Agenda Paroquial:

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

CREIO - esta é a nossa fé (1). Todas as semanas um "pedacinho" do Credo explicado. Proposta da Diocese de Braga. Vamos aproveitá-la neste Ano da Fé.


A reflexão sobre o «Credo» limita-se, muitas vezes, a constatar que o texto é muito complicado... Não poderemos olhar de outra forma para as palavras que expressam a nossa identidade cristã?! Este ano pastoral, durante quarenta e duas semanas, vamos apresentar as expressões do «Credo» para, a partir do texto, aprendermos a «dizer» (melhor) qual é a nossa fé. [Para ajudar a compreender melhor, ler: Segunda Carta a Timóteo 1, 6-14; Catecismo da Igreja Católica, números 185 a 197

«Sei em quem acreditei» — esta afirmação de Paulo «ajuda-nos a compreender que ‘antes de mais, a fé é uma adesão pessoal do homem a Deus. Ao mesmo tempo, e inseparavelmente, é o assentimento livre a toda a verdade revelada por Deus’. A fé como confiança pessoal no Senhor e a fé que professamos no Credo são inseparáveis, se atraem e se exigem reciprocamente. Existe uma ligação profunda entre a fé vivida e os seus conteúdos: a fé das testemunhas e dos confessores é também a fé dos apóstolos» (Congregação para a Doutrina da Fé, «Nota com indicações pastorais para o Ano da Fé»).

Sinal de identidade. O «Credo» é designado símbolo da fé. Esta denominação está conforme com a origem etimológica da palavra, porque o símbolo, originalmente, era um objeto partido em dois, permitindo o reconhecimento entre as duas partes de um pacto, de um contrato. Cada parceiro conservava consigo uma metade desse objeto, e quando se juntavam as duas partes, podiam reconhecer-se ligados pelo pacto que anteriormente tinham assinado. O símbolo tem o valor do reconhecimento. Da mesma forma, o «Credo» é um símbolo porque, ao recitarmos este texto, reconhecemo-nos cristãos e parceiros de todas as gerações cristãs que nos precederam. É a expressão de uma fé comum, a fé da Igreja.

Existem três fórmulas «oficiais» para a profissão de fé, para o «Credo».


Credo batismal. A mais antiga é a profissão de fé nascida da liturgia batismal, que se faz sob a forma de pergunta/resposta, que permite proclamar, por um lado a renúncia ao mal, e, por outro lado, a profissão de fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Esta forma, muito litúrgica, porque estava ligada à tripla imersão no batismo, é a mais simples. 

Símbolo dos Apóstolos. O nome desta fórmula nasce de uma lenda que atribuiu aos Apóstolos a autoria do texto. Este Símbolo é considerado a «regra da fé, breve e grande» (Santo Agostinho): breve pelo número das palavras, grande pelo alcance capaz de evocar em poucas palavras a totalidade da fé cristã. 

Símbolo Niceno-Constantinopolitano. Este texto não foi escrito, inicialmente, para uso na liturgia; resulta de discussões teológicas complicadas. O nome deste símbolo está relacionado com o Primeiro Concílio de Niceia (no ano 325) e com o Primeiro Concílio de Constantinopla (no ano 381), onde foi feita uma revisão do texto anterior. O «Credo» possui uma tríplice estrutura: a primeira estrutura é trinitária (Deus é confessado como único, mas também como comunhão de três pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo), a segunda estrutura é narrativa (conta a História da Salvação); a terceira estrutura é enunciativa (não se refere apenas ao conteúdo da fé, mas também aos sujeitos que dele se apropriam, para o viver e testemunhar).

«O Credo está no coração da liturgia pascal, batismal e dominical. Está no coração da catequese no catecumenado dos adultos, na profissão de fé dos jovens, na confirmação como também nos materiais catequéticos (catecismos). Ele está também no coração da teologia» (André Fossion, «Dieu désirable», Novalis; Lumen Vitae, Bélgica 2010, 121).

Creio. «Com a palavra ‘creio [acredito em ti]’, manifestamos um modo pessoal, nosso, de nos pormos diante de uma determinada pessoa: consideramo-la digna de confiança, convencidos de que diz a verdade» (Dionigi Tettamanzi, «Esta é a nossa fé!», Paulinas, Prior Velho 2005, 12). Dizer «creio» é afirmar a nossa confiança, apesar da dúvida ou do risco. Por isso, há uma (grande) diferença entre o crer, o ver e o saber. Como escreveu Jean Guitton, «saber é mais belo do que ver. Mas crer é ainda mais belo do que saber, porque no ato de crer há muito amor. Ver é uma operação feita pela vontade, e até pelo mais alto grau da vontade, que é o amor. Pois bem, há mais na inteligência do que nos sentidos; e há mais no amor do que na inteligência». Dizer «creio» é manifestar a nossa adesão livre e pessoal. Por isso, exige o envolvimento e o empenho da razão. Assim, torna-se útil e importante saber o que dizemos no «Credo» de modo a (re)descobrirmos a sua beleza e significado; e a fazer com que se torne um «sinal distintivo» da identidade cristã.


www.laboratoriodafe.net