Agenda Paroquial:

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Disse-se nos 500 anos da diocese do Funchal. Nos Açores não seria a mesma coisa ou pior?!

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Pecados e Tentações ridículas
Ridículo e anacrónico
à margem do desprendimento do papa Francisco
4. Mas, vamos agora a alguns pecados que acusam, como não podia deixar de ser, as comemorações dos 500 anos da Diocese do Funchal. É assim a vida. Tudo tem prós e contras. Tudo tem virtudes e pecados. Temos de ser honestos e com serenidade saber olhar as coisas dessa forma.
No capítulo quarto de Mateus, Jesus desmascara as tentações satânicas de uma religião utilizada para proveito pessoal, uma religião onde se procura honras e poder entre os homens, sobretudo entre os poderosos deste mundo. Por isso, guardo com muito carinho uma frase de Santo Afonso de Ligório: «É uma grande injustiça impor às consciências normas e leis se não pudermos provar claramente que elas são queridas por Deus». Com base em São Mateus e na advertência de Santo Afonso de Ligório, podemos aplicar a mesma sabedoria aos eventos religiosos. Nada deve ser realizado se logo não soubermos que é querido por Deus, porque pode redundar em pura propaganda e isso não faz bem à evangelização nem muito menos se torna benéfico para Igreja nem muito menos para o mundo.
Está a fazer-nos impressão que há uma certa debandada da Igreja e pouco ou nada nos damos conta disso, que parece ter abrandado com o apreço geral à volta do Papa Francisco, embora isso não signifique nada que a simpatia pelo Papa se tradução em apreço pelos bispos e pelos padres em geral.
O sumo espiritual que resta em muitas expressões medievais que teimamos em manter hoje, reduz-se a uma religiosidade superficial e piegas, a intelectualidade é de uma pobreza atroz e a consciência do diálogo com a cultura e o mundo de hoje é zero. Daí que a mobilização das pessoas falha redondamente, ao lado de um arraial, de uma praia, mesmo que seja de calhau abundante como são as nossas, atraem mais do que uma celebração religiosa. É disto que se trata e é nisto que deve estar centrado o debate, a reflexão entre nós.

Sei apenas que Léon Bloy proferiu isto diante da pobreza do clero: «Como não amam ninguém, creem eles que amam a Deus». E mais ainda, «ninguém se aproxima de Deus afastando-se dos homens... E ninguém se dá reservando-se para Deus. Por que motivo nos teria Ele então oferecido o amor?» Assim sendo, como não pensar que é necessário arrepiarmos caminho e tomarmos a sério um «acto de contrição» que nos purifique a alma e nos relance no caminho da Evangelização com métodos novos para os tempos que são sempre novos. O Papa Francisco no seu texto Evangelii Gaudium (Alegria do Evangelho) apontou várias possibilidades e dá imensas sugestões.

Verba volant
5. Nos vários eventos a palavra mudança esteve sempre presente. Mas que mudança? Qual mudança? – Se por todo o lado as coisas tendem a regredir e os padres, especialmente, os mais novos apresentam-se ornamentados com vestes caríssimas caindo num ridículo confrangedor, porque anacrónico e exagerado… Mas quanto ao pensamento e doutrina o que se vai passando fica muito aquém da doutrina e linguagem do Papa Francisco, para não ir mais longe... Mas, afinal, que mudança? Com quem? Quando? – Só e apenas com padres novos que saem do seminário com uma visão retrógrada, efeminados e sem a devida formação filosófica e teológica adequada que compreenda todos os campos do saber? – Não tenho visto nada além disto que me faça comungar desta mudança.
Aí está o resultado, baixou-se a fasquia quanto à recepção nos seminários, tudo e todos os que apareçam servem para serem padres, por isso, não se admirem dos problemas que advêm a partir desta ausência de critérios. A quantos jovenzinhos se vai ouvido agora a dizerem que até gostavam de serem padres, mas para o seminário não querem ir. Nem mais, cria a fama e deita à sombra. Foi precisamente o aconteceu. E há um descrédito enorme quanto aos seminários.
6. Outras palavras que não faltaram foram comunhão e unidade. São palavras bonitas e importantes para a Igreja Católica, mas como podemos construir este bem se logo à partida o clero está todo dividido. Outros, há que são padres de primeira e outros de segunda. Outros há vaidosos que correm para os primeiros lugares e que se altivam porque a alfaia é mais colorida ou mais vistosa. Santa pobreza espiritual e de carácter. Tudo se reduz a uma hierarquia fechada que faz acepção de padres, que combina os acontecimentos apenas com alguns e os outros devem limitar-se a fazer número e a mobilizar ovelhas para preencher os espaços. Com esta comunhão e unidade estamos bem serviços e não vamos longe. Quanto à pessoas em geral nem se fala. É povo que deve rezar, bater palmas e dar ofertas.
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Do blogue Banquete da Palavra