Agenda Paroquial:

sexta-feira, 6 de junho de 2014

RESCALDO DO QUE SE VIVE E VIVEU

1. Está a terminar o ano pastoral. A comunidade cristã que, ao longo dos meses, fez um caminho de aprofundamento da fé, tem agora momentos fortes em que celebra, em festa, alguns sacramentos. É o caso da Primeira Comunhão, com os meninos que concluíram o 3º ano de catequese. Estes fazem a sua Primeira Comunhão, isto é, pela primeira vez participam plenamente na Eucaristia, recebendo o Corpo de Jesus.
A festa da Primeira Comunhão, envolvendo muitas dezenas de crianças, traz à igreja muitas pessoas que, por razões várias, não frequentam habitualmente a comunidade cristã. Esta cerimónia, de grande riqueza espiritual, traz consigo inúmeras lições.
. É momento único, na vida dos pequeninos. Com 8 ou 9 anos comungam pela primeira vez. De mãos postas, de olhos semicerrados, em recolhimento profundo, escutam o anúncio feito pelo sacerdote: “Corpo de Cristo”. Respondem com um “Ámen” cheio de convicção e recebem, depois, o Corpo do Senhor.
. Os pais e muitos outros familiares participam na celebração e, assim, afirmam a “comunhão fraterna”, o amor entre todos, com o perdão recíproco se necessário, com a reconciliação plena e a alegria que estas trazem consigo.
. Alguns andavam longe destas coisas da fé cristã. Descobrem então o sentido do reencontro com Deus, da importância que a religião pode ter, da oportunidade de uma aproximação aos valores do Evangelho, propondo-se mesmo o aprofundamento da fé, em reiniciação cristã.
. Muitos ficam tocados com a beleza da Eucaristia celebrada, reconhecem a importância da Missa Dominical e propõem-se voltar a uma prática religiosa que, há muito, tinham abandonado.
A Primeira Comunhão de uma criança não é uma festa social. É o primeiro encontro do cristão com a Eucaristia, com a participação total no mistério da Ressurreição de Jesus, no grande banquete de amor que Ele nos deixou em sua memória.
2. A comunhão é o momento da maior intimidade na celebração da Missa. Quando a assembleia se une para repetir o que Jesus fez na Última Ceia, começa-se com o rito penitencial, súplica de perdão. Depois escuta-se a Palavra, sabendo que é pela Palavra que cada um se converte. Com o ofertório e a consagração, entrega-se o pão e o vinho que se convertem no Corpo e Sangue do Senhor. Logo depois, vivem-se os rituais da comunhão. Aliás, toda a Eucaristia é um caminho de comunhão perfeita, a união mais intensa dos cristãos com Cristo e, por Cristo, a comunhão de todos na unidade. Esta foi a mensagem do Concílio Vaticano II, na Constituição que fala sobre a vida litúrgica, definindo assim a Sagrada Eucaristia:
. É sinal de unidade, da maior comunhão entre todos, na vida da Igreja. Somos um só coração e uma só alma, uma comunidade verdadeira em que todos se amam e se ajudam mutuamente.
. É vínculo de amor, com uma imensa capacidade de dar, de serviço, uma vez que o amor tudo sofre, tudo espera, tudo suporta, não acaba nunca.
. É o sacramento de piedade, sinal da maior comunhão com Deus, na intimidade de uma relação pessoal que permite sermos chamados filhos de Deus.
. É o banquete da alegria pascal, uma vez que, servidos à mesma mesa, desfrutamos da alegria de todos, na grande festa que a Eucaristia sempre proporciona.
Sendo tudo isto, a Eucaristia é então o memorial da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo. Se não há maior prova de amor do que dar a vida pelos outros, Jesus, com a Eucaristia, permite-nos saborear este amor, continuando a viver a sua Paixão e Morte, ficando unidos na sua Ressurreição. A Eucaristia é sempre festa da Ressurreição, na total comunhão com Deus e com os irmãos.
3. É a comunidade cristã, no seu todo, que celebra o sacramento da Primeira Comunhão, fazendo esta parte da vida da comunidade. São todos os cristãos que acompanham o crescimento dos mais novos na fé. Nas festas da Primeira Comunhão, todos se sentem envolvidos no grande mistério da Eucaristia, todos se comprometem a viver, se possível, mais intensamente, a comunhão eclesial. Algo de semelhante se vive na celebração do Sacramento da Confirmação ou Crisma: a comunhão alarga-se, então, a toda a Igreja, com a presença do Bispo, que confere o sacramento do testemunho cristão às pessoas de diversas idades que se preparam para receber, em plenitude, o Espírito Santo.
É a dimensão comunitária dos sacramentos que exprime mais claramente o mistério da comunhão na unidade a que os cristãos são chamados. O Papa Francisco não se cansa de falar de uma espiritualidade comunitária. O individualismo religioso mata as relações fraternas, numa Igreja que se exige de comunhão. São muitos os mecanismos da comunhão:
. “Que a minha comunhão convosco (amor fraterno) seja também comunhão com o Pai e com o Seu Filho, Jesus Cristo (amor para com Deus)” (I Jo 1,3). Esta afirmação de João reflecte bem o mistério da comunhão plena, em Igreja.
. “Tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo dará”. É Jesus a garantir uma relação de ternura de Deus para com o cristão. Deus está sempre disponível para responder com amor à súplica dos seus filhos.
. “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei e, por isso, vos reconhecerão como meus discípulos” (Jo 13,34). É o próprio Jesus que pede um amor total, o dom da própria vida, na relação com os irmãos. É condição para ser discípulo de Cristo.
. “Que todos sejam um, como Eu e Tu, Pai, somos um. E assim creia o mundo que Tu me enviaste” (Jo 17,20). Para o mundo acreditar, impõe-se a comunhão total na comunidade cristã. A comunhão é o melhor testemunho da verdade do Evangelho.
Todos os sacramentos, vividos em comunidade, afirmam a comunhão plena, razão e testemunho da fé.
4. Que na Comunidade Cristã das Bandeiras, as Primeiras Comunhões (a Profissão de Fé, também) e os Crismas sejam um sinal claro da comunhão que há de todos com Deus, por Cristo, e de todos uns com os outros.
O ADMINISTRADOR PAROQUIAL