Agenda Paroquial:

quinta-feira, 28 de abril de 2011

NOTA PASTORAL

Angra, 27 de Abril de 2011.

Às comunidades paroquiais,

Em pleno Tempo Pascal, o mês de Maio, este ano, é pródigo de acontecimentos eclesiais, que queremos viver com intensidade e com a esperança, que nos compromete, no aqui e agora da história, marcada pela semente de renovação da Ressurreição de Cristo.

Quinzena Vocacional

De 8 a 22 de Maio, vamos viver na Diocese a Quinzena Vocacional, promovendo a oração e iniciativas em prol das vocações sacerdotais e à vida consagrada. «Propor as vocações na Igreja local» é o tema indicado pelo Papa para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, no Domingo do Bom Pastor (15 de Maio).

«O Senhor não deixa de chamar, em todas as estações da vida, para partilhar a sua missão e servir a Igreja no ministério ordenado e na vida consagrada… Especialmente neste tempo, em que a voz do Senhor parece sufocada por “outras vozes” e a proposta de O seguir, oferecendo a própria vida, pode parecer demasiado difícil, cada comunidade cristã, cada fiel, deveria assumir, conscientemente, o compromisso de promover as vocações…

«É preciso – recomenda o Papa – que cada Igreja local se torne, cada vez mais sensível e atenta à pastoral vocacional…Dirijo-me, em particular, àqueles que podem oferecer a própria contribuição para a pastoral das vocações: os sacerdotes, as famílias, os catequistas, os animadores… A capacidade de cultivar as vocações é sinal característico da vitalidade de uma Igreja local» (Bento XVI, Mensagem para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações 2011).

Semana da Vida

«Escolhe a Vida e Viverás»! É tema da Semana da Vida, que se vai realizar de 15 a 22 de Maio. O seu início coincide com o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, no Domingo do Bom Pastor. Esta coincidência só enriquece as duas celebrações, como muito bem indica o desdobrável do Departamento Nacional da Pastoral Familiar, enviado a todas as Paróquias.

Quem segue o Bom Pastor encontra a porta da vida e da verdade. «Eu sou a porta: se alguém entrar por Mim, salvar-se-á; entrará e sairá e achará pastagens. O ladrão não vem senão roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância» (Jo 10, 9-10).

A 1 de Maio, João Paulo II vai ser beatificado, apenas a seis anos da sua morte. É um acontecimento excepcional, que traz para a actualidade o seu vigoroso Magistério sobre o Evangelho da Vida: «No contexto social de hoje, marcado por uma luta dramática entre a “cultura da vida” e a “cultura da morte”, importa desenvolver um forte sentido crítico… O primeiro e fundamental passo para realizar esta viragem cultural consiste na formação da consciência acerca do valor incomensurável e inviolável de cada vida humana» (EV 95-96).
É a tal “ecologia humana”, de que o Papa Wojtyla gostava de falar. Era sua convicção que o ser humano é o caminho da Igreja. Numa famosa Carta aos Artistas, afirmava: «Diante da sacralidade da vida e do ser humano, diante das maravilhas do universo, o assombro é a única atitude condigna. Os homens de hoje e de amanhã têm necessidade deste entusiasmo, para enfrentar e vencer os desafios cruciais, que se prefiguram no horizonte. Com tal entusiasmo, a humanidade poderá, depois de cada extravio, levantar-se de novo e retomar o seu caminho» (1999).

«Não tenhais medo»! Foram as palavras que ressoaram, na Praça de S. Pedro, no dia da sua eleição. É a mesma mensagem que nos vem do carisma da Ir. Maria Clara do Menino Jesus, fundadora das Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, que vai ser beatificada, em Lisboa, a 21 de Maio p.f. Não obstante as contrariedades e incompreensões, num contexto complicado de relacionamento entre a Igreja e o Estado, procurou responder á urgência da caridade, seguindo lema: «Onde houver o bem a fazer que se faça».

A sua beatificação é um grande acontecimento para a Congregação que fundou e para a Igreja em Portugal. No momento actual de crise, pode bem ser luzeiro a apontar os caminhos da “fantasia da caridade”. Já exortava João Paulo II: «Há que rejeitar a tentação de uma espiritualidade intimista e individualista, que dificilmente se coaduna com as exigências da caridade» (Novo Millenio Inenunte, 2001, 52).

A vida e acção de João Paulo II mostram como a santidade e a humanidade podem estar unidas. Por isso, o povo fiel gritou, no dia da sua morte: “santo subito”. As pessoas sentiam-se interpeladas pela sua santidade e humanidade. Sempre foi assim, em todos os santos, que souberam viver a santidade como plenitude humana. Foi também o caso da Ir. Maria Clara.

Assim nos ajudem – um e outra - a viver a santidade, como “medida alta” de humanidade!


+ António, Bispo de Angra