é para reconhecer desde logo que o que é de fora é que é bom. Não valorizamos o que somos e o que temos dentro da nossa casa.
Isto que escrevo, vem a propósito da (magnífica, sem dúvida) conferência e diálogo do Bispo José Cordeiro, de Bragança-Miranda, que veio até nós para falar da Liturgia e de coisas afins.
Ninguém é profeta na sua terra. Grande verdade! Mas no Pico isto ainda é mais evidente e expressivo. Uma canalhice religiosa e pouco cristã que anda por aí...