Agenda Paroquial:

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

As praxes são uma praxis perigosa

Estamos em clima de profundo debate sobre as praxes. Também tenho o meu pensamento sobre este assunto. Parece que a pergunta mais frequente é esta, o problema são as praxes ou são os abusos que as praxes implicam? – Parece bem e a pergunta desde logo suscita a reflexão.
Sempre considerei as praxes um pouco extravagantes. Os que as aplicam sobre os pobres caloiros aproveitam para mostrarem um certo exibicionismo, a sua prepotência e o complexo de superioridade, porque são os mais velhos no percurso académico. Estes que chegam são vítimas, que devem ser humilhados, com o pretexto da integração.
Tudo o que vou presenciando está claramente dentro do abuso e da humilhação. Os defensores das praxes dizem-nos que servem para integrar na comunidade académica e na sociedade. Não posso estar mais de acordo com esta ideia.
Vejamos então. Se considerarmos que vivemos numa sociedade onde dominam alguns fortes sobre uma maioria de fracos, que os humilha e explora quanto podem, obviamente, que as praxes servem precisamente para isso, vejam como é a comunidade escolar académica e depois a sociedade que vos espera, os dominadores somos nós, humilhamos-vos agora para que vocês amanhã sejam dominadores e humilhem também os outros. Detesto esta mentalidade, mas é a predominante na nossa sociedade.
Por isso, os abusos nas praxes não se fazem esperar, até ao ponto de já terem feito sofrer muitos jovens e alguns já passaram pelo crivo da morte. Uma coisa que pretende ser uma brincadeira, um convívio ou uma confraternização, chegar ao ponto de fazer sofrer e matar, não pode mais ser considerado de brincadeira. Há sim humilhações graves nas praxes, há crimes que devem ser punidos. Por exemplo, pessoas a rastejar no chão e chamar-lhes de burros; colocar-lhes orelhas de burro sobre a cabeça; fazer as pessoas se lançar sobre poças de lama; utilizar urina ou excrementos nas pseudo brincadeiras; entre tantos outros elementos que não lembra ao diabo para fazer parte desta coisa terrível que chamam de praxe. Se isto não humilha, então, não sei o que é humilhar…
Tudo com uma lógica terrível que não ensina para o saudável convívio, para a igualdade entre os cidadãos, mas sempre com o pior princípio que rege esta nossa sociedade, quem humilha já foi humilhado, agora contribui para que no futuro estes humilhados encontrem razões para humilhar. Ora, esta rede de má educação resulta da forma como a sociedade convive entre si. A educação está toda voltada para aí, para os dominadores que podem humilhar os mais fracos. E assim parece não ter um fim. Mais grave ainda é que, parecemos legitimar esta mentalidade e se não nos falarem em sofrimento e morte, convivemos bem com isso.
Não sei que medidas devem ser tomadas, mas que face aos abusos, algo terá que ser feito. Não basta a mediatização de seis mortes na Praia do Meco, sabe-se lá em que circunstâncias aconteceram, sabemos isso sim que no contexto das praxes, para que passado algum tempo tudo volte ao normal e só se volte a falar de praxes quando acontecerem mais mortes.
Os argumentos para defender as praxes por vezes redundam em patéticos. Um membro da Associação de Estudantes da Universidade da Madeira considerava que as praxes servem para aferir quais são os alunos que tem mais necessidades económicas. Um lindo argumento. Como será feita esta aferição? Será que lhes aplicam um balde de uma porcaria qualquer sobre a cabeça e logo aferem pelo teor ou intensidade da reacção do humilhado? Será pela intensidade dos berros? Ou ainda pela genica com que rastejam num chão coberto de lama ou excrementos? – Poupem-nos de mais barbaridades…
Perante tudo isto o que parece não haver dúvidas é que as praxes tornaram-se uma praxis perigosa. Muito mal andarão os pais que têm filhos à beira de entrar nas universidades. Vivem com o coração nas mãos com aquela incerteza se não estão a enviar os seus filhos para as garras de outros jovens que não têm mãos a medir nem escrúpulos nenhuns face ao prazer que lhes dá humilhar quem é iniciado numa caminhada. E tais ditas brincadeiras podem levar à morte. Porque resultam em terrorismo que amedronta e com certeza que marca as pessoas para toda a vida.
Será então preciso criar medidas que evitem os abusos e que se responsabilize criminalmente quem enveredar pelo caminho da humilhação. Deve haver coragem firme para que a humilhação deixe de ser uma realidade nos lugares da educação. O futuro de todos nós o exige e precisamos de uma sociedade onde deixa de existir dominadores que humilham até à saciedade os mais fracos. Todos iguais entre iguais, é o que devem ensinar as nossas escolas e as universidades essencialmente.
Fonte: aqui

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Algumas verdades duras sobre divórcio e comunhão


A Igreja não pode mudar o que Jesus ensinou.
Mas pode ser mais sensível pastoralmente?

Pululam boatos, imprensa afora, de que o papa Francisco vai relaxar em breve o tratamento dado pela Igreja católica às pessoas que se divorciaram e voltaram a se casar. Um artigo da Reuters sugere um racha entre o arcebispo Gerhard Müller, presidente da Congregação para a Doutrina da Fé, e o cardeal hondurenho Óscar Maradiaga, cabeça do "G8" do papa, o conselho consultivo de cardeais.

Em primeiro lugar, devemos lembrar qual é a doutrina da Igreja sobre o divórcio e o posterior casamento. A Igreja católica ensina que o sacramento do matrimônio é indissolúvel, com base nos ensinamentos do próprio Cristo: “o que Deus uniu, o homem não pode separar”.

No entanto, a Igreja reconhece também que, por causa da fraqueza humana, há casamentos que se rompem. Às vezes, a única solução é a separação, inclusive com o divórcio civil. Se o casamento foi válido, porém, o casal continuará casado mesmo depois de se divorciar perante o tribunal civil; assim, se os indivíduos se casarem novamente com outros cônjuges, cometerão adultério e seu novo casamento que não pode existir aos olhos da Igreja. Surge daí a questão de saber se o primeiro casamento foi realmente válido. A diocese deve ter canonistas qualificados que analisarão o casamento e decidirão se ele era válido ou não. Se o casamento não fosse válido, significa que ele nunca existiu de verdade: neste caso, é possível conceder o decreto de nulidade.

Todo casamento é considerado válido a não ser que se prove o contrário. E, até que a invalidade do casamento seja comprovada e o decreto de nulidade seja concedido, os divorciados que se casaram com outros cônjuges não podem ser admitidos à comunhão, por estarem vivendo em adultério. Muitos padres acham que essa abordagem é excessivamente legalista e dura. Em resposta aos bispos alemães que defendem uma abordagem mais leniente, o arcebispo Müller já afirmou que não haverá mudança. O cardeal Maradiaga contestou a afirmação de Müller dizendo: "Irmão, a vida não é assim".

O problema, de fato, é complexo, mas as soluções podem ser ainda mais difíceis. Quem adota uma postura mais leniente argumenta que a misericórdia do Senhor é eterna e questiona se Jesus, que acolheu a todos, afastaria as pessoas da sua mesa simplesmente por causa de uma situação matrimonial irregular. Para a mulher que foi pega em adultério, argumentam eles, Jesus disse: “Nem eu te condeno”. Quem defende uma abordagem mais rigorosa, por sua vez, enfatiza o comentário final do Senhor a essa mesma mulher flagrada em adultério: "Vai e não peques mais". A misericórdia é oferecida, mas espera-se também o arrependimento e a mudança de vida.

De alguma forma, temos de acolher a todos com a compaixão e com a misericórdia de Cristo, conservando, ao mesmo tempo, a indissolubilidade do casamento e o compromisso do matrimônio para toda a vida. O cardeal Maradiaga adota uma abordagem pastoral prática ao dizer que "a vida não é assim". Acontece que a doutrina moral católica não é determinada apenas pelas circunstâncias. A moralidade é estabelecida através de certos critérios objetivos revelados. O cardeal de Honduras diz que as coisas não são tão pretas ou brancas, mas deve-se salientar que não haveria tons de cinza se não existissem, nitidamente, o preto e o branco. Em outras palavras: sem um padrão objetivo, não pode haver outros padrões; e, por definição, um padrão objetivo é imutável e aparentemente “duro”.

O que fazer então diante desse dilema pastoral? Se cada padre interpreta a lei do seu jeito e, na tentativa sincera de ser misericordioso, permite que os seus fiéis em casamentos irregulares comunguem, ele pode, na sua bondade, estar fazendo mais mal do que bem. Os efeitos negativos de cada padre adotar uma postura mais branda são muitos. Em primeiro lugar, é preciso levar em consideração o parceiro que “sofreu” o divórcio: se um casamento termina por causa de adultério e um dos parceiros é deixado sozinho pelo outro, o que estaremos dizendo a essa pessoa quando readmitirmos o cônjuge adúltero à comunhão sem nenhuma consequência?

Em segundo lugar, o que estaremos dizendo aos filhos e netos de casais divorciados? Ao relaxarmos a disciplina da Igreja, damos a entender que os casamentos podem ser rompidos e que casamentos posteriores podem ser feitos à vontade. Mesmo sem ter essa intenção, uma abordagem branda é tacitamente indulgente com o divórcio e com o novo casamento, prejudicando o senso de compromisso matrimonial das gerações futuras. Quando somos indulgentes com o “recasamento” de alguém, ensinamos aos seus filhos que o “recasamento” depois do divórcio é aceitável.

O terceiro problema de se abordar com indulgência o divórcio e um posterior casamento é o fato de que não necessariamente conseguimos o desejado efeito dessa compaixão. O padre quer trazer as pessoas à plena comunhão com a Igreja e oferecer a elas o acolhimento de Cristo. Mas o que eu pude ver, mais de uma vez, é que tanto os potenciais conversos à Igreja quanto as pessoas afastadas da fé não ficam impressionados com o comportamento leniente de um padre no tocante à disciplina da própria Igreja. Uma ex-batista que queria vir para a Igreja acabou se afastando da paróquia em que um padre católico se mostrava relapso com o seu casamento: "Por que eu me tornaria católica", questionou ela, "se o padre passa por cima das regras da própria Igreja e trata a situação séria do meu casamento de uma forma tão superficial?".

A abordagem leniente ensina aos divorciados recasados que os seus compromissos matrimoniais não importavam de verdade. Quando um padre ignora o processo de nulidade, ele diz ao casal divorciado e recasado: "O casamento de vocês e as decisões de vida de vocês não são importantes o suficiente para que eu as leve a sério". Esta postura trata o casamento com a mesma leviandade com que o mundo o trata: as pessoas podem se casar sem pensar muito no assunto, porque, no fim das contas, ele não tem tanta importância.

Mas a dificuldade pastoral continua. O que fazer, afinal, com tantos católicos afastados da Igreja por causa do casamento desfeito? E mais importante ainda: o que fazer com as vítimas inocentes dos casamentos desfeitos? É justo que o cônjuge abandonado seja condenado a uma vida de solidão, e, caso ele próprio se case de novo, é justo cortá-lo da Igreja?

Um caminho a ser seguido pode ser o de focar o trabalho dos tribunais matrimoniais no âmbito local. Os pedidos de decreto de nulidade seriam administrados de modo mais descentralizado, tornando o processo mais acessível. Podem-se criar fundos para cobrir os custos dos processos de nulidade e para prestar uma formação pré-matrimonial mais profunda, que ajude as pessoas a entender a seriedade do compromisso e a assumir casamentos válidos, em primeiro lugar.

A resposta para o problema, certamente, não é deixar a questão aberta ao total “faça-se como cada um quiser”. As modificações no sistema atual, a fim de torná-lo mais sensível pastoralmente, devem auxiliar a Igreja a defender a santidade do casamento, ajudando a reconciliar os católicos afastados e a curar as almas e os corações machucados.
Fonte: aqui

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Selvagens... na grande maioria!

Universidade: Praxes abusivas refletem falta de «formação e educação»

Padre António Jorge Almeida, do Serviço Nacional da Pastoral do Ensino Superior, defende maior controlo sobre estas iniciativas

SNPES
Lisboa, 27 jan 2014 (Ecclesia) – O padre António Jorge Almeida, membro da equipa executiva do Serviço Nacional da Pastoral do Ensino Superior (SNPES), da Igreja Católica, denunciou hoje “a falta de formação e educação” de muitos estudantes que se refletem em praxes abusivas.

Para o sacerdote, as praxes são “uma espécie de entretenimento em que ninguém governa nada e a lei foi posta de lado”.

Isto porque “há uma ‘entourage’ económica nas próprias cidades para onde os jovens vão estudar e viver, que também prefere esta forma de existir”.
O responsável alerta os jovens caloiros para “não se deixarem levar pelo ‘bicho papão’”, quando chegam à universidade, porque podem entrar num “sistema” que compromete “a vida e o futuro”.
 há toda uma arquitetura de praxe que ocupa maioritariamente os estudantes com coisas que não têm a ver propriamente com a formação académica”, lamenta.
O assistente do SNPES, um organismo da Conferência Episcopal Portuguesa, deixa “um alerta às famílias” para que “procurem saber tudo sobre os seus filhos, onde se inscrevem, onde vão morar e com quem vão, que os acompanhem, com a liberdade própria com que se acompanha o jovem, mas que procurem saber onde o dinheiro é gasto”.
“Vejo em muitos casos estudantes que ocupam mais tempo a preparar praxes e a executá-las do que propriamente a assistir a aulas e a estudar para os exames”, concluiu o padre António Almeida, também capelão do Centro Regional das Beiras da Universidade Católica Portuguesa.
MD/OC

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Adolescentes e jovens da partilha, do dom de sim, também os há!

A jovem que tinha um problema de consciência
Tem 16 anos e estuda numa escola pública. Há dias, a caminho da escola na companhia de uma amiga, encontram na chão 60 euros. Olharam em volta e viram que ali pertinho existia um café. Dirigiram-se lá e procuraram saber se alguém havia perdido dinheiro. Perante a resposta negativa, as jovens perguntaram uma à outra o que fariam com dinheiro encontrado. Finalmente decidiram-se. Dividiram ao meio.
A meio da tarde, o telefone da mãe da pequena de 16 anos tocou. Era a filha que disse: "Mãe, estou com um problema de consciência". E contou a história do dinheiro encontrado. Após uma palavra de apoio e de compreensão, aquela mãe solicitou à filha que fosse pensando e que à noite refletiriam as duas no assunto, mas que estivesse calma.
A noite, como combinado, as duas sentaram-se para conversar. "Sabes, mãe, com este dinheiro poderia jantar com os meus amigos ou comprar uma peça de roupa. Mas não é isto que eu quero. Não me saberia bem..."
Como mãe e filha fazem voluntariado semanal numa instituição que recolhe crianças abandonadas, a mãe propôs que o referido dinheiro fosse encaminhado para o menino institucionalizado a quem a jovem dava explicações. Depois de deixar assentar a ideia, a pequena soltou: "Ah! Acho uma boa ideia. Faremos isso na próxima ida à instituição."
Consultada a psicóloga que apoia mais de perto a referida criança, logo o dinheiro reverteu a seu favor. A alegria da jovem foi intensa, vinda mesmo do centro do coração, contagiante.
Ao contar-me esta cena pelo telefone, a mãe disse-me: "Mais uma ocasião para dar graças a Deus pelos meus filhos. Não imagina como este facto me encheu a alma e a vida. A minha filha, em plena reguilice adolescente, revela estes sentimentos, esta nobreza de alma, esta sensibilidade! Vale a pena ser persistente e educar para os valores! Seja Deus louvado!"
Blogue Asas da Montanha

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Como ser feliz? Não tendo filhos?


 Recente estudo sobre a relação entre felicidade e filhos apresenta notáveis lacunas



O segredo de um casamento feliz é não ter filhos?

Esta foi, pelo menos, uma das principais conclusões de um estudo finalizado em novembro de 2013 pela Open University, do Reino Unido, e apresentado na semana passada na Biblioteca Britânica. Intitulado "Relações de casal no século 21", o estudo comparou pais casados e solteiros com casais sem filhos e concluiu que os casais sem filhos estavam mais satisfeitos com o relacionamento e mais propensos a se sentir valorizados na relação.

Coordenado pelo Dr. Jacqui Gabb e financiado pelo Conselho de Pesquisa Econômica e Social, o estudo pediu que 4.500 entrevistados descrevessem a sua satisfação geral no atual relacionamento. Homens e mulheres sem filhos tenderam a avaliar a sua relação como "muito positiva" e disseram sentir-se mais valorizados pelo respectivo parceiro em comparação com os casais com filhos. Mas o estudo também descobriu que as mulheres sem filhos estavam menos satisfeitas com a vida em geral, e que as mães eram mais felizes do que os outros entrevistados, fossem homens ou mulheres, mesmo nos casos em que a relação delas com o parceiro não fosse bem sucedida.

As mulheres se mostraram duas vezes mais propensas do que os homens a dizer que os filhos são o que há de mais importante na sua vida; já os homens, inclusive os pais, tenderam a classificar a parceira como o mais importante. Os pais foram duas vezes mais propensos do que as mães a listar a "intimidade sexual" como fator muito importante e citaram a falta de intimidade como o maior problema no relacionamento.

Sem surpresas, o estudo constatou que as exigências da criação dos filhos deixaram os pais com menos tempo para o próprio relacionamento.

Um dos aspectos do relacionamento que os pesquisadores não abordaram, porém, foi o efeito dos compromissos espirituais na vida dos indivíduos. Os entrevistados na pesquisa online foram divididos por idade, sexo, estado civil e orientação sexual: não houve nenhuma pergunta sobre a sua fé. Será que a crença em Deus e o apreço pelo significado mais profundo da vida não teriam tido um efeito profundo na satisfação pessoal, mesmo durante os períodos de estresse? Será que o privilégio de compartilhar da criação de Deus através da concepção e da criação de um filho não traz uma alegria sem igual para ambos os pais, mesmo imersos em responsabilidades superiores a qualquer outra que eles tenham experimentado antes da vinda dos filhos?

Em segundo lugar, o estudo deixou de considerar um fato que pode ser óbvio para os casais há muito tempo juntos: que os relacionamentos passam por fases e que, embora haja menos tempo para si mesmos durante os anos agitados da criação dos filhos, os parceiros que assumiram um compromisso de vida um com o outro como casal podem voltar a encontrar profunda intimidade quando os filhos já estão crescidos.

Mas o maior defeito da pesquisa do Dr. Gabb e da sua equipe parece estar na sua definição de "felicidade".

O Dr. Peter Kreeft, do Boston College, menciona três tipos de realização pessoal: o primeiro tipo, o "prazer", envolve o corpo. O segundo tipo, a "alegria", que é mais do que prazer, está na mente e nos sentimentos. E, mais intenso do que a alegria, o terceiro tipo é a "felicidade”, a satisfação que brota do fundo do coração, do espírito, do centro de si mesmo. O estudo da Open University parece focar apenas no prazer da intimidade sexual do casal e na “alegria” entendida como a percepção de cada parceiro sobre o quanto o outro o valoriza.
Fonte: aqui

domingo, 26 de janeiro de 2014

UMA POUCA VERGONHA QUE NÃO TEM EMENDA!

Vaticano: Papa diz que ciúmes, invejas e mexericos destroem a Igreja

Francisco abordou o tema durante a missa da manhã na Casa de Santa Marta

Cidade do Vaticano, 23 jan 2014 (Ecclesia) – O Papa Francisco apontou hoje no Vaticano os “ciúmes”, as “invejas” e os “mexericos” como sentimentos que “dividem e destroem as comunidades eclesiais”.
“Os cristãos devem fechar as portas aos ciúmes, às invejas e aos mexericos que dividem e destroem as nossas comunidades”, disse o Papa na homilia da Missa a que presidiu na capela da Casa de Santa Marta.
Francisco começou por refletir sobre a primeira leitura do dia, que fala da vitória dos israelitas sobre os filisteus, graças à coragem do jovem David que matou Golias, e de que forma a alegria da vitória se transformou em tristeza quando o rei Saul, invejoso porque as mulheres louvaram David, o mandou executar.
“É isto que o ciúme faz no nosso coração, traz uma inquietação cruel: não toleramos que um irmão ou irmã tenha algo que nós não temos”, analisou o Papa para de seguida acrescentar que “o ciúmes leva a matar, foi pela porta da inveja que o diabo entrou no mundo, o ciúme e a inveja abrem as portas ao mal, são um veneno.”
“As pessoas invejosas e ciumentas são amargas: não sabem cantar, não sabem louvar e não conhecem a alegria” pelo contrário acabam por semear “a sua amargura e difundem-na por toda a comunidade”.
Outra consequência deste comportamento, de que o Papa falou esta manhã, são os mexericos, porque “quando uma pessoa não tolera que outra tenha algo que ela não tem, tenta rebaixá-la, falando mal dela; atrás de um mexerico estão sempre ciúmes e inveja”.
“Quantas belas comunidades cristãs andavam bem até que o verme da inveja contagiou um dos seus membros e com ele trouxe a tristeza, o ressentimento e os mexericos”, disse.
“Rezemos pelas nossas comunidades cristãs para que a semente do ciúme não seja semeada entre nós; para que a inveja não penetre nos nossos corações e possamos ir em frente, louvando o Senhor, com a graça de não cairmos na tristeza”, concluiu o Papa.
RV/MD

sábado, 25 de janeiro de 2014

Tema do 3º Domingo do Tempo Comum - Ano A


A liturgia deste domingo apresenta-nos o projecto de salvação e de vida plena que Deus tem para oferecer ao mundo e aos homens: o projecto do “Reino”.
Na primeira leitura, o profeta/poeta Isaías anuncia uma luz que Deus irá fazer brilhar por cima das montanhas da Galileia e que porá fim às trevas que submergem todos aqueles que estão prisioneiros da morte, da injustiça, do sofrimento, do desespero.
O Evangelho descreve a realização da promessa profética: Jesus é a luz que começa a brilhar na Galileia e propõe aos homens de toda a terra a Boa Nova da chegada do “Reino”. Ao apelo de Jesus, respondem os discípulos: eles serão os primeiros destinatários da proposta e as testemunhas encarregadas de levar o “Reino” a toda a terra.
A segunda leitura apresenta as vicissitudes de uma comunidade de discípulos, que esqueceram Jesus e a sua proposta. Paulo, o apóstolo, exorta-os veementemente a redescobrirem os fundamentos da sua fé e dos compromissos assumidos no baptismo.

Padres Dehonianos

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

UM ESTUDO QUE FAZ PENSAR. VAI LÊ-LO QUEM NÃO PRECISA. O COSTUME.

Um estudo sobre o casamento
Os parceiros não casados
raramente conseguem garantir
um lar sólido e estável para os filhos
Um estudo da Fundação Inglesa do Casamento (England’s Marriage Foundation) observa uma diferença substancial entre os parceiros casados e os que apenas coabitam.
Em "O Mito das Relações Estáveis ​​de Longo Prazo Fora do Casamento", estudo de Harry Benson publicado em 22 de maio, a fundação britânica demonstra que os parceiros não casados raramente conseguem garantir um lar sólido e estável para os filhos.
O relatório afirma que 45% dos adolescentes entre 13 e 15 anos não vivem com ambos os pais. Dos adolescentes que ainda vivem numa família unida, 93% têm os pais casados.
"De acordo com o que é mostrado pelo relatório, o governo tem ignorado a forte correlação entre o estado marital e a ruptura familiar. A desagregação da família custa mais que o orçamento de Defesa inteiro, além de causar um dano social incomensurável. Deveria ser claramente do interesse do governo e de quem paga impostos fazer um esforço para reduzir esta tendência devastadora", ressalta o autor do estudo, Harry Benson. "Um grande número de factores mostra que os pais casados ​​tendem a ser mais estáveis ​​que os pais solteiros", prossegue o estudo.
A Bíblia recomenda por várias vezes o casamento. Outras culturas e religiões estão de acordo na valorização do casamento. "A credibilidade deste sábio e amoroso plano – escreve o Papa Francisco – está se tornando cada vez mais evidente, à medida que são documentadas as consequências do enfraquecimento do matrimónio."
"Prometer um amor que dure para sempre só é possível quando se descobre um desígnio maior dos próprios projectos, que nos sustenta e nos permite doar todo o futuro à pessoa amada", diz a encíclica "A luz da fé", ressaltando claramente que o compromisso do casamento faz mesmo diferença.
Fonte: aqui

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

A partir deste mês de Janeiro de 2014 entra em vigor

CONSELHO PASTORAL PAROQUIAL

É um órgão instituído de acordo com o Cânone 536 do Código de Direito Canónico, destinado a prestar apoio ao Pároco na promoção da Acção Pastoral Paroquial.
É presidido pelo Pároco, padre Zulmiro Sarmento e constituído pelos paroquianos representantes de todos os Movimentos da Paróquia de Nossa Senhora da Boa Nova.
A fim de garantir a assistência permanente à vida paroquial em colaboração estreita com o Pároco, foi constituído um Secretariado Permanente, formado por quatro membros do Conselho Pastoral e com reuniões periódicas mensais na última 3ª feira de cada mês, onde será realizado por escrito um memorando para dar conhecimento regular à Comunidade . Escolhidos pelo Pároco, pertencem a ele: Salvador Garcia, Ângela Valeroso, Antonieta Silveira,  e Fernanda Saraiva. 
O Conselho reúne em plenário pelo menos três vezes em cada Ano Pastoral. Das reuniões são elaboradas actas.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Casais em crise


 
 Nenhum casamento termina
“de repente”;
normalmente,
 caminho da desintegração
tem quatro etapas,
profundamente interligadas

© ChameleonsEye/SHUTTERSTOCK
“Acabou!” Com essa breve observação, muitas pessoas descrevem o final de seu casamento. Por trás desse verbo há crises, sofrimentos, desabafos e, não poucas vezes, brigas infindas. Em que lugar foram enterrados os sorrisos do dia do casamento e as promessas de fidelidade “até que a morte nos separe”? Em que fase da vida se desvaneceu a certeza de que “ninguém será mais feliz do que nós dois”? Como entender a amargura que tomou conta de um relacionamento que parecia tão feliz?...

Nenhum casamento termina “de repente”. Especialistas matrimoniais constatam que, normalmente, o caminho da desintegração tem quatro etapas, profundamente interligadas – isto é, cada etapa prepara e praticamente condiciona a seguinte.

Na primeira, começam a surgir comentários negativos, um a respeito do outro. Mais do que se queixar do esposo ou da esposa (a queixa refere-se a um comportamento específico), multiplicam-se críticas que são sempre abertas, indeterminadas, gerais: “Você é um chato!”; “Você está cada vez mais insuportável!”. Há aqueles (ou aquelas) que sofrem calados: não aceitam o comportamento do companheiro, mas não verbalizam isso. O problema é que vão acumulando raiva em seu coração. Quando resolvem falar, não medem as palavras. As agressões – verbais ou de fato – parecem ser de inimigos mortais. Agora, o importante é humilhar o outro, para ficar claro que não há mesmo possibilidade alguma de reconciliação.

Para não se chegar a esse ponto, é preciso cultivar o diálogo. Mais do que escutar o outro, é importante ter a capacidade de se colocar no lugar dele, para ver o problema “do outro lado”. Um casal me confidenciou que, ao se casarem, tomaram uma decisão que marcou suas vidas: prometeram um ao outro que jamais dormiriam sem, antes, solucionar os problemas que pudessem ter surgido entre eles durante o dia. “Solucionar”, no caso, significava cultivar o perdão como atitude habitual. O perdão será menos difícil se cada um, em vez de atacar o outro de forma generalizada, chamar a atenção para erros concretos e para comportamentos que precisam ser corrigidos.

Na segunda etapa, cresce o desprezo pelo outro. Desprezar é uma forma de ignorar, de insultar, de ferir. O desprezo vem sempre acompanhado da implicância, dos insultos, da ridicularização. O objetivo a alcançar é a destruição do outro. O importante é sair vencedor.

Só se supera essa etapa quando ao menos um dos dois aceita não ver o outro como um inimigo, e passa a acreditar que não precisa provar que é o mais forte. “Quando estou fraco, então é que sou forte” (2Cor 12,10), diria o apóstolo Paulo.

Na terceira etapa, quem foi vítima de desprezo começa a se defender. Impõe-se a ideia de que a melhor defesa é o ataque. Ninguém mais escuta ninguém. Acabou-se a comunicação.

Consegue-se cortar essa situação somente com a disposição de escutar o outro, de prestar atenção nele, demonstrando que ele é importante.

Na quarta etapa, domina o mutismo. Um dos dois passa a ficar em silêncio, talvez até com o desejo de não piorar a situação. Mas, nessa hora, não é por aí que se soluciona o problema. É preciso, sim, deixar claro que se está escutando o outro. Ninguém consegue ficar indiferente diante de uma pessoa que lhe dá atenção. Escutar e prestar atenção com um coração pronto a acolher é uma maneira de criar pontes – pontes de diálogo e de perdão, pontes de comunhão.

Por fim, o que poderia ter sido escrito no começo: nos meus mais de quarenta anos a serviço da Igreja, atendendo a inúmeros casais, nunca encontrei um casal que rezasse diariamente, que colocasse Deus no centro de suas vidas e que tenha passado por crises matrimoniais insuperáveis. Para dizer isso de forma positiva, lembro a resposta que uma jovem me deu, quando lhe perguntei como estava a sua vida, já que havia se casado dois anos antes: “Meu marido sabe que eu amo a Deus mais do que a ele. Eu sei que meu marido ama a Deus mais do que a mim. A partir daí, tudo fica mais fácil e tudo se resolve sem grandes dificuldades...”
Fonte: aqui

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Daqui a expressão: os leigos na Igreja são como as ovelhas de Santa Inês, primeiro abençoam-se, depois "tosquiam-se"!!

Cidade do Vaticano, 21 jan 2014 (Ecclesia) - O Papa Francisco vai benzer hoje no Vaticano dois cordeiros brancos na memória litúrgica de Santa Inês (séc. III-IV), seguindo uma tradição centenária.
A lã destes animais será utilizada para a confeção dos pálios, faixa de lã branca com seis cruzes pretas de seda envergada pelos arcebispos metropolitas nas suas igrejas e nas da sua província eclesiástica.
A bênção dos cordeiros acontece na Casa de Santa Marta: um dos animais vai enfeitado com flores brancas, símbolo da virgindade de Santa Inês, e outro com flores vermelhas, símbolo do seu martírio.
Santa Inês, cujo nome latino (Agnes) se associa à palavra em latim para cordeiro (agnus), está enterrada na basílica que lhe é dedicada, na Via Nomentana, em Roma, e é para lá que são levados os cordeiros após a bênção papal.
O pálio é uma insígnia litúrgica de ‘honra e jurisdição’ que é imposta pelo Papa na solenidade de São Pedro e São Paulo, a 29 de junho.
O arcebispo metropolita preside a uma província eclesiástica, constituída por diversas dioceses.
Em Portugal, desde o princípio da nacionalidade, há três províncias eclesiásticas: Braga, Lisboa e Évora.
OC

domingo, 19 de janeiro de 2014

É CHIQUE, NOS TEMPOS QUE CORREM, ESTAR DO LADO DE FORA! SERÁ QUE ISTO NUNCA MAIS ENDIREITA?!

Os que estão foram são os bons, os que estão dentro são péssimos


Os que estão dentro, os que perseveram, os que não desistem, os que se expõem, os que dão o corpo ao manifesto, esses são criticados, expostos, os fariseus, os corruptos, os escandalosos.
Os que estão fora porque não querem entrar, os que se limitam a ver "passar a procissão", os que ficam na berma a criticar quem passa, os que não se expõem mas gostam de expor os outros, os que, por comodidade, arranjam sempre desculpas para não entrar, esses são as vítimas, os melhores, os mais genuínos, os escandalizados, os que têm razão.


Não concordo minimamente com isto. Acho esta divisão injusta, desumana e vesga.


Os que estão e permanecem merecem-me absoluto respeito. Ao menos estão, expõem-se, dão "o corpo ao manifesto". Têm fragilidades, limitações, falhas, pecados? E quem os não tem? "Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores", disse Jesus.


O que é hoje politicamente correto é estar fora, ficar na margem. Assim podem sacudir a água do capote, não se expor e dar-se ao luxo de expor os outros e acusá-los pela sua não entrada.


E os que estão e caminham não têm que melhorar, emendar-se, caminhar com um coração em renovação, atentos à Palavra que lhe dá e indica a luz? Claro que sim. Ecclesia semper reformanda.


Agora estar sempre a "bater no ceguinho" e fazer dos católicos praticantes  os culpados de tudo, isso não concordo e acho injusto.
Acho muito mais farisaica a atitude dos que estão fora e se desculpam de não entrar com as faltas e defeitos dos que estão e caminham. Daqueles que não querem ver a trave que têm nos olhos do coração, porque estão só fixados no cisco que existe nos olhos dos outros.


E o menos agradável nisto tudo é que há gente da Igreja a bater também no ceguinho...E gente com enorme responsabilidade.


Apesar do crime que cometeu, Pedro não foi expulso por Jesus do grupo dos seus seguidores; apesar da ânsia de poder de João e Tiago, não foram expulsos da comunidade dos seguidores de Jesus. O Mestre propôs a eles e a outros o caminho da conversão, não da acusação ou da expulsão.
Jesus não escolheu anjos, mas pessoas, frágeis como todos os outros, para colaborar no serviço do Evangelho. Mãos de barro que transportam a beleza da Boa notícia.


E sempre, ontem, hoje e amanhã, o importante é Cristo. Só Ele. Cristão vem de Cristo.
Um cano enterrado, sujo, talvez ferrugento, leva a água a nossas casas. O importante é a água boa que esse cano conduz.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Tema do 2º Domingo do Tempo Com

ANO A
2º DOMINGO DO TEMPO COMUM


A liturgia deste domingo coloca a questão da vocação; e convida-nos a situá-la no contexto do projecto de Deus para os homens e para o mundo. Deus tem um projecto de vida plena para oferecer aos homens; e elege pessoas para serem testemunhas desse projecto na história e no tempo.

A primeira leitura apresenta-nos uma personagem misteriosa – Servo de Jahwéh – a quem Deus elegeu desde o seio materno, para que fosse um sinal no mundo e levasse aos povos de toda a terra a Boa Nova do projecto libertador de Deus.

A segunda leitura apresenta-nos um “chamado” (Paulo) a recordar aos cristãos da cidade grega de Corinto que todos eles são “chamados à santidade” – isto é, são chamados por Deus a viver realmente comprometidos com os valores do Reino.
O Evangelho apresenta-nos Jesus, “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Ele é o Deus que veio ao nosso encontro, investido de uma missão pelo Pai; e essa missão consiste em libertar os homens do “pecado” que oprime e não deixa ter acesso à vida plena.


Padres Dehonianos

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Forte novidade!!

Portugueses ricos são egoístas e pouco solidários, conclui estudo




- "Há uma correlação negativa entre pessoas com elevados rendimentos e a preocupação para com a solidariedade"


- "O sistema educativo esqueceu-se de que o indivíduo não é só trabalho, é a relação com os outros, com a família. Não podemos educar apenas bons técnicos. Arriscamo-nos a ter ladrões competentes"


- "Menos de 60 por cento dos portugueses com estudos superiores considera importante lutar por uma causa justa"


- "Os mais infelizes, segundo o inquérito, são os que ganham menos de 500 euros e os que ganham mais de 4500"


Leia aqui o estudo. Vale a pena.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Você sabe como foi escrita a Bíblia ?

Sem a Tradição da Igreja não teríamos a Bíblia. “Eu não acreditaria no Evangelho, se a isso não me levasse à  autoridade da Igreja Católica”.




Como foram escritos os primeiros livros da Bíblia?

Os textos da Bíblia começaram a ser escritos desde os tempos anteriores a Moisés (1200 a.C.). Escrever era uma arte rara e cara, pois se escrevia em tábuas de madeira, papiro, pergaminho (couro de carneiro). Moisés foi o primeiro codificador das leis e tradições orais e escritas de Israel. Essas tradições foram crescendo aos poucos por outros escritores no decorrer dos séculos, sem que houvesse uma catalogação rigorosa das mesmas. Assim foi se formando a literatura sagrada de Israel. Até o século XVIII d.C., admitia-se que Moisés tinha escrito o Pentateuco (Gen, Ex, Lev, Nm, Dt); mas, nos últimos séculos, os estudos mais apurados mostraram que não deve ter sido Moisés o autor de toda esta obra.

A teoria que a Igreja Católica aceita é a seguinte: O povo de Israel, desde que Deus chamou Abrão de Ur na Caldéia, foi formando a sua tradição histórica e jurídica. Moisés deve ter sido quem fez a primeira codificação das Leis de Israel, por ordem de Deus, no séc. XIII a.C.. Após Moisés, o bloco de tradições foi enriquecido com novas leis devido às mudanças históricas e sociais de Israel. A partir de Salomão (972 – 932), passou a existir na corte dos reis, tanto de Judá quanto da Samaria (reino cismático desde 930 a.C.) um grupo de escritores que zelavam pelas tradições de Israel, eram os escribas e sacerdotes. Do seu trabalho surgiram quatro coleções de narrativas históricas que deram origem ao Pentateuco:

1. Coleção ou código Javista (J), onde predomina o nome Javé. Tem estilo simbolista, dramático e vivo; mostra Deus muito perto do homem. Teve origem no reino de Judá com Salomão (972 – 932).

2. O código Eloista (E), predomina o nome Elohim (=Deus). Foi redigido entre 850 e 750 a.C., no reino cismático da Samaria. Não usa tanto o antropomorfismo (representa Deus à semelhança do homem) do código Javista. Quando houve a queda do reino da Samaria, em 722 para os Assírios, o código E foi levado para o reino de Judá, onde ouve a fusão com o código J, dando origem a um código JE.

3. O código (D) Deuteronômio (= repetição da Lei, em grego). Acredita-se que teve origem nos santuários do reino cismático da Samaria (Siquém, Betel, Dã,…) repetindo a lei que se obedecia antes da separação das tribos. Após a queda da Samaria (722) este código deve ter sido levado para o reino de Judá, e tudo indica que tenha ficado guardado no Templo até o reinado de Josias (640 – 609 a.C.), como se vê em 2Rs 22. O código D sofreu modificações e a sua redação final é do século V a.C., quando, então, na íntegra, foi anexado à Torá. No Deuteronômio se observa cinco “deuteronômios” (repetição da lei). A característica forte do Deuteronômio é o estilo forte que lembra as exortações e pregações dos sacerdotes ao povo.

4. O código Sacerdotal (P) – provavelmente os sacerdotes judeus durante o exílio da Babilônia (587 – 537a.C.) tenham redigido as tradições de Israel para animar o povo no exílio. Este código contém dados cronológicos e tabelas genealógicas, ligando o povo do exílio aos Patriarcas, para mostrar-lhes que fora o próprio Deus quem escolheu Israel para ser uma nação sacerdotal (Ex 19,5s). O código P enfatiza o Templo, a Arca, o Tabernáculo, o ritual, a Aliança. Tudo indica que no século V a.C., um sacerdote, talvez Esdras, tenha fundido os códigos JE e P, colocando como apêndice o código D, formando assim o Pentateuco ou a Torá, como a temos hoje. Se não fosse a Igreja Católica, não existiria a Bíblia como a temos hoje, com os 73 livros canônicos, isto é, inspirados pelo Espírito Santo.

Foi num longo processo de discernimento que a Igreja, desde o tempo dos Apóstolos, foi “berçando” a Bíblia, e descobrindo os livros inspirados. Se você acredita no dogma da infalibilidade de Igreja, então pode acreditar na Bíblia como a Palavra de Deus. Mas se você não acredita, então a Bíblia perde a sua inerrância, isto é, ausência de erro.

Demorou alguns séculos para que a Igreja chegasse à forma final da Bíblia. Em vários Concílios, alguns regionais outros universais, a Igreja estudou o cânon da Bíblia; isto é, o seu índice.

Garante-nos o Catecismo da Igreja e o Concílio Vaticano II que: “Foi a Tradição apostólica que fez a Igreja discernir que escritos deviam ser enumerados na lista dos Livros Sagrados” (DV 8; CIC,120).

Portanto, sem a Tradição da Igreja não teríamos a Bíblia. Santo Agostinho dizia: “Eu não acreditaria no Evangelho, se a isso não me levasse a autoridade da Igreja Católica” (CIC,119).



Fonte: aqui

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

UMA TRETA ONDE MUITOS CAEM...Horóscopos são profundamente antirreligiosos


Horóscopos são «mistificação» que é «profundamente antirreligiosa», diz psiquiatra

Os horóscopos «são a maior mistificação e não têm significado algum», além de serem «profundamente antirreligiosos e anticristãos», considera o psiquiatra e psicoterapeuta italiano Tonino Cantelmi.

Em entrevista publicada esta quarta-feira no site do Serviço de Informação Religiosa, ligado à Igreja católica na Itália, o especialista lembra que «o desejo de crer em alguma coisa e ter a possibilidade de controlar o futuro são inatos no homem».

«Cada um é um pequeno buscador de previsões, e os horóscopos vêm ao encontro deste desejo de prever o que acontece», tendência que tem «as suas raízes na grande insegurança da humanidade».

Especialmente presentes antes do início de cada ano, lançando as previsões para os doze meses seguintes, os horóscopos têm o «poder de sugestionar as pessoas, como também uma grande ambiguidade que permite lê-los de maneira diferente caso a caso».

Os horóscopos são «um grande jogo, mas também um grande negócio», sendo a secção «mais lida e mais seguida nos jornais e transmissões», atraindo, pelo caráter «lúdico», mesmo as pessoas «mais evoluídas e cultas».

Depois de mencionar os «verdadeiros charlatães», que «aproveitam a credulidade das pessoas propondo horóscopos personalizados», Cantelmi referiu-se à relação entre as adivinhações e a crença religiosa.

«Fundamentalmente o crente confia-se a si próprio a uma providência, a um Deus bom, sem ter a pretensão de controlar o futuro», pelo que «a fé madura é um grande salto na maturidade humana» ao ajudar a «estar no aqui e agora».

As «superstições, magias e horóscopos são tentativas de manipular a realidade, de fazer-se deus no lugar de Deus, de querer gerir o próprio futuro, e por isso são profundamente antirreligiosos e anticristãos».

Na maior parte dos casos, as consequências da leitura do horóscopo são «insignificantes»: «As pessoas leem-no, imaginam qualquer coisa, mas depois, na maior parte dos casos, esquecem-no no resto do dia».

«Quem é realmente sugestionável recorre a ele de maneira compulsiva, e aqui abre-se o grande capítulo das profecias que se autorealizam ou da leitura da realidade interpretada segundo o horóscopo. Na realidade é tudo um mecanismo de sugestão», explicou.

Grande parte dos horóscopos é «inócua», mas há «pessoas muito supersticiosas, com um nível de sugestão muito elevado, que entram num mecanismo de dependência com cartomantes e outras figuras».

Rui Jorge Martins

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Isto tem mesmo de mudar!

Oferecer aventais aos marialvas da pátria
Fazer filhos como coelhinhos irlandeses
Fala-se muito da Irlanda, da "saída à irlandesa" e não sei quê, da forma como Portugal deve imitar os indicadores macro não sei das quantas de Dublin, mas ainda ninguém falou do óbvio: nós só teremos salvação se começarmos a imitar a taxa de natalidade dos irlandeses (2,05, a mais alta da Europa). Os irlandeses fazem bebés como coelhinhos diabólicos e nós temos de encontrar maneira de replicar essa fuçanga reprodutora. Porque a grande conversa da nossa geração é só uma: se os bebés não começarem a cair dos céus, o corte nas pensões actuais continuará por tempo indeterminado e as pensões do futuro terão a consistência de um gambozino. Não é uma questão de vontade, é uma questão demográfica, empírica, factual.
Soluções? Políticas de família? Ok, muito bem. Sucede que as políticas de famílias implicam um divórcio temporário entre a mulher e o emprego, e este assunto ainda levanta ansiedades em Portugal. No ano passado, numa grande reportagem do Diário de Notícias ("Porque é que os Suecos têm mais filhos?"), a jornalista Céu Neves ouviu um casal sueco típico: "não é um risco ter filhos. E isso é bem visto por todos incluindo os patrões. O que é mal visto é uma mulher de 30 anos procurar emprego, porque se espera que tenha filhos e esteja com eles nos primeiros anos de vida". Ora, se um homem português dissesse publicamente que as mulheres devem ficar em casa dois anos a tratar dos filhos, o Carmo e a Trindade cairiam no dia seguinte. O sujeito seria acusado de machismo, de salazarismo. Se uma mulher portuguesa dissesse a mesma coisa, o Carmo e a Trindade cairiam duas vezes. A senhora seria acusada de subserviência, seria queimada nos autos-de-fé das brigadas da linguagem. 
Moral da história? Se as suecas vivem bem com a ideia de ficarem dois anos em casa com os filhos, muitas e muitas portuguesas vêem isso como um sinal de subserviência e retrocesso. Mas eu percebo a reacção. As suecas não tiveram até 1974 um regime que consagrava legalmente o marialvismo. A minha mãe nunca aceitaria ficar em casa, precisava de um emprego, a sua identidade dependia dessa consagração pública . A geração da minha mulher não é muito diferente. As portuguesas ainda sentem necessidade de mostrar que não são as dondocas dos bordados. Além disso, vivem debaixo do grande medo: acham que serão despedidas se assumirem a gravidez e um largo período de licença. O medo não é descabido: se o patrão sueco vê a maternidade com bons olhos, o patrão tuga nem por isso . Mas, verdade seja dita, este ambiente laboral é apenas o espelho do ambiente caseiro. Na Suécia, não há tradição da empregada, porque os homens também ajudam nas tarefas domésticas. Perdão: esqueçam o "também ajudam". Na Suécia, os homens e as mulheres dividem as tarefas domésticas. Políticas de natalidade? Oferecer aventais aos marialvas da pátria.  
Henrique Raposo, aqui

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Papa batiza filhos de pais em situação irregular



O Papa batizou o filho de uma mãe solteira e a filha de um casal casado "só" pelo civil. Imagino que muita gente, principalmente responsáveis paroquiais, deve ficar desorientada com estas práticas, tendo em conta os costumes prevalecentes na maior parte das paróquias, principalmente em relação ao segundo caso. Nunca se negou o batismo - não se pode negá-lo - mas a "pedagogia pastoral" ia no sentido de aconselhar o adiamento do batismo até os pais terem a situação regularizada, quando possível. Por outro lado, algumas paróquias, bem recentemente, liberalizaram a prática batismal, deixando de fazer exigências no caso dos pais em "situação irregular" e dos padrinhos. Anteciparam-se a Francisco? Teriam ordens superiores motivadas pelo que o Papa já havia dito?

Por outro lado, há aqui uma leitura teológica que tem de ser feita, não sobre o batismo de bebés - do qual sou crítico, como já por cá manifestei (basicamente: como aceitar que é uma adesão pessoal a Jesus Cristo, se a decisão é tomada por outros?) -, mas quanto à prioridade e importância do batismo sobre o matrimónio enquanto sacramentos. Sem dúvida que o primeiro é mais importante, evangélica, histórica (só se chegou à afirmação cabal da sacramentalidade do matrimónio no séc. XII) e ecumenicamente. Por isso não deve ser condicionado.

Notícia do batismo papal e foto no "Público".

E disse o Papa, inovando:

“Hoje o coro vai cantar, mas o coro mais belo é aquele das crianças, algumas delas quererão chorar porque têm fome ou porque não estão confortáveis. Estejam à vontade mamãs, se elas tiverem fome deem-lhes de comer, porque elas são as pessoas mais importantes aqui”.

domingo, 12 de janeiro de 2014

NÃO ARRUMEMOS O PRESÉPIO (Chegámos ao termo do Tempo litúrgico do Natal)

           
1. A esta hora, são já muitos os presépios que estão a ser desmontados.
Mas será que a sua lição alguma vez terá sido apreendida?
 
2. O presépio assinala que Deus entra na nossa história não pela via da opulência, mas pela via da humildade.
O sinal de Deus não está num palácio. Está numa manjedoura. O sinal de Deus — garantem os enviados celestes — não é um rei, um presidente ou um gestor; é um menino (cf. Lc 2, 12)
 
3. Divino não é o grande caber no grande. Isso qualquer humano consegue. Divino é o infinitamente grande caber no infinitamente pequeno.
Vale a pena recordar, a este propósito, o aforismo de Hölderlin: «Non coerceri maximo, contineri tamen a minimo, divinum est» («Não ser abarcado pelo máximo, mas deixar-se abarcar pelo mínimo, isso é que é divino»).
 
4. De facto, Deus inverte o máximo e o mínimo, o maior e o menor, o grande e o pequeno.
O máximo é o que parece mínimo. O maior é o que se apresenta como menor. O verdadeiramente grande é o que nos surge como pequeno.
 
5. Como Jesus foi sempre a transparência do Pai — «quem Me vê, vê o Pai» (Jo 14, 9) —, não deveria a Igreja procurar ser a transparência de Jesus?
Para tal, não basta ser o eco das Suas palavras. É fundamental procurar ser a reprodução das Suas atitudes, dos Seus gestos.
 
6. Jesus é a Palavra feita vida e a vida feita Palavra.
Palavra e vida estão unidas em Jesus.
 
7. Num tempo em que se gritam tantas palavras, faz pena que a Palavra de Jesus seja remetida ao silêncio e atirada para o esquecimento.
Se a memória a guarda, a prática, muitas vezes, parece que não a acolhe.
 
8. A Igreja tem de procurar ser espelho e jamais pode ser muro.
Assim, em vez de desmontarmos o presépio, procuremos transferi-lo: do templo para o tempo, das imagens para a vida. É na vida que Jesus quer renascer para nós. É na vida que Jesus quer que renasçamos para Ele.
 
9. E nunca esqueçamos a sua permanente lição.
O presépio é o certificado da humildade de Deus e o convite ao despojamento da Igreja.
 
10. Deus não está no mundo pela pompa. Deus vem pela simplicidade e pela pobreza.
Uma Igreja pobre será (sempre) a maior riqueza que teremos para oferecer.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Tema da Festa do Baptismo do Senhor

ANO A
1º Domingo do Tempo Comum
FESTA DO BAPTISMO DO SENHOR


 A liturgia deste domingo tem como cenário de fundo o projecto salvador de Deus. No baptismo de Jesus nas margens do Jordão, revela-se o Filho amado de Deus, que veio ao mundo enviado pelo Pai, com a missão de salvar e libertar os homens. Cumprindo o projecto do Pai, Ele fez-Se um de nós, partilhou a nossa fragilidade e humanidade, libertou-nos do egoísmo e do pecado e empenhou-Se em promover-nos, para que pudéssemos chegar à vida em plenitude.

A primeira leitura anuncia um misterioso “Servo”, escolhido por Deus e enviado aos homens para instaurar um mundo de justiça e de paz sem fim… Investido do Espírito de Deus, Ele concretizará essa missão com humildade e simplicidade, sem recorrer ao poder, à imposição, à prepotência, pois esses esquemas não são os de Deus.
No Evangelho, aparece-nos a concretização da promessa profética: Jesus é o Filho/“Servo” enviado pelo Pai, sobre quem repousa o Espírito e cuja missão é realizar a libertação dos homens. Obedecendo ao Pai, Ele tornou-Se pessoa, identificou-Se com as fragilidades dos homens, caminhou ao lado deles, a fim de os promover e de os levar à reconciliação com Deus, à vida em plenitude.
A segunda leitura reafirma que Jesus é o Filho amado que o Pai enviou ao mundo para concretizar um projecto de salvação; por isso, Ele “passou pelo mundo fazendo o bem” e libertando todos os que eram oprimidos. É este o testemunho que os discípulos devem dar, para que a salvação que Deus oferece chegue a todos os povos da terra.

Padres Dehonianos


sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

COMO AS COISAS SE REPETEM!

Conversa corrida entre 1643 e 1715

Diálogo entre Colbert e Mazarino durante o reinado de Luís XIV, na peça teatral Le Diable Rouge, de Antoine Rault:
 Colbert:- Para arranjar dinheiro, há um momento em que enganar o contribuinte já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é possível continuar a gastar quando já se está endividado até o pescoço…
Mazarino:- Um simples mortal, claro, quando está coberto de dívidas, vai parar à prisão. Mas o Estado é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se… Todos os Estados o fazem!
Colbert:- Ah, sim? Mas como faremos isso, se já criamos todos os impostos imagináveis?
Mazarino:- Criando outros.
Colbert:- Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.
Mazarino:- Sim, é impossível.
Colbert:- E sobre os ricos?
Mazarino: -E os ricos também não. Eles parariam de gastar. E um rico que gasta, faz viver centenas de pobres.
Colbert: Então, como faremos?
Mazarino: - Colbert! Tu pensas como um queijo, um penico de doente! Há uma quantidade enorme de pessoas entre os ricos e os pobres: as que trabalham sonhando enriquecer e temendo empobrecer. É sobre essas que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Quanto mais lhes tirarmos, mais elas trabalharão para compensar o que lhes tiramos. Formam um reservatório inesgotável. É a classe média!

Livrai-nos desta gentinha. O diabo que os coma.

Os sobrinhos de Deus



Há católicos tão bem, tão bem, tão bem, que tratam Deus por tio. De facto, chamá-Lo pai seria ficar automaticamente irmã, ou irmão, dessa gentinha pé-descalça e malcheirosa que vai à Cova da Iria de xaile e garrafão. Tratá-Lo por Senhor seria reconhecer-se de uma condição servil, que está muito bem para as criadas e para os chauffeurs, mas que não é compatível com quem é, há várias gerações, gente de algo.Os sobrinhos de Deus gostam muito de Jesus, porque Ele é superfantástico: andou sobre o mar e fez montes de coisas giríssimas. Gostam tanto d'Ele que até Lhe perdoam o ter sido carpinteiro, pormenor de gosto duvidoso que têm a caridade de omitir, sempre que, ao chá, falam d'Ele. Também têm muita devoção ao Espírito Santo: à família do banco, claro, pois conhecem-na toda da Quinta da Marinha e de um ror de sítios muito in, que tudo o que é gente frequenta.
Alguns foram a Fátima a pé e acharam o máximo. Levaram uns ténis de marca, roupa desportiva q. b. e um padre da moda. Rezaram imenso, tipo um terço, sei lá. O resto do tempo foi à conversa, sobretudo a cortar na casaca de uns quantos novos-ricos, um bocado beatos, que também se integraram na peregrinação (já agora, aqui para nós, mais por fervor aos sobrinhos de Deus do que a Nossa Senhora, mas note-se que isto não é ser má-língua, mas a pura verdade, à séria).
Têm imenso gosto e casas estupendas. Quando olham para um crucifixo em pau-santo, com imagem de marfim e incrustações de prata, são capazes de reconhecer o estilo, provavelmente indo-europeu, identificar a punção, pela certa de algum antigo joalheiro da Coroa, e a data, até porque, geralmente, é igualzinho a um lá de casa, ou muito parecido ao da capela da quinta. Só não vêem o Cristo, nem a coroa de espinhos, nem as chagas, que são coisas de menos importância.
Detestam essas modernices do abraço da paz ou da Igreja dos pobres, mas não é que tenham nada contra os pobres, apenas receio de doenças contagiosas.
Também não são muito fãs do senhor prior, nem do Papa Francisco, simplórios de mais para os seus gostos sofisticados. Mas derretem-se quando se cruzam, nalgum cocktail, exposição ou concerto na Gulbenkian, ou em São Carlos, com alguém que os fascine pelo seu glamour, pela sua cultura, pela sua inteligência ou poder porque, na realidade, o principal santo da sua devoção é o príncipe deste mundo.
Uma só coisa aflige os sobrinhos de Deus: que o céu, onde já têm lugar reservado, esteja mesmo, como se diz no sermão das bem-aventuranças, cheio de maltrapilhos. 
1) Qualquer relação com a realidade não é coincidência, mas um azar dos diabos. 
Gonçalo Portocarrero de Almada, aqui

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Fortes verdades

Contra a fidelidade canina aos partidos

Luigi Sturzo, padre, fundou o Partido Popular Italiano em 1919, o primeiro de "inspiração católica". Mas explicou que "os dois termos («partido» e «católico») são antitéticos; com efeito, o catolicismo é religião, é universalidade; o partido, inversamente, é política, é divisão".

(Sturzo opôs-se ao fascismo e teve de se exilar, primeiro em Londres e depois em Nova Iorque.)

Cá está uma boa razão para os católicos poderem mudar de partido à vontade.

Menos "monsenhores" e mais pastores com cheiro de ovelha


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Papa Francisco limita os títulos pomposos para reforçar a humildade entre os sacerdotes
Osservatore Romano
O Papa Francisco ordenou que se limite o uso do termo honorífico de "monsenhor", para aplicá-lo somente a alguns sacerdotes.

Esta é mais uma evidência do seu desejo de que os padres sejam servidores humildes. A secretaria de Estado do Vaticano enviou uma carta às suas embaixadas, na qual pede que os bispos sejam informados da mudança.

De agora em adiante, somente os padres diocesanos que forem "capelães do Santo Padre" poderão usar o título honorífico, e somente depois de cumprir 65 anos de idade.

Os bispos, vigários e arcebispos continuarão sendo chamados de "monsenhor" e as autoridades da Santa Sé poderão usá-lo, se o cargo que exercem o exigir.

O Vaticano destacou que o Papa Paulo VI já tinha reduzido o número de títulos honorários em 1968 e que a decisão de Francisco "deve ser entendida dentro desta lógica, como uma maior simplificação".
sources: Associated Press,  aqui

Coitadinhos dos que sonhavam com esta tolice eclesiástica...

É mais fácil ser Presidente da República…

 
Sim, é mais fácil ser Presidente da República em Portugal do que ser capelão de Sua Santidade, única prerrogativa que doravante passa a dar possibilidade de um eclesiástico de mérito ser tratado por “Monsenhor”.

Segundo a agência Ecclesia, citando a Rádio Vaticano, o Papa Francisco aboliu, a partir de hoje, 6 de janeiro, a “concessão da honorificência pontifícia ‘Monsenhor’ para os sacerdotes diocesanos com menos de 65 anos”. Tal medida, que não é retroativa, ou seja, os já monsenhores com menos uns pozinhos de longevidade que os daquela idade, agora idade de honorificência pontifícia, que já ostentavam o título com a categoria que o suportava, não o vão perder com esta decisão. Quer dizer: o Papa quer “reformar o Estado”, isto é, a parte externa e meritocrática do governo da Igreja, mas não é desmancha-prazeres caprichoso, nem faz tábua rasa dos direitos adquiridos, como o nosso Governo da República, nem está a cortar nos vencimentos dos outros ou nas pensões (Ao que parece, estará a cortar nele próprio! – Quer dizer que não andou na escola dos nossos políticos, as Jotinhas).

Mais uma novidade: não aposta o Papa na convergência dos trabalhadores do setor público com os do setor privado, isto é, só os padres seculares, os das dioceses, podem aceder ao estatuto do monsenhorato; os religiosos, ou seja, os que fazem os três votos evangélicos e são obrigados à vida em comunidade, não terão acesso a esse estatuto. Depois, a única honorificência pontifícia que “poderá ser conferida aos padres seculares (os não religiosos) é a de ‘capelão de Sua Santidade’” e esses terão, como já foi dito, de ostentar a bela idade de, pelo menos, 65 anos.

Francisco ter-se-á inspirado nos cortes operados por Paulo VI, em 1968, na sequência quase imediata do Concílio Vaticano II (que ele supervisionou, na sua maior parte, e pôs em plena execução), passando os 14 “graus” do título de “monsenhor”, a ficar reduzidos a apenas três: protonotário apostólico, prelado de honra de Sua Santidade e capelão de sua santidade. Agora, passa-se de três para um. Porém, o mecanismo da concessão continua como dantes: a concessão é da competência de Sua Santidade, segundo indicação dos bispos, a sacerdotes cujo trabalho tenha sido particularmente importante para a Igreja, não necessariamente para a salus animarum.

Mas uma coisa é certa: são menos exigentes as condições para poder ocupar a Presidência da República em Portugal, a não ser em caso de muito forte revolução: nacionalidade portuguesa, 3 anos de idade e gozo dos direitos políticos, “a bem da República. São mais afuniladas as exigências para ser monsenhor: estado sacerdotal não religioso, 65 anos de idade e trabalho particularmente importante para a Igreja, ad maiorem gloriam Dei.

Parabéns aos que não são atingidos por este látego restritivo. Só lhes resta crescer e aparecer! E continuar a construção do Reino… sem aumento de vencimento. É a pandemia da crise!

 2014.01.06
Louro de Carvalho