Agenda Paroquial:

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Doze Regras de Ouro

1. Por estares alegre e feliz dá graças a Deus.

2. De manhã, faz uma oração fervorosa, oferecendo o teu dia.

3. No trabalho, coloca uma boa intenção.

4. Se sofres, luta e não te deixes abater.

5. Se te ofendem, aprende a perdoar.

6. Perante o erro dos outros, sê compreensivo.

7. Se fores culpado, arrepende-te e pede perdão.

8. Perante o fracasso, volta a começar.

9. Sê humilde perante uma boa acção.

10. Alivia a dor ajudando quem sofre.

11. Ao chegar a noite, esquece o negativo.

12. E agradece a Deus por mais um dia.


Senhor, abençoa os meus ouvidos, para que saibam ouvir a tua voz e percebam claramente o grito dos aflitos; que saibam ficar surdos ao palavreado e ao ruído inútil, mas atentos às vozes que chamam e pedem ajuda e compreensão, ainda que incomodem o meu bem-estar.

Sabine Naegeli


quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Há Anjos na Terra! Que alguns fossem crianças e adolescentes é que impõe respeito e a devida vénia!...

UM GAROTO DE SEIS ANOS E UM SONHO. PRECISA DIZER MAIS???

Este Menino conseguiu aquilo que os Politicos Mundiais nao conseguem



Ryan nasceu no Canadá, em maio de 1991.
...

Quando pequeno, na escola, com apenas seis anos, sua professora lhes falou sobre como viviam as crianças na África.

Profundamente comovido ao saber que algumas até morrem de sede, sendo que para ele próprio bastava ir a uma torneira e ter água limpa.

Ryan perguntou a professora quanto custaria para levar água para a Africa, e a professora lembrou que havia uma organização chamada "WaterCan", que poderia fazer poços custando cerca de 70 dólares.

Quando chegou em casa, foi direto a sua mãe Susan e lhe disse que necessitava de 70 dólares para comprar um poço para as crianças africanas. Sua mãe disse que ele deveria conseguir o dinheiro pelo seu esforço, e deu-lhe tarefas em casa com as quais Ryan ganhava alguns dólares por semana.

Finalmente reuniu os 70 dólares e foi para a "WaterCan". Quando atenderam, disseram-lhe que o custo real da perfuração de um poço era de 2.000 dólares.. Susan deixou claro que ela não poderia lhe dar todo esse dinheiro, mas Ryan não se rendeu e prometeu que voltaria com os 2.000.

Passou a realizar tarefas na vizinhança e acumulando dinheiro, o que contagiou seus irmãos, vizinhos e amigos, que puseram-se a ajudar. Até reunir o dinheiro necessário. E em janeiro de 1999 foi perfurado um poço numa vila ao norte de Uganda.

Quando o poço ficou pronto, a escola de Ryan começou a se
corresponder com a escola que ficava ao lado do poço. Assim Ryan conheceu Akana: um jovem que lutava para estudar a cada dia. Ryan cativado, pediu aos pais para viajar para conhecer Akana. Em 2000, chegou ao povoado, e foi recebido por centenas de pessoas que formavam um corredor e gritavam seu nome.
- Sabem meu nome? - Ryan surpreso pergunta ao guia.
- Todo mundo que vive 100 quilômetros ao redor sabe. respondeu.

**
 Hoje em dia Ryan, com quase 22 anos, tem sua própria fundação e já levou mais de 400 poços para a Africa. Encarrega-se também de proporcionar educação e de ensinar aos nativos a cuidar dos poços e da água.

Fonte: aqui

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Igrejas abertas, por vontade do povo, pode levar a devotas loucuras. Temos alternativas eléctricas.

CUIDADO COM AS VELAS!

PERIGO DE INCÊNDIO

Não deixe velas a arder dentro das Igrejas ou das capelas. Pode ser responsável pelas calamidades do incêndio e da destruição.
Nunca deixe velas a arder quando o templo está sem ninguém!
...
Pense em Deus e nos outros.
Nunca coloque velas em cima de toalhas ou junto à talha (ou, com a igreja fechada, acesas no chão escostadas à madeira e tinta das portas).
Lembre-se: há outras formas de cumprir a sua promessa, ficando de consciência tranquila.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Pensamentos


Apanham-se
mais moscas com uma colher de mel do que com um barril de vinagre.
S. Francisco de Sales


Rezar com
quem nos fere é um grande gesto de amor.
J. Tavares


Conheço
as minhas limitações, e esta convicção é a minha força.
M. Gandhi


Deus não
é silencioso. Nós é que somos surdos.
P. Sertillanges


O mais
forte é aquele que sabe dominar-se num momento de cólera.
Maomé


À sombra
de um homem célebre, há sempre uma mulher que sofre.
Jules Renard


A falsa
ciência cria os ateus; a verdadeira faz o homem prostrar-se diante da
divindade.
Voltaire


Saudemos
cada novo dia com alegria e esperança, porque ele nos chega como um presente de Deus.
S. Francisco de Sales


A vida é
uma ponte. Atravessa-a, mas não fixes nela a tua morada.
Santa Catarina de Sena


O homem
está salvo a partir do momento em que se torna salvador.
Abbé Pierre

sábado, 26 de janeiro de 2013

Tema do 3º DOMINGO DO TEMPO COMUM - Ano C



A liturgia deste domingo coloca no centro da nossa reflexão a Palavra de Deus: ela é, verdadeiramente, o centro à volta do qual se constrói a experiência cristã. Essa Palavra não é uma doutrina abstracta, para deleite dos intelectuais; mas é, primordialmente, um anúncio libertador que Deus dirige a todos os homens e que incarna em Jesus e nos cristãos.
Na primeira leitura, exemplifica-se como a Palavra deve estar no centro da vida comunitária e como ela, uma vez proclamada, é geradora de alegria e de festa.
No Evangelho, apresenta-se Cristo como a Palavra que se faz pessoa no meio dos homens, a fim de levar a libertação e a esperança às vítimas da opressão, do sofrimento e da miséria. Sugere-se, também, que a comunidade de Jesus é a comunidade que anuncia ao mundo essa Palavra libertadora.
A segunda leitura apresenta a comunidade gerada e alimentada pela Palavra libertadora de Deus: é uma família de irmãos, onde os dons de Deus são repartidos e postos ao serviço do bem comum, numa verdadeira comunhão e solidariedade.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Deus de Deus, Luz da Luz — esta é a nossa fé (10)

— reflexão semanal sobre o credo niceno-constantinopolitano —

A convocação do Concílio de Niceia, em 325, teve como principal objetivo definir a divindade de Jesus Cristo, sem qualquer reserva. Esta foi uma tentativa de fazer desaparecer as doutrinas que colocavam em causa a natureza divina de Jesus Cristo. Por isso, de forma reduplicativa, o «Credo» resultante desse Concílio sublinha que Jesus Cristo é Deus a partir do próprio Deus: «Deus de Deus, Luz da Luz». [Para ajudar a compreender melhor, ler: João 1, 1-14; Catecismo da Igreja Católica, números 249-256; 261-262]

«O Verbo estava em Deus; e o Verbo era Deus» — esta proclamação inicial do evangelho segundo João faz parte de um dos hinos mais belos existentes em todo o Novo Testamento. Não são expressões abstratas ou simples enunciados filosóficos; para o evangelista — e para as comunidades que já conheciam este hino — são afirmações de fé sobre a divindade de Cristo. O «Verbo» é a tradução latina do grego «Logos» que significa «Palavra». Com este termo, o hino refere-se à pessoa divina de Jesus Cristo. Neste hino estão elencados os principais temas que vão ser desenvolvidos ao longo de todo o evangelho segundo João (cf. Bíblia Sagrada, notas ao «Prólogo» do evangelho segundo João, Difusora Bíblica). Entre outros, o tema da Luz referido no «Credo» é um dos que está em destaque: «E a Vida era a Luz dos homens. A Luz brilhou nas trevas. O Verbo era a Luz verdadeira» (cf. João 1, 4-9).

«Deus de Deus, Luz da Luz» é uma das proclamações do «Credo niceno-constantinopolitano» que reforça a divindade de Jesus Cristo (cf. tema anterior [9] — «nascido do Pai antes de todos os séculos»). Curiosamente, a afirmação «Deus de Deus, Luz da Luz» não é original do Concílio; foi utilizada pela primeira vez pelo filósofo Plotino (205-270) considerado o fundador do neoplatonismo.

Deus de Deus. A afirmação da natureza divina e humana de Jesus Cristo tem uma história longa e difícil. Muitas das tentativas para explicar a relação entre Jesus e Deus procuraram salvaguardar a transcendência de Deus, pondo em causa a natureza divina do Filho. Entre estas tentativas, destaca-se a doutrina defendida por Ario, que se transformou numa heresia (arianismo).

Arianismo. Ario (256-336) era um presbítero cristão de Alexandria, que se mostrou insatisfeito com as afirmações do «Prólogo» do evangelho segundo João, bem como outras afirmações de fé semelhantes difundidas entre os cristãos. Na tentativa de explicar a relação entre Jesus e Deus, Ario tinha dificuldade em aceitar que Jesus Cristo é Deus, da mesma natureza de Deus, faz parte de Deus (Trindade na Unidade: Um só Deus; Três Pessoas: Pai, Filho, Espírito Santo). Então chegou às seguintes afirmações: «O Filho não tem o ser ao mesmo tempo que o Pai»; «Deus, querendo criar-nos, criou primeiramente um determinado ser, que chamou Verbo, Sabedoria e Filho, a fim de nos criar por Ele»; «Jesus não é Filho de Deus por natureza e a falar com rigor, mas somente por designação e adoção, como as criaturas»; «Deus, tendo previsto que Ele seria bom, deu-lhe antecipadamente a glória que mereceu mais tarde pela sua virtude». Para Ario era inútil chamar Deus a Jesus Cristo. Aliás, essa afirmação era lesiva para a divindade. Seria suficiente apresentar Jesus como uma criatura intermédia que foi capaz de atingir uma perfeição especial. A intenção de Ario era encontrar uma linguagem de fé capaz de integrar as doutrinas filosóficas daquele tempo. Nessa tentativa foi longe demais esquecendo o Deus bíblico (revelado na Escritura) para dar mais destaque às representações filosóficas existentes na sua época. Mas Ario não foi o único. Entre outras, destaca-se também negativamente as doutrinas «adocionistas»: Jesus era um ser humano adotado por Deus. Estas doutrinas provocaram uma profunda crise dentro da Igreja. Foram vários os bispos que se deixaram seduzir pelas afirmações contrárias à divindade de Jesus Cristo. O mundo cristão esteve em perigo de «acordar» ariano, porque (como era costume naquela época) o problema não era apenas religioso; era também um problema político, em que se envolviam os responsáveis das nações. Por isso, a Igreja teve necessidade de convocar o Concílio de Niceia, em 325, para definir a natureza divina de Jesus Cristo (sobre este tema cf. AA. VV., «A fé dos católicos», Gráfica de Coimbra, Coimbra 1991, 280-282). 

Luz da Luz. Esta terminologia corresponde à filosofia defendida por Platão, onde a luz aparece como um dos predicados da divindade. Por isso, reforça a primeira afirmação: Deus é a Luz; Jesus Cristo é Deus, é Luz da Luz.

A história da definição doutrinal da divindade de Jesus Cristo continua...

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Alimento para a pessoa humana cristã e não cristã

Felizes os construtores de paz, porque serão
chamados filhos de Seus. (Mt 5,9)

Há muitas moradas em casa de meu Pai. (Jo 14,2)

Vale mais uma ração de legumes com amor, que um vitelo gordo com ódio. (Pr 15,17)

Colocarei a minha lei dentro deles. Gravá-la-ei no seu coração. (Jr 31,33)

Deus quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. (1 TM 2,4)

O homem vê o rosto, mas Deus vê o coração. (1 Sm 46,7)

Os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, os meus caminhos não são os vossos caminhos – diz o Senhor. (Is 55,8)

Vós sois a luz do mundo. (Mt 5,14)

Como o barro nas mãos do oleiro, assim as pessoas estão na mão do seu Criador. (Sir 33,13)

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Li e recomendo: «Vaticano II ao alcance de todos»

Autor: António Baltasar Marcelino
ISBN: 978-989-673-282-0Nº Páginas: 160Formato: 14x1x21Peso: 200 gr.Edição:
Descrição: Sabemos todos da importância do Concílio Vaticano II no século XX, que continua a servir de bússola para o novo século. O que não sabemos é explicá-lo, trocá-lo por miúdos, aproximá-lo, colher as suas linhas essenciais num resumo que sirva tanto para a catequese como para a formação pessoal ou para uma simples conversa. Por isso, saudamos este texto de D. António Marcelino, que representa, a vários níveis, o contributo que faltava. Que ele seja instrumento evangélico na cultura, e de inspiração da ação dos cristãos!

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Um medo meu (e de alguns padres, poucos)

As coisas na nova paróquia estão a correr bem, escrevia eu há uns meses no meu caderno de ideias ou apontamentos só meus. Relativamente bem, escrevi a seguir. E refiz a frase. O padre é relativamente novo (de meio uso). Sabe sorrir e gargalhar com uma boa conversa com anedótico sadio à mistura. Dizem que sabe falar. Dizem que é dinâmico. Que a paróquia agora não pára. Com actividades e planos, impensáveis há tempos atrás. Que voltou a aparecer no mapa. A comunidade parece viva, a viver. Um novo produto vende. A imagem também e a do padre não é assim tão má, como afirmam as más línguas (sobretudo as clericais, mas também outras da plebe e de pseudo-intelectuais covardes do meio, que agora sabem mesmo tudo sobre tudo e que espalham veneno de víbora em tudo o que é almoço, jantar, adega, ou casa de mulheres despidas, sobre os que não se podem defender, porque não estão lá para ouvir e ripostar na justa medida). Quero pensar que sim. Mas a verdade é que a imagem que queremos passar aos outros tem muito a ver com os medos que temos. Um dos maiores medos do mundo, senão o maior, é o medo do que os outros pensam de nós. E paralisa-nos. Chega a atrofiar o que somos, a apagar o que de melhor temos, ou ainda a apagar-nos. Criam em nós um outro eu. Tiram-nos a possibilidade de sermos livres. De sermos autênticos. De sermos. E por isso tenho medo de estar a preservar mais a minha imagem que a imagem de Deus. Tenho medo de não ser imagem de Deus.
Isto faz-me atrasar o sono algumas noites.
O culto da personalidade é uma coisa que nem os padres escapam. E quanto mais narcisistas são, pior. E se o padreco tem um toquezinho a efeminado, aí é um caso perdido. E, a meu ver, existem tantos, demasiados.
Insistindo: tenho medo de não ser imagem de Deus. Se eu fosse muito humano estava bem. Mas há muito de animalesco a correr nas  minhas veias, e nos neurónios. Caramba! Quando me liberto?!

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Para onde isto vai, Senhor!


Uma crise bem pior
O ano findo terá deixado poucas saudades. No aspecto económico como no de comportamentos. E já há muito que isto se adivinhava. Duma liberdade sem peias não era de esperar outra coisa.
Hoje vou escrever só sobre a crise da família. E as estatísticas referem que este ano, mais de metade dos homicídios foram cometidos no seio familiar 

Um selvagem agride a mulher ou marido até à morte, outro mata o filho ou filhos do cônjuge só para lhe causar sofrimento, outro viola, durante anos, uma criança, outro esfaqueia por dá cá aquela palha.
Rui Rangel, presidente da Associação de Juízes para a Cidadania diz que o crime vai aumentar. "Estamos a potenciar uma sociedade cada vez mais violenta, com estas ideias materialistas e neoliberais em que só conta o lucro e não as pessoas. Isto potencia o crime e, por isso, admito que vai aumentar este tipo de crime dentro das famílias. E quanto maior for a crise, maior será a violência".
Falhas enormes na formação moral e cívica das novas gerações, com as famílias a abandonar dia a dia a sua função educativa, códigos penal e do processo penal débeis e inadequados às violências do nosso tempo, demasiada benevolência e fraquezas da Justiça, postura cada vez mais pusilânime da sociedade, têm levado a este trágico e extremamente perigoso estado das coisas entre nós.
Estamos a precisar não apenas duma reforma económica, mas também duma ampla reforma moral e, sobretudo, de gente nos centros de decisão que decida corajosamente em defesa das vítimas, pacifique a sociedade, seja modelo claro das virtudes cívicas e não tenha medo de meter ombros à tarefa de promover uma verdadeira prevenção geral e de combater frontalmente a violência, particularmente quando são seus alvos os mais fracos e indefesos.
                                                                                                                                                     M. V. P.

Do Jornal Amigo do Povo

domingo, 20 de janeiro de 2013

Li e recomendo: Colecção «Introdução à Fé»


Uma grande iniciativa pastoral por ocasião do Ano da Fé (11 de outubro de 2012 − 24 de novembro de 2013)
A PAULUS Editora apresenta a nova coleção INTRODUÇÃO À FÉ, que é um extraordinário percurso em oito etapas para aprofundarmos o fundamento da fé cristã: Jesus Cristo morto e ressuscitado.
No início do Ano da Fé, a nova coleção INTRODUÇÃO À FÉ é um instrumento indispensável para viver intensamente este momento importante.
Uma série verdadeiramente "para todos", para os que creem e para os que buscam respostas.
Útil para leitura pessoal e como instrumento pastoral para grupos e comunidades.
8 volumes.
Uma oportunidade única.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Tema do 2º Domingo do Tempo Comum - Ano C






A liturgia de hoje apresenta a imagem do casamento como imagem que exprime de forma privilegiada a relação de amor que Deus (o marido) estabeleceu com o seu Povo (a esposa). A questão fundamental é, portanto, a revelação do amor de Deus.
A primeira leitura define o amor de Deus como um amor inquebrável e eterno, que continuamente renova a relação e transforma a esposa, sejam quais forem as suas falhas passadas. Nesse amor nunca desmentido, reside a alegria de Deus.
O Evangelho apresenta, no contexto de um casamento (cenário da “aliança”), um “sinal” que aponta para o essencial do “programa” de Jesus: apresentar aos homens o Pai que os ama, e que com o seu amor os convoca para a alegria e a felicidade plenas.
A segunda leitura fala dos “carismas” – dons, através dos quais continua a manifestar-se o amor de Deus. Como sinais do amor de Deus, eles destinam-se ao bem de todos; não podem servir para uso exclusivo de alguns, mas têm de ser postos ao serviço de todos com simplicidade. É essencial que na comunidade cristã se manifeste, apesar da diversidade de membros e de carismas, o amor que une o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Padres Dehonianos

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Nascido do Pai antes de todos os séculos — esta é a nossa fé (9)

— reflexão semanal sobre o credo niceno-constantinopolitano —

A afirmação da identidade divina de Jesus Cristo ocupa uma parte significativa do «Credo Niceno-constantinopolitano». Nos outros «Credos» (Batismal e Símbolo dos Apóstolos) essa referência está apenas associada à filiação («seu único Filho»). As discussões posteriores sobre a divindade de Jesus Cristo levaram a Igreja a explicitar com mais ênfase essa mesma realidade, tal como está expressa no «Credo» que surgiu dos Concílios de Niceia e Constantinopla. [Para ajudar a compreender melhor, ler: João 17, 1-26; Catecismo da Igreja Católica, números 249-256]

«Aquela glória que eu tinha junto de ti, antes de o mundo existir» — é uma das afirmações que encontramos no evangelho segundo João para referir a existência do Filho, a Segunda Pessoa da Trindade, antes do ato criador. Logo no início o evangelista afirma: «No princípio existia o Verbo; o Verbo estava em Deus; e o Verbo era Deus» (João 1, 1). E a terminar este prólogo acrescenta: «A Deus jamais alguém O viu. O Filho Unigénito, que é Deus e está no seio do Pai, foi Ele quem o deu a conhecer» (João 1, 18). «Eu e o Pai somos um» — afirma Jesus numa das controvérsias com os dirigentes judaicos. E, num dos diálogos com os discípulos, concluiu: «Eu saí de Deus. Saí do Pai e vim ao mundo» (João 16, 27-28). É desnecessário elencar aqui todas as referências bíblicas. O mais importante é reforçar a ideia de que há uma profunda relação entre o Pai e o Filho.

As afirmações do «Credo» que rementem para a divindade de Jesus Cristo tornam quase inevitável a repetição dos conceitos. Por outro lado, é também difícil evitar as terminologias e as categorias filosóficas que estão associadas à elaboração do «Credo niceno-constantinopolitano». O objetivo é sempre ajudar a entender melhor o que dizemos ao professar a fé na recitação do «Credo».

Nascido do Pai antes de todos os séculos. A referência a Jesus Cristo, pelo menos para nós cristãos, é facilmente associada aos mistérios da Encarnação e da Ressurreição, Natal e Páscoa. São acontecimentos centrais que têm ligação estreita com o ciclo anual das celebrações litúrgicas. Por isso, para nós, não há qualquer reserva em afirmar que Jesus nasceu da Virgem Maria (cf. tema 18). Mas, antes disso, no «Credo», referimos um outro nascimento. Jesus Cristo é Filho de Deus, «nascido do Pai antes de todos os séculos». Esta afirmação remete para a existência eterna do Filho e conjuntamente para a sua eterna presença no seio da Trindade. Então, há dois nascimentos de Jesus Cristo? O bispo Máximo de Turim, um santo do século quinto, afirma num sermão sobre o Natal (a partir da tradução de «Année en fêtes», Migne 2000): «Caríssimos irmãos, há dois nascimentos em Cristo, e tanto um como o outro são a expressão de um poder divino que nos ultrapassa absolutamente. Por um lado, Deus gera o Seu Filho a partir de Si mesmo; por outro, Ele é concebido por uma virgem por intervenção de Deus. [...] Uma e outra formas de nascimento são propriamente inexprimíveis e ao mesmo tempo inseparáveis. [...] Quando ensinamos que há dois nascimentos em Cristo, não queremos com isto dizer que o Filho de Deus nasça duas vezes; mas afirmamos a dualidade de natureza num só e mesmo Filho de Deus. [...] Deus não nasce duas vezes; mas, por estes dois géneros de nascimentos – a saber, o de Deus e o do homem –, o Filho único do Pai quis ser, a um tempo, Deus e homem na mesma pessoa». Na reflexão sobre a Trindade, Hilário de Poitiers afirma: «O Pai e o Filho guardam cada qual o segredo deste nascimento. Se alguém quiser zangar-se com a sua própria inteligência por não conseguir compreender o mistério dessa geração, que saiba, pelo menos, que eu também sofro ainda mais que ele por o ignorar. Não sei, mas não me inquieto... [...] Compreendes do Filho que é a imagem, a sabedoria, o poder, a glória de Deus. [...] Então penetra neste segredo, um só Deus não gerado, um Filho único, e mergulha no mistério desse nascimento inconcebível. Começa, avança, persiste: bem sei que não conseguirás, mas, apesar de tudo, felicitar-te-ei por teres começado» (citação retirada de Ph. Ferlay, J.-N. Bezançon, J.-M. Onfray, «Para compreender o Credo», ed. Perpétuo Socorro, Porto 1993,68).

As expressões do «Credo» são consequência das discussões teológicas que vão culminar nas formulações doutrinais dos Concílios de Niceia (325), Constantinopla (381) e Calcedónia (451). Com os recursos filosóficos ao seu alcance, procuraram um modo de expressar a fé na divindade de Jesus Cristo, sem quaisquer reservas: «Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado, não criado, consubstancial ao Pai».

Do Blogue Laboratório da Fé

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Vale mesmo a pena ver, apreciar e partilhar esta maravilha(principalmente com as crianças)...


O Maestro

Olá Amigos!
 Aproveitem para mostrar aos vossos filhos e filhas,  netos e netas, pois pode ser que se entusiasmem e se apliquem na música.
Veja aqui

Quantos Josés Roncallis precisávamos hoje para abanar carreirismos...!

Mais uma de João XXIII


José Roncalli

Num dia de S. José, quando já era Papa, João XXIII falou aos cardeais sobre a convocação do Concílio. No fim, quando já dispunha de pouco tempo, lembrou-se de S. José e disse: “Hoje é dia de S. José. Que vos hei de dizer de S. José? Olhai: era tão humilde que nem sequer monsenhor o fizeram”.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Partiu esta manhã ,no Hospital de Angra, para a Casa do Pai, o nosso querido e benfeitor, filho ilustre da freguesia das Bandeiras do Pico, Monsenhor José de Lima do Amaral Mendonça, sempre conhecido e tratado carinhosamente como o Padre José de Lima. Paz à sua alma.

Um sorriso que nunca mais esqueceremos!
Muito e muito Obrigado!

Ir para lá.


Descer e subir ao céu



Um dia, ao visitar um acampamento militar, apresentaram a Giuseppe Roncalli, que era núncio em Paris, um grupo de paraquedistas. Disse-lhes então o que viria a ser o Papa João XXIII:
- Não quereria, rapazes, que à força de descerdes do céu, vos esquecêsseis da maneira de subir.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

E se fez homem — esta é a nossa fé (19)

— reflexão semanal sobre o credo niceno-constantinopolitano —

A segunda parte do (segundo) artigo do «Credo» sobre Jesus Cristo termina com a afirmação: «e se fez homem». Em Jesus Cristo, Deus humaniza-se e vive a condição humana na sua totalidade, exceto no pecado. Jesus Cristo leva à plenitude a nossa humanidade. É modelo para todo o ser humano que deseja alcançar a plena realização pessoal. Nesta simples afirmação — «e se fez homem» — está condensada toda a vida (privada e pública) de Jesus Cristo. [Para ajudar a compreender melhor, ler: Lucas 2, 39-52; Catecismo da Igreja Católica, números 512 a 570]

«Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens» — assim resume o evangelho segundo Lucas a vida de Jesus entre os doze e os trinta anos de idade. Para perceber o que é relatado pelo evangelista, é preciso ter em conta que, na mesma casa, viviam os avós, os pais, os filhos, os tios, os primos, todos os que constituíam o mesmo núcleo familiar. É este grande clã familiar que se desloca a Jerusalém. Assim, já não é tão estranho que Jesus tenha ficado no Templo, «sem que os pais o soubessem». Seria possível apenas Maria e José perderem Jesus?! Este relato é muito rico em ensinamentos teológicos. Trata-se de um episódio que nos ajuda a perceber que Jesus começa a assumir a sua própria perspetiva de vida. O início da vida adulta acontecia aos doze anos. A maioria dos rapazes e raparigas casavam por volta dessa idade, num tempo em que aos quarenta anos já se era «velho». Ao colocá-lo «no meio dos doutores», o evangelista prepara-nos para o que vai ser a vida de Jesus: a fidelidade à sua missão.
Os primeiros anos de vida relatados nos evangelhos canónicos estão reduzidos à narração dos episódios referentes ao anúncio e nascimento de Jesus acrescidos de três acontecimentos: a fuga para o Egito (evangelho segundo Mateus) e duas situações — a «apresentação» e, mais tarde, a «perda» aos doze anos (evangelho segundo Lucas) — no Templo de Jerusalém. Estas duas últimas narrações terminam com um resumo que define a autenticidade da natureza humana da criança (Lucas 2, 40.52): «Entretanto, o menino crescia e robustecia-se, enchendo-se de sabedoria, e a graça de Deus estava com Ele. [...] Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens».

E se fez homem. Jesus esteve com os seus pais, Maria e José, em Nazaré, até ao início da sua pregação, chamada «vida pública». Durante esse tempo, viveu de forma humildade e discreta, de tal modo que não existe qualquer dado bíblico sobre essa etapa da sua vida (privada). Jesus permanece em Nazaré aproximadamente até aos trinta anos de idade. A partir daí, começa a sua intensa pregação e ação. Uma atividade que vai levar à condenação à morte. Após a Páscoa de Jesus Cristo, a Ressurreição, ficaremos a saber que não se trata de um fracasso, mas de uma vitória do amor, consequência da fidelidade à sua missão: dar a conhecer o amor de Deus. No entanto — ao contrário dos relatos dos evangelhos que são extensos e detalhados —, o «Credo» nada diz sobre a forma como Jesus viveu nem sobre o que disse e fez até à crucificação. No «Credo» apenas recordamos os mistérios da Páscoa e do Natal. «Relativamente à vida de Cristo, o Símbolo da Fé apenas fala dos mistérios da Encarnação (conceção e nascimento) e da Páscoa (paixão, crucifixão, morte, sepultura, descida à mansão dos mortos, ressurreição, ascensão). Nada diz explicitamente dos mistérios da vida oculta e pública de Jesus. Mas os artigos que dizem respeito à Encarnação e à Páscoa de Jesus esclarecem toda a vida terrena de Cristo. ‘Tudo o que Jesus fez e ensinou desde o princípio até ao dia em que foi elevado ao céu’ (Atos dos Apóstolos 1, 1-2) deve ser visto à luz dos mistérios do Natal e da Páscoa» (Catecismo da Igreja Católica [CIC], 512). O Catecismo da Igreja Católica resume em quatro aspetos a vida (pública) de Jesus: toda a vida de Cristo é revelação do Pai (CIC 516); toda a vida de Cristo é mistério de redenção (CIC 517); toda a vida de Cristo é mistério de recapitulação (CIC 518); toda a vida de Cristo é modelo de perfeição (CIC 519-521). Talvez uma (próxima) revisão do texto do «Credo» possa incluir uma referência à vida de Jesus!

«Toda a vida de Cristo foi um ensinar contínuo: os seus silêncios, os seus milagres, os seus gestos, a sua oração, o seu amor pelo humano, a sua predileção pelos pequeninos e pelos pobres, a aceitação do sacrifício total na cruz pela redenção do mundo e a sua ressurreição, são a atuação da sua palavra e o cumprimento da sua revelação» (João Paulo II, Exortação Apostólica sobre a catequese, 9).


Do blogue Laboratório da Fé

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Ele sabia-a toda!


João XXIII e os decotes

Perguntaram a Giuseppe Roncalli, quando era núncio em Paris:
- Não fica incomodado quando, nas cerimónias oficiais, as senhoras se apresentam muito decotadas?
O futuro João XXIII respondeu:
- Eu não olho para elas e tenho verificado que todos os outros homens, quando elas entram, em vez de olharem para elas, olham precisamente para o núncio a ver o que faz.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Tema da Festa do Baptismo do Senhor

ANO C
1º DOMINGO DO TEMPO COMUM
FESTA DO BAPTISMO DO SENHOR

A liturgia deste domingo tem como cenário de fundo o projecto salvador de Deus. No Baptismo de Jesus nas margens do Jordão, revela-se o Filho amado de Deus, que veio ao mundo enviado pelo Pai, com a missão de salvar e libertar os homens. Cumprindo o projecto do Pai, Jesus fez-Se um de nós, partilhou a nossa fragilidade e humanidade, libertou-nos do egoísmo e do pecado, empenhou-Se em promover-nos para que pudéssemos chegar à vida plena.
A primeira leitura anuncia um misterioso “Servo”, escolhido por Deus e enviado aos homens para instaurar um mundo de justiça e de paz sem fim… Animado pelo Espírito de Deus, Ele concretizará essa missão com humildade e simplicidade, sem recorrer ao poder, à imposição, à prepotência, pois esses esquemas não são os de Deus.
No Evangelho, aparece-nos a concretização da promessa profética veiculada pela primeira leitura: Jesus é o Filho/”Servo” enviado pelo Pai, sobre quem repousa o Espírito, e cuja missão é realizar a libertação dos homens. Obedecendo ao Pai, Ele tornou-se pessoa, identificou-Se com as fragilidades dos homens, caminhou ao lado deles, a fim de os promover e de os levar à reconciliação com Deus, à vida em plenitude.
A segunda leitura reafirma que Jesus é o Filho amado que o Pai enviou ao mundo para concretizar um projecto de salvação; por isso, Ele “passou pelo mundo fazendo o bem” e libertando todos os que eram oprimidos. É este o testemunho que os discípulos devem dar, para que a salvação que Deus oferece chegue a todos os povos da terra.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

E por nós, homens, — esta é a nossa fé (15)


— reflexão semanal sobre o credo niceno-constantinopolitano — 

Jesus Cristo, Filho de Deus, vem ao mundo, habita a nossa história, para nos dar a conhecer o próprio Deus. Jesus Cristo revela-nos um Deus que ama a sua Criação, que ama os seres criados, de modo particular o ser humano. Apesar das (nossas) infidelidades, Deus nunca volta as costas, mas sempre se dispõe a amar. O Pai, que ama infinitamente todos os seus filhos, envia ao mundo o Seu Filho, Jesus Cristo, «por nós homens» — como afirmamos no «Credo». [Para ajudar a compreender melhor, ler: Primeira Carta de João 4, 7-11; Catecismo da Igreja Católica, números 385 a 421

«O amor de Deus manifestou-se desta forma no meio de nós: Deus enviou ao mundo o seu Filho Unigénito, para que, por Ele, tenhamos a vida» — esta afirmação da Primeira Carta de João destaca (de novo) o tema do amor de Deus pelos seres humanos. É, na verdade, um tema muito presente nos escritos joaninos. O autor da Carta reforça toda a sua convicção a partir de uma afirmação central: «Deus é amor». A mais bela (e até talvez a única) definição de Deus que encontramos em toda a Escritura. Esta revelação de Deus não é uma mera afirmação especulativa. É uma experiência histórica concreta. O amor de Deus não é uma realidade para explicar. «Deus é amor» através do seu agir, que se descobre de modo evidente na vida do Seu Filho, Jesus Cristo. Ele vem ao mundo, «por nós homens», para nos dar a conhecer o amor. E para nos chamar a viver nesse mesmo amor. 

E por nós, homens. No centro do «Credo» (niceno-constantinopolitano) irrompe uma afirmação da causalidade humana. Até parece «que fazemos mexer qualquer coisa do lado de Deus e do Filho por quem e para quem tudo foi feito» (Ph. Ferlay, J.-N. Bezançon, J.-M. Onfray, «Para compreender o Credo», ed. Perpétuo Socorro, Porto 1993, 78). Deus não fica nem está indiferente ao ser humano. Jesus Cristo, o Filho Unigénito de Deus, vem habitar a nossa história. «Por nós, homens». Por mim. Por ti. Por todos. «Doravante, escreve François Mauriac, no destino de todo o homem Deus estará à espreita» (Ph. Ferlay, J.-N. Bezançon, J.-M. Onfray,78). 

O pecado. A causalidade da vinda de Jesus Cristo ao mundo — «por nós homens» — assume uma dupla dimensão: do lado de Deus e do lado dos seres humanos. Da parte de Deus, como já vimos, revela-nos o seu infinito amor. Da parte dos humanos, confronta-nos com a resposta a esse amor, que pode ser uma não resposta, isto é, a infidelidade, o pecado. A plena realização do ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, só pode acontecer no amor. Infelizmente, pode não acontecer assim. O amor não se impõe. É uma escolha livre e pessoal. Pode ser recusado. Esta de recusar o amor concretiza-se no que, em linguagem religiosa, chamamos pecado. O Catecismo da Igreja Católica afirma (número 386): «O pecado está presente na história do homem. Seria vão tentar ignorá-lo ou dar outros nomes a esta obscura realidade. Para tentar compreender o que é o pecado, temos primeiro de reconhecer o laço profundo que une o homem a Deus, porque, fora desta relação, o mal do pecado não é desmascarado na sua verdadeira identidade de recusa e oposição a Deus, embora continue a pesar na vida do homem e na história». O pecado é tudo aquilo que nos impede de acolher o amor de Deus. É tudo aquilo que nega o amor: o egoísmo, o ódio, a violência, a mentira, a injustiça, a opressão, a rejeição, a intolerância, o mal... A recusa do amor desfaz a nossa harmonia interior. A relação com Deus e com os outros «fica transformada num jogo de poder, controlo e desconfiança. [...] Custa-nos acreditar num Deus que seja amor verdadeiro. E as nossas relações com os outros começam a ser dominadas pela desconfiança, pela indiferença e pela agressão» (Rui Alberto, «Eu creio, Nós cremos. Encontros sobre os fundamentos da fé», ed. Salesianas, Porto 2012, 97). Esta possibilidade de se deixar vencer pelo mal faz-nos solidários no pecado. É o que a Igreja chama de «pecado original», relatado na Bíblia de forma poética através da desobediência de Adão e Eva. O autor do livro do Génesis tem uma intenção clara: o ser humano pode deixar de confiar em Deus, pode «esconder-se» de Deus; o homem e a mulher podem usar mal a liberdade que lhe foi dada pelo Criador, recusando-se a viver no amor. 

«Apesar de a humanidade ter voltado as costas a Deus, Ele não desistiu de nós. Deus nunca abandonou a humanidade. Deus comprometeu-se ao longo de toda a história em nos dar sinais, pistas, que nos permitissem reencontrar a alegria e a salvação. E esta aposta de Deus realiza-se de forma perfeita quando Jesus vem até nós e dá a sua vida para nos salvar (Rui Alberto, 97).

Do blogue Laboratório da Fé

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Acredito tanto na distribuição (gratuita) de jornais e revistas católicos! «O Cavaleiro da Imaculada», entre outros, serve para tocar os corações, para evangelizar.

O último folheto

Todos os domingos à tarde, depois da missa da manhã na igreja, o velho padre e seu sobrinho de 11 anos saíam pela cidade e entregavam  folhetos sacros.
Numa tarde de domingo, quando chegou à hora do padre e seu sobrinho saírem pelas ruas com os folhetos, fazia muito frio lá fora e também  chovia muito. O menino  agasalhou-se e disse:
-Ok, tio padre, estou pronto.
E o padre perguntou:
-Pronto para quê?
-Tio, está na hora de juntarmos os nossos folhetos e sairmos.
O padre respondeu:
 - Filho, está muito frio lá fora e também está chovendo muito.
O menino olhou surpreso e perguntou:
- Mas tio, as pessoas não vão para o inferno até mesmo em dias de chuva?
O padre respondeu:
 -Filho, eu não vou sair com esse frio.
Triste, o menino perguntou:
-Tio, eu posso ir? Por favor!
O padre hesitou por um momento e depois disse:
 - Filho, você pode ir. Aqui estão os folhetos. Tome cuidado, filho.

-Obrigado, tio!
 Então ele saiu no meio daquela chuva. Este menino de onze anos  caminhou pelas ruas da cidade de porta em porta entregando folhetos  sacros a todos que via.
Depois de caminhar por duas horas na chuva, ele estava todo molhado, mas faltava o último folheto. Ele parou na esquina e procurou por  alguém para entregar o folheto, mas as ruas estavam totalmente  desertas. Então ele se virou em direção à primeira casa que viu e caminhou pela calçada até a porta e tocou à campainha. Tocou novamente a campainha, mas ninguém respondeu. Ele tocou de novo, mais uma vez, mas  ninguém abriu a porta. Ele esperou, mas não houve resposta.
Finalmente, este soldadinho de onze anos se virou para ir embora, mas  algo o deteve. Mais uma vez, ele se virou para a porta, tocou a campainha e bateu na porta com força. Ele esperou, alguma coisa o fazia ficar ali  na varanda. Ele  tocou de novo e desta vez a porta se abriu bem devagar.
 De pé na porta estava uma senhora idosa com um olhar muito triste. Ela  perguntou gentilmente:
-O que eu posso fazer por você, meu filho?
Com olhos radiantes e um sorriso que iluminou o mundo dela, este pequeno menino disse:
- Senhora, me perdoe se eu estou perturbando, mas eu só gostaria de  dizer que JESUS A AMA MUITO e eu vim aqui para lhe entregar o meu último folheto que lhe dirá tudo sobre JESUS e seu grande AMOR.
Então ele entregou o seu último folheto e se virou para ir embora.
 Ela o chamou e disse:
- Obrigada, meu filho!!! E que Deus te abençoe!!!
Bem, na manhã do seguinte domingo na igreja, o Padre estava no altar, quando a missa começou ele perguntou:
- Alguém tem um testemunho ou algo a dizer?
Lentamente, na última fila da igreja, uma senhora idosa se pôs de pé.
 Conforme ela começou a falar, um olhar glorioso transparecia em seu rosto.
- Ninguém me conhece nesta igreja. Eu nunca estive aqui. Vocês sabem  antes do domingo passado eu não era cristã. Meu marido faleceu a algum  tempo deixando-me totalmente sozinha neste mundo. No domingo passado,  sendo um dia particularmente frio e chuvoso, eu tinha decidido no meu coração que eu chegaria ao fim da linha, eu não tinha mais esperança  ou vontade de viver.
Então eu peguei uma corda e uma cadeira e subi as escadas para o sótão  da minha casa. Eu amarrei a corda numa madeira no telhado, subi na  cadeira e coloquei a outra ponta da corda em volta do meu pescoço.
 De pé naquela cadeira, tão só e de coração partido, eu estava a ponto  de saltar, quando, de repente, o toque da campainha me assustou. Eu  pensei:
 - Vou esperar um minuto e quem quer que seja irá embora.
Eu esperei e esperei, mas a campainha era insistente; depois a pessoa  que estava tocando também começou a bater bem forte. Eu pensei:
- Quem neste mundo pode ser? Ninguém toca a campainha da minha casa ou  vem me visitar.
Eu afrouxei a corda do meu pescoço e segui em direção à porta, enquanto a campainha soava mais alto.                                          

Quando eu abri a porta e vi quem era, eu mal pude acreditar, pois na  minha varanda estava o menino mais radiante e angelical que já vi em  minha vida. O seu SORRISO, ah, eu nunca poderia descrevê-lo a vocês!
 As palavras que saíam da sua boca fizeram com que o meu coração que  estava morto há muito tempo SALTASSE PARA A VIDA quando ele exclamou  com voz de querubim:
- Senhora, eu só vim aqui para dizer QUE JESUS A AMA MUITO.
Então ele me entregou este folheto que eu agora tenho em minhas mãos.
Conforme aquele anjinho desaparecia no frio e na chuva, eu fechei a porta e  atenciosamente li cada palavra deste folheto.
 Então eu subi para o sótão para pegar a minha corda e a cadeira. Eu  não iria precisar mais delas. Vocês vêem - eu agora sou uma FILHA  FELIZ DE DEUS!!!                  

Já que o endereço da igreja estava no verso deste folheto, eu vim aqui  pessoalmente para dizer OBRIGADO ao anjinho de  Deus que no momento certo livrou a minha alma de uma eternidade no inferno.
Não havia quem não tivesse lágrimas nos olhos na igreja.
 o Velho Padre desceu do altar e foi em direção a primeira fila onde o  seu anjinho estava sentado. Ele tomou o seu sobrinho nos braços e  chorou copiosamente.
Provavelmente nenhuma igreja teve um momento tão glorioso como este.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

UM CASO DE SUCESSO

De drogado a sacerdote

O Padre Roberto Dichiera, actualmente com 37 anos de idade, percorre as ruas de Roma com a finalidade de resgatar jovens viciados em drogas, um drama que conhece bem, pois ele próprio viveu, durante dez anos, os malefícios de tão degradante dependência.
Conta que se afastou da fé católica quando tinha 12 anos. «Fiz o Crisma mas, lamentavelmente, comecei a blasfemar contra a Virgem e contra Deus», recorda.
Aos 13 anos abandonou os estudos e começou uma «escalada de transgressão, de perigos, através da companhia de gente mais velha, frequência de discotecas e ingestão de álcool e drogas».
Cheguei a ser um vendedor e consumidor de droga. Não tinha nenhum sentido moral, nem acreditava minimamente em Deus. Durante quase nove anos deixei de me confessar. Não acreditava nos sacerdotes, não acreditava na Igreja, não acreditava no Papa e nunca tinha lido a Bíblia.

Até que um dia, pelos seus 20 anos, se apaixonou por uma jovem católica e começou a ir à Missa.
«Ela servia-me de exemplo; com ela comecei a rezar, a aproximar-me de novo da confissão, que há tantos anos não fazia, e a receber a Comunhão».
Nos dois anos seguintes, viveu uma transformação total «graças a esta jovem e à leitura do Evangelho – que lia às escondidas para não dar gosto aos meus pais católicos».
Em Junho de 1996, descobriu numa peregrinação Mariana a sua vocação à vida sacerdotal, «algo que nunca tinha admitido».
Roberto terminou a relação com a sua namorada e «com grande dificuldade deixou para trás o mundo das drogas e da transgressão. Foi um grande combate espiritual, uma luta; quanto mais me aproximava de Jesus, da oração e do acolhimento do Espírito Santo, mais sentia a tentação do maligno, de todas as propostas que o mundo me podia fazer para permanecer como vendedor de drogas» – recordou.
O sacerdote agora pertence à comunidade católica «Novos Horizontes», fundada pela italiana Clara Amirante, onde se desenvolve um apostolado de apoio aos jovens que vivem em dificuldade, propondo valores como a solidariedade e a cooperação.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

No seio da Virgem Maria — esta é a nossa fé (18)


— reflexão semanal sobre o credo niceno-constantinopolitano —

No mistério da Encarnação do Filho de Deus há a participação de uma jovem de Nazaré: Maria. Não podemos separar Maria de Jesus, a Mãe do Filho. «O que a fé católica crê, a respeito de Maria, funda-se no que crê a respeito de Cristo. Mas o que a mesma fé ensina sobre Maria esclarece, por sua vez, a sua fé em Cristo» — refere o Catecismo da Igreja Católica (número 487). No «Credo» proclamamos que Jesus «encarnou pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria». O grande acontecimento da Encarnação do Filho tem origem no Pai e concretiza-se pela ação do Espírito Santo «no seio da Virgem Maria». [Para ajudar a compreender melhor, ler: Lucas 2, 1-20; Catecismo da Igreja Católica, números 487 a 511]

«Completaram-se os dias de ela dar à luz e teve o seu filho» — eis o culminar do mistério da Encarnação concretizado no nascimento. No relato do evangelista Lucas, estando em Belém, Maria deu à luz o seu filho, a quem será posto o nome de Jesus. Podemos dizer que a vinda de Deus ao nosso mundo através de Jesus, um ser humano, um ser de carne e osso, é o resultado natural da forma como se desenrola toda a História da Criação e da Salvação. Deus quis precisar da colaboração livre da jovem de Nazaré, Maria. Através do seu «sim» descrito na «Anunciação», tem início a geração do Filho de Deus «no seio da Virgem Maria».

No seio (maternidade). A maternidade de Maria é a garantia do nascimento de Jesus como ser humano. Ele é dado à luz por uma mulher. «Quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher» (Carta aos Gálatas 4, 4). O mistério da Encarnação está intimamente ligado à maternidade de Maria. Nas discussões que se geraram sobre a identidade de Jesus Cristo, a Igreja proclama também a maternidade divina de Maria. Não existem dois Jesus Cristo (um humano e outro divino). «Jesus, nascido de Maria, é plenamente homem e plenamente Deus, sem confusão nem divisão, como especificará o Credo de Calcedónia no ano 451» (Bento XVI, «Jesus de Nazaré. Prólogo — A infância de Jesus», Princípia Editora, Cascais 2012, 48). A união, em Jesus Cristo, do humano e do divino acontece «no seio da Virgem Maria». Por isso, Maria é «Mãe de Deus», é mãe daquele que assume em si a natureza humana e divina. Entre a muita bibliografia sobre este assunto, tomamos a reflexão do Papa João Paulo II: «Quando o Concílio de Éfeso aplicou a Maria o título de ‘Theotokos’, Mãe de Deus, a intenção dos Padres do Concílio era garantir a verdade do mistério da Encarnação. Queriam afirmar a unidade pessoal de Cristo, Deus e Homem, uma unidade de tal forma única que a maternidade de Maria em relação a Jesus era, por isso mesmo, maternidade em relação com o Filho de Deus. Maria é ‘Mãe de Deus’ porque o seu Filho é Deus; embora seja mãe só na ordem da geração humana, dado que o Menino, que ela concebeu e deu à luz, é Deus, deve ser chamada ‘Mãe de Deus’. A afirmação da maternidade divina ilumina-nos sobre o sentido da Encarnação. Demonstra que o Verbo, Pessoa divina, se tornou humano: fez-se homem graças à participação de uma mulher na obra do Espírito Santo. Uma mulher foi associada de forma singular ao mistério da vinda do Salvador ao mundo. [...] Graças a Maria, Ele tem um verdadeiro nascimento e a sua vida na terra começa de maneira semelhante à de todos os outros humanos. Com a sua maternidade, Maria permite ao Filho de Deus ter — depois da conceção extraordinária pela ação do Espírito Santo — um desenvolvimento e uma inserção normal na sociedade humana» (www.vatican.vaAudiência Geral de 4 de janeiro de 1984).

Virgem Maria. A maternidade de Maria é excecional na conceção e no parto. Em ambos, Maria permanece «virgem». Muito se tem escrito, não faltando opiniões a favor e contra a virgindade de Maria (antes e depois do parto). Trata-se de uma realidade de difícil compreensão para a nossa inteligência. Mas não quer dizer que seja falso! Deus que criou o mundo não pode realizar tal milagre? «A conceção e o nascimento de Jesus da Virgem Maria são elementos fundamentais da nossa fé e um luminoso sinal de esperança» (Bento XVI, «Jesus de Nazaré. Prólogo — A infância de Jesus», 52).

Em resumo podemos dizer: «A virgindade de Maria manifesta ‘a iniciativa absoluta de Deus na Encarnação’. A maternidade manifesta a fiel participação de Maria na obra do Espírito Santo. [...] Juntos, virgindade e maternidade, manifestam aquilo que a Igreja e cada cristão devem ser: anunciadores e portadores de Cristo» (Rui Alberto, «Eu creio, Nós cremos. Encontros sobre os fundamentos da fé», ed. Salesianas, Porto 2012, 107).
Do blogue Laboratório da fé

domingo, 6 de janeiro de 2013

Li e recomendo: «Esta é a nossa Fé»

 
Uma explicação do «Credo» que aprendemos na infância e na adolescência e que repetimos em todas as Missas Dominicais, de modo a redescobrirmos a sua beleza surpreendente e o seu significado autêntico, e a fazer com que se torne o verdadeiro e decisivo «sinal distintivo» do nosso ser cristão.

sábado, 5 de janeiro de 2013

TEMA da EPIFANIA

Solenidade da Epifania do Senhor
Ano C - Tempo do Natal


A liturgia deste domingo leva-nos à manifestação de Jesus como "a luz" que atrai a Si todos os povos da terra. Essa "luz" incarnou na nossa história, a fim de iluminar os caminhos dos homens com uma proposta de salvação/libertação.
A primeira leitura anuncia a chegada da luz salvadora de Jahwéh, que alegrará Jerusalém e que atrairá à cidade de Deus povos de todo o mundo.
No Evangelho, vemos a concretização dessa promessa: ao encontro de Jesus vêm os "Magos", atentos aos sinais da chegada do Messias, que O aceitam como "salvação de Deus" e O adoram. A salvação, rejeitada pelos habitantes de Jerusalém, torna-se agora uma oferta universal.
A segunda leitura apresenta o projecto salvador de Deus como uma realidade que vai atingir toda a humanidade, juntando judeus e pagãos numa mesma comunidade de irmãos - a comunidade de Jesus.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Li e recomendo: «Vaticano II, um Concílio Pastoral»

 
 
O autor recolheu o que de mais importante se escreveu sobre o Vaticano II e ainda como foi recebido e posto em prática. Recorda o que foi o Vaticano Ii, como se desenrolou e que mensagem propôs. Analisa as quatro Constituições consideradas como os documentos decisivos e faz uma avaliação do período pós-conciliar.
 
Das Edições Paulistas, 1990

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Pai Nosso/Filho Meu

Filho meu, que estás na terra e te sentes preocupado, confundido, desorientado, solitário, triste e angustiado. Eu conheço perfeitamente o teu nome e pronuncio-o bendizendo-o, porque te amo como és. Juntos construiremos o meu Reino, do qual te fiz meu herdeiro. Tu não estás só, porque Eu estou em ti,  como tu estás em Mim.

Desejo que faças sempre a minha vontade, porque a minha vontade é que tu sejas humanamente feliz.

Assim, terás o pão de cada dia… Mas recorda que não é só teu. Reparte-o com quem não tem, pois é para ti e para todos os teus irmãos…

Desculpo sempre todas as tuas ofensas. Desculpo-as até mesmo antes que aconteçam, pois também sei que é a forma para aprenderes a crescer, identificando-te comigo. Essa é a tua vocação…

Quero que, da mesma forma, saibas perdoar aos que te ofendem. Sei que terás tentações, mas estou seguro
que, com a minha força, sempre vencerás e seguirás em frente…

Segura sempre na minha mão e Eu te darei o discernimento necessário para que sintas que te acompanho e te livro do mal…

Nunca te esqueças que, desde sempre te amo e te amarei até ao fim dos tempos, porque estou em ti e tu em Mim…

Charles Péguy

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

E encarnou pelo Espírito Santo — esta é a nossa fé (17)


— reflexão semanal sobre o credo niceno-constantinopolitano —

Nós, cristãos, acreditamos que o menino a quem foi dado o nome de Jesus (filho de José e de Maria), que nasceu (em Belém) e viveu (em Nazaré) num determinado contexto histórico (no tempo do rei Herodes) e geográfico (na Palestina) é o próprio Deus que se humaniza, que vem habitar na nossa história. A este mistério, que nunca seremos capazes de compreender na totalidade, chamamos «Encarnação» (também se pode utilizar o termo «Incarnação»). Este grande acontecimento tem origem no Pai e concretiza-se pela ação do Espírito Santo. [Para ajudar a compreender melhor, ler: Lucas 1, 26-35; Catecismo da Igreja Católica, números 461 a 486]

«O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra» — comunica o anjo Gabriel a Maria, no episódio da «Anunciação» relatado pelo evangelista Lucas. No diálogo, Maria parece pedir ajuda para compreender o que acaba de lhe ser dito: «Como será isso [...]?». O mensageiro de Deus explica-lhe as circunstâncias especiais desta conceção: «O Espírito Santo virá sobre ti». A presença do Espírito remete-nos para o ato criador de Deus (cf. tema 5). Agora, com este «anúncio» Deus realiza uma nova criação! Também a afirmação seguinte — «e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra» — está profundamente ligada a referências bíblicas: a «nuvem» que cobre a tenda da reunião (no livro do Êxodo 40, 34) ou a «nuvem» que enche o templo (no Primeiro livro dos Reis 8, 10), são alguns exemplos. Agora, Deus inaugura uma nova forma de presença: a «nuvem» dá lugar a uma Pessoa, Jesus Cristo. Trata-se de uma presença inédita na história: Deus humaniza-se, vive e partilha a nossa condição humana. Jesus, que é verdadeiramente Deus, é também verdadeiramente homem (ser humano).

E encarnou. A palavra «encarnou» significa «entrar na carne». Afirmamos que Deus entra na nossa «carne», isto é, assume a natureza humana. É claro que reconhecimento da natureza humana de Jesus não foi o problema inicial. As pessoas que contactavam com ele não tinham qualquer dúvida quanto à sua condição humana; mas, ao contrário, não tinham consciência de estarem perante o próprio Deus. Para os seus contemporâneos, Jesus era o filho de José e de Maria, uma família de Nazaré (cf. Marcos 6, 3). É o acontecimento pascal que ilumina a presença histórica de Jesus: Ele não é apenas um ser humano enviado por Deus (como são muitos dos personagens bíblicos); Jesus (de Nazaré) é o próprio Deus presente na história humana. Esta união entre a natureza divina e a natureza humana numa única Pessoa (Jesus Cristo) tem o nome de «encarnação» ou «incarnação». A partir daqui é preciso ter consciência de que se trata de uma realidade que, por mais esforço que possamos fazer, nunca compreenderemos na totalidade; e nunca conseguiremos expressá-la com aquela máxima clareza reclamada pelo pensamento moderno. A «Encarnação» permanecerá sempre um «mistério» que produziu e continuará a produzir discussões infindáveis em dois blocos distintos: os que se fecham na pura racionalidade; os que defendem a transcendência divina incompatível com a natureza humana. O pensamento cristão fez e continua a fazer o maior esforço para encontrar, em cada época, a melhor expressão ou expressões que ajudem a compreender esta realidade que só pode ser acolhida pela fé: em Jesus Cristo unem-se totalmente as naturezas divina e humana. «No entanto, precisamos de compreender. A conceção de Jesus Cristo como o crente a acolhe pela fé não é incompatível com a razão humana. Muito ao contrário, esta conceção é o cumprimento perfeito do que a razão é capaz de pensar; mas pela fé, ela remete isso para a iniciativa de Deus» (Mons. Christophe Dufour, «Cinco pequenas catequeses sobre o Credo», ed. Salesianas, Porto 2012, 31).

Pelo Espírito Santo. A referência ao Espírito Santo na conceção de Jesus ensina-nos que se trata de uma ação divina; não é uma conceção fruto da união do homem e da mulher. O Espírito Santo é a garantia da intervenção direta de Deus que proporciona uma «nova criação». Jesus Cristo, o Filho, é o «novo início» operado pelo Pai, através do Espírito Santo. Assim, na «Anunciação» está presente a Trindade de Deus: Pai, Filho, Espírito Santo.

Jesus Cristo «foi concebido, não por uma suprema inteligência humana, nem pela imaginação criativa de um artista genial, nem pela vontade de um fundador de religião [...]. Jesus Cristo foi concebido por Deus. Mas como podia ele surgir na história dos homens? O Credo responde: nasceu da Virgem Maria» (Mons. Christophe Dufour, 31).

Do blogue Laboratório da Fé

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

O Rancho de Natal do Grupo Folclórico da Casa do Povo das Bandeiras presenteou-nos com uma mensagem natalícia muito bonita. Muito obrigado em nome da Paróquia. Desejam actuar no próximo Domingo na Festa da Catequese.







Coisas de tremer! Mas que fazem bem à alma.


Anselmo Borges: A mulher mais importante de Portugal?

Rainha de Portugal (imagem de Vila Viçosa)

Texto de Bento Domingues no DN de hoje.

Uma vez, numa entrevista na rádio, um jornalista atirou-me: "qual é a mulher mais importante de Portugal?" E eu, naquela perplexidade de quando somos apanhados de surpresa: "Penso que é Nossa Senhora, Maria, a mãe de Jesus."

À distância e mais reflectidamente, julgo que respondi bem, pois é mesmo isso: Maria, a mãe de Jesus, Nossa Senhora, é, muito provavelmente, a mulher mais importante de Portugal e, possivelmente, até a mais influente. Pergunto a mim próprio o que seria a Igreja em Portugal sem Fátima e mesmo o que seria o país sem a Nossa Senhora. Frei Bento Domingues foi quem melhor definiu Fátima: "o cais de todas as lágrimas dos portugueses."

Assim, lá está Fátima e milhões de peregrinos, as romarias em todas as cidades, vilas e aldeias, uma devoção enraizada, mesmo para lá da prática religiosa oficial. Talvez porque a Igreja é profundamente masculina - Deus é Pai, Filho e Espírito Santo; a hierarquia é masculina: papa, bispos, padres, diáconos - e porque os portugueses interiorizaram uma imagem tradicional severa do pai, Maria aparece como almofada e afago, sobretudo em tempos dramáticos de crise, de guerra, de becos sem saída. É a Mãe.

Tem mesmo direito a dois dias santos de guarda, com feriado nacional. Um deles celebra-se hoje: a Imaculada Conceição. Ninguém sabe ao certo o que é que a maioria dos portugueses, mesmo católicos praticantes, entende por isso, isto é, o que se celebra na Imaculada Conceição Alguns pensarão na virgindade de Maria. Mas, de facto, o que se celebra tem a ver com a doutrina do pecado original, segundo a qual todos os seres humanos nascem em pecado, por causa do pecado de Adão e Eva. Maria, porém, constituiria uma excepção, pois foi concebida sem pecado.

Ora, é preciso confessar que precisamente aqui se concentra um nó de confusões. O Evangelho desconhece essa doutrina, que provém fundamentalmente de Santo Agostinho: em Adão, todos pecaram. Mas como sustentá-la, no quadro da evolução, quando ninguém sabe quem foram os primeiros humanos, já que a tomada de consciência foi lenta e progressiva?

E quem acredita sinceramente que os seres humanos são gerados em pecado? Uma vez, uma senhora, numa conferência, atirou-me que sempre era verdade que sou herege, pois nego o pecado original. Perguntei-lhe, porque é mãe de duas filhas, se acreditava sinceramente que elas tinham sido geradas em pecado e se ela tinha andado ao todo 18 meses com o pecado dentro dela. E ela, fulminante: "Nem pensar!" Conclusão: quando a fé não é reflectida como razoável, assistimos à dissonância entre o que se diz crer e o que realmente se crê. Afinal, o que está no Génesis é, decisivamente, em linguagem simbólica, outra coisa: o significado da passagem da animalidade à humanidade: como seres humanos, temos consciência de sermos únicos e mortais - cada um é ele/ela e sabe de si como único e mortal.

Maria não é importante por ser mãe de Jesus, mas, como diz o Evangelho, por tê-lo acompanhado, mesmo quando não compreendia. Procurou entender e seguiu-o até à cruz. E tornou-se sua discípula, convertendo-se ao Deus que Jesus anunciou: o Deus-amor, que não nos abandona, nem mesmo na morte, que é próximo de todos, que quer a libertação de todos, a começar pelos mais fracos, humilhados e ofendidos - entre estes estão as mulheres.

Como escreveu o biblista Xabier Pikaza, numa longa e densa investigação sobre o Evangelho, "Jesus não quis algo de especial para as mulheres. Quis, para elas, o mesmo que para os homens. Não procurou um lugar especial para elas, mas o mesmo lugar de todos, isto é, o dos 'filhos de Deus'". Depois, veio a traição: "Ao transformar-se em instituição de poder religioso e social, deixando de ser um movimento messiânico de libertação, a Igreja teve de aceitar as estruturas normais de poder, que tinha estado (e estava) nas mãos de homens. Logicamente, os homens justificaram depois essa situação (domínio patriarcal) com pseudo-argumentos religiosos, que vão contra o espírito de Jesus".