Agenda Paroquial:

terça-feira, 24 de abril de 2012

NOTA PASTORAL DO NOSSO BISPO ANTÓNIO SOBRE A QUINZENA VOCACIONAL E EMRC NAS ESCOLAS

Angra, 20 de Abril de 2012.

Às comunidades cristãs,

A Páscoa traz a esperança de vida nova, como dom do Senhor Ressuscitado. Efectivamente, este Tempo Pascal é rico de acontecimentos eclesiais, que são outros tantos momentos de graça, que queremos fazer frutificar.

Quinzena Vocacional

Antes de mais, a Quinzena Quinzenal, que costumamos assinalar, na semana antes e depois do Domingo do Bom Pastor: este ano, de 22 de Abril a 6 de Maio. É um momento forte de oração e de reflexão em prol das vocações de especial consagração na Igreja: Ministério Sacerdotal, Institutos de Vida Religiosa e Secular.

O Santo Padre, na Mensagem deste ano, adverte que as vocações na Igreja são dom do amor de Deus. «Cada vocação específica nasce da iniciativa de Deus… É Ele que realiza o “primeiro passo”… Em todo o tempo, na origem do chamamento divino, está a iniciativa do amor infinito de Deus… Por isso, é preciso anunciar de novo, especialmente às novas gerações, a beleza persuasiva deste amor divino…

«É importante que se criem, na Igreja, as condições favoráveis, para poderem desabrochar muitos “sim”, respostas generosas ao chamamento amoroso de Deus. É tarefa da pastoral vocacional oferecer pontos de orientação para um percurso frutuoso»:
- Elemento central há-de ser «uma familiaridade crescente com a Sagrada Escritura e uma oração pessoal e comunitária, devota e constante…»;
- «Mas o “centro vital” de todo o caminho vocacional seja, sobretudo, a Eucaristia: é aqui, no sacrifício de Cristo, expressão perfeita de amor, que o amor de Deus nos toca; e é aqui que aprendemos incessantemente a viver a “medida alta” do amor de Deus.
- «Palavra, oração, Eucaristia constituem o tesouro, para se compreender a beleza duma vida totalmente gasta pelo Reino» (Bento XVI, Mensagem para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, 2012).

Além disso, para que não faltem na Igreja vocações de especial consagração, o Papa recomenda a colaboração entre pastores e leigos, nomeadamente as famílias cristãs, onde as novas gerações podem fazer «uma experiência maravilhosa do amor de oblação». À oração ao Senhor da Messe, é preciso juntar sempre o acompanhamento espiritual e o apoio material.

Nesse sentido, o ofertório do fim-de-semana do Bom Pastor destina-se ao Seminário Episcopal de Angra, a celebrar, este ano, o 150º aniversário da sua fundação e, actualmente, com cerca de duas dúzias de seminaristas. Apraz-me informar que, no Domingo do Bom Pastor, vou instituir no Ministério dos Acólitos os quatro seminaristas do 5º ano. Além disso, no fim deste ano pastoral, espero ordenar seis novos sacerdotes: três na Sé Catedral de Angra (17 de Junho de 2012) e outros três, na Ilha de S. Miguel (na 2ª metade de Julho de 2012). Nos inícios de Julho será também ordenado sacerdote,  na Praia do Norte (Faial), um frade fransciscano, natural dessa comunidade cristã, em que fazia parte do grupo de jovens. Saibamos, pois, dar graças a Deus, tornando-nos instrumentos do Senhor, que continua a chamar operários para a Sua Messe, também hoje.
Ensino Religioso Escolar

Em recente Nota Pastoral, os Bispos portugueses esclarecem que a unidade da Europa é um «projecto de civilização», que tem a sua base na matriz cristã do velho continente. Já é lugar comum afirmar que a “crise” actual não é apenas financeira e económica, mas tem a sua raiz numa “crise de valores”, que importa promover, para que a resposta à crise não seja apenas de carácter economicista.

Advertem os nossos Bispos: «Elemento decisivo para a União Europeia foi a sua evangelização. Esta criou laços comuns entre povos de tradição cultural muito diversa… A evangelização lançou as bases de uma cultura, veículo de valores e dimensões éticas, que devem ser alicerce de uma autêntica União Europeia…» (CEP, Unidade da Europa, Um Projecto de Civilização, Abril de 2012).

Há elementos centrais da revelação cristã, que fazem parte integrante da identidade cultural europeia, que é preciso preservar, dando a conhecer as suas raízes. Os povos são como as árvores: vivem das raízes.
Isto vem a propósito da importância do Ensino Religioso nas Escolas, como está previsto na Concordata. Não por mero proselitismo religioso, mas para transmitir às novas gerações os valores fundadores da civilização europeia e da açorianidade.
É verdade que estamos num Estado laico, que não pode, nem deve impor nenhuma confissão religiosa. Mas tem a obrigação de criar as condições necessárias para a livre opção dos cidadãos.

No caso concreto das matrículas em EMR, as Escolas têm de garantir aos pais e aos encarregados de Educação a liberdade de escolha. Verifica-se, aqui e ali, alguma falta de informação e de orientação. A EMR é uma área curricular de «enriquecimento», que não pode ser deixada à mercê das circunstâncias. É «de oferta obrigatória e de frequência facultativa», em todas as Escolas, desde o 1º Ciclo até ao Secundário.

A Igreja Católica não quer privilégios, nem tratamento de favor. Apenas a aplicação objectiva da Concordata. Bem sabendo que assim, além do resto, está prestando um relevante serviço às novas gerações, ajudando-as a entrar em contacto com as raízes culturais da identidade europeia, portuguesa e açoriana.

Concluindo, é bom ter presentes outros acontecimentos importantes, que podem contribuir para enriquecer ainda mais este Tempo Pascal, já por si tão significativo. A 6 de Maio é o Dia da Mãe, em tão íntima conexão com o mês de Maria e a Semana da Vida (13-20 de Maio), subordinada ao tema: Comprometidos com a Vida.
«A celebração transforma-se, assim, num serviço do Evangelho da vida, que se exprime através da solidariedade, vivida no seio e ao redor da família».

Coincidindo no mesmo Domingo (13 de Maio), teremos a grande concentração mariana em Fátima e as festas em honra do Senhor Santo Cristo, em Ponta Delgada. Neste ano, quem preside é o Senhor Núncio Apostólico, D. Rino Passigato, que fará visita oficial à Diocese, de 9 a 16 de Maio. Será também um momento especial de graça, que queremos valorizar como expressão de comunhão com o Sucessor de Pedro.


+ António, Bispo de Angra