Agenda Paroquial:

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Um medo meu (e de alguns padres, poucos)

As coisas na nova paróquia estão a correr bem, escrevia eu há uns meses no meu caderno de ideias ou apontamentos só meus. Relativamente bem, escrevi a seguir. E refiz a frase. O padre é relativamente novo (de meio uso). Sabe sorrir e gargalhar com uma boa conversa com anedótico sadio à mistura. Dizem que sabe falar. Dizem que é dinâmico. Que a paróquia agora não pára. Com actividades e planos, impensáveis há tempos atrás. Que voltou a aparecer no mapa. A comunidade parece viva, a viver. Um novo produto vende. A imagem também e a do padre não é assim tão má, como afirmam as más línguas (sobretudo as clericais, mas também outras da plebe e de pseudo-intelectuais covardes do meio, que agora sabem mesmo tudo sobre tudo e que espalham veneno de víbora em tudo o que é almoço, jantar, adega, ou casa de mulheres despidas, sobre os que não se podem defender, porque não estão lá para ouvir e ripostar na justa medida). Quero pensar que sim. Mas a verdade é que a imagem que queremos passar aos outros tem muito a ver com os medos que temos. Um dos maiores medos do mundo, senão o maior, é o medo do que os outros pensam de nós. E paralisa-nos. Chega a atrofiar o que somos, a apagar o que de melhor temos, ou ainda a apagar-nos. Criam em nós um outro eu. Tiram-nos a possibilidade de sermos livres. De sermos autênticos. De sermos. E por isso tenho medo de estar a preservar mais a minha imagem que a imagem de Deus. Tenho medo de não ser imagem de Deus.
Isto faz-me atrasar o sono algumas noites.
O culto da personalidade é uma coisa que nem os padres escapam. E quanto mais narcisistas são, pior. E se o padreco tem um toquezinho a efeminado, aí é um caso perdido. E, a meu ver, existem tantos, demasiados.
Insistindo: tenho medo de não ser imagem de Deus. Se eu fosse muito humano estava bem. Mas há muito de animalesco a correr nas  minhas veias, e nos neurónios. Caramba! Quando me liberto?!