1. Dizem que o Papa Francisco quase não fala do Vaticano II.
De facto, o Papa não tem citado com frequência os documentos do Concílio. Mas, se repararmos bem, há um documento elaborado durante o Concílio que o Papa tem seguido com uma fidelidade quase escrupulosa.
2. Se olharmos para tal documento e para as atitudes do Papa, ficaremos espantados com as afinidades.
O referido texto parece ser um guião para este pontificado. Este pontificado parece ser um decalque daquele texto.
3. Assinado a 16 de Novembro de 1965, dá a impressão de ser o programa que Jorge Bergoglio tem cumprido desde há muito.
Foi
firmado por 39 bispos depois de uma Missa concelebrada na Catacumba de
Santa Domitila. Daí que se tenha tornado público como o «Pacto das
Catacumbas».
4. Trata-se não tanto de enunciados doutrinais ou de propostas pastorais, mas sobretudo de um compromisso de vida.
Os signatários perceberam que, sem o respaldo de uma vida coerente, a doutrina não convence e a pastoral não funciona.
5. O texto é composto por uma introdução e por doze pontos muito concretos e bastante assertivos.
Desde
logo, os bispos mostram vontade de «viver como toda a gente, no que
concerne à habitação, à alimentação e aos meios de locomoção».
6. Renunciam a toda a «aparência de riqueza, especialmente no traje e nas insígnias».
A
«gestão financeira nas dioceses é confiada a uma comissão de leigos
competentes a fim de eles serem menos administradores e mais pastores e
apóstolos».
7. Nas
relações sociais, prometem evitar «aquilo que possa parecer conferir
privilégios ou preferências pelos ricos e poderosos (ex.: banquetes
oferecidos ou aceites, lugares reservados nos serviços religiosos,
etc.)».
No mesmo sentido, recusam-se a «incentivar a vaidade de quem quer que seja, sob o pretexto de recompensar ou solicitar dádivas».
8.
Mostram vontade de dar «tudo para o serviço apostólico e pastoral das
pessoas e dos grupos economicamente fracos e subdesenvolvidos, sem que
isso prejudique outras pessoas e grupos».
Conscientes
das exigências da missão, dispõem-se a «procurar transformar as obras
de "beneficência" em obras sociais baseadas na caridade e na justiça».
9.
Assumem-se disponíveis para sensibilizar os responsáveis pelo governo a
fim de que ponham em prática «leis, estruturas e instituições
necessárias à justiça, à igualdade e ao desenvolvimento harmónico e
total do homem todo e de todos os homens».
Comprometem-se
a partilhar, na caridade pastoral, a «sua vida com os sacerdotes,
religiosos e leigos, para que o ministério constitua um verdadeiro
serviço».
10. Ainda bem que o Papa Francisco está a tirar este pacto das catacumbas.
É vital que ele toque os crentes. E que possa contagiar a humanidade inteira!