Combatam a pobreza! Não combatam os pobres!

Conhecido como Abbé Pierre, ele foi um verdadeiro profeta. Sem papas na língua, incomodava os poderes instituídos quando os atacava duramente pela falta de apoio aos pobres e aproveitava todas as ocasiões para colocar o dedo na ferida da luta contra as desigualdades sociais e o desemprego.
«A vida ensinou-me que viver é usar o breve tempo dado às nossas liberdades para aprenderem a amar e a preparar-se para o breve encontro com o Eterno Amor. Essa é a chave da minha vida e dos meus actos.»
De seu nome de baptismo Henri Grouès, o "Abbé Pierre", era o quinto filho de uma família de cinco rapazes. Nasceu no dia 5 de Agosto de 1912 em Lyon. Quando tinha 15 anos, no decurso de um congresso de jovens cristãos em Assis, sentiu o chamamento divino. E aos 18 anos entrou nos Frades Franciscanos, tendo sido ordenado em 1938.
Trabalhou na catedral de Grenoble e na Alsácia, antes de se empenhar na Resistência durante a II Guerra Mundial – período em que ajudou muitas pessoas a fugir para a Suíça, sendo conhecido, na resistência, como "Abbé Pierre" para não ser identificado.
Em Novembro de 1949 fundou a associação Emaús, uma comunidade que se consagra à construção de casas provisórias para os sem-abrigo, financiada pela revenda de objectos de recuperação muitas vezes apanhados no lixo.
O Movimento de Emaús abarca hoje mais de cem comunidades em que vivem e trabalham mais de quatro mil pessoas, em quarenta países dos cinco continentes.
– «É um santo», afirma, em geral, a maioria dos franceses.
Velhinho e de barba branca poder-se-ia facilmente confundir com um Pai Natal, mas a dureza na expressão e o dedo acusador não casam com aquela simpática e artificial figura. Profeta denunciando as injustiças e a opressão dos pobres a par da vaidade e ineficácia dos governantes – era deste modo que ele entrava nas casas francesas quando aparecia nos ecrãs de televisão a atacar os políticos de Paris, sem distinguir se são da esquerda ou da direita.
A sua mensagem continua actual: – Combatam a pobreza! Não combatam os pobres! – dizia ele aos políticos.
Agora que celebramos o seu centenário, aqui fica mais uma vez a nossa homengem.
Fonte: aqui