Agenda Paroquial:

segunda-feira, 30 de abril de 2012

DESABAFO (um sério exame de consciência pascal)


Na fila do supermercado, o homem da caixa diz a uma senhora idosa:

? A senhora deveria trazer os seus próprios sacos para as compras, uma vez que os sacos de plástico não são amigos do meio ambiente.

A senhora pediu desculpas e disse:

? Não havia essa onda verde no meu tempo.

O empregado respondeu:

? Esse é exactamente o nosso problema hoje, minha senhora. A sua geração não se preocupou o suficiente com o nosso meio ambiente!

? Você tem razão ? responde a senhora idosa ? a nossa geração não se preocupou adequadamente com o meio ambiente. Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e cerveja eram devolvidos à loja. A loja mandava-as de volta para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de as tornar a utilizar, e eles, os fabricantes de bebidas, usavam as garrafas, umas tantas outras vezes.

Realmente não nos preocupámos com o meio ambiente no nosso tempo. Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes nas lojas e nos escritórios. Caminhávamos até ao comércio, em vez de usar o nosso carro de 300 cavalos de potência a cada vez que precisamos de caminhar dois quarteirões.

Mas você tem razão. Nós não nos preocupávamos com o meio ambiente. Naquele tempo, as fraldas dos bebés eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis. Roupas secas: a secagem era feita por nós mesmos, não nestas máquinas bamboleantes de 2200 Wts. A energia solar e eólica é que realmente secavam as nossas roupas. Os meninos pequenos usavam as roupas que tinham sido dos seus irmãos mais velhos, e não roupas sempre novas.

Mas é verdade: não havia preocupação com o meio ambiente, naqueles dias. Naquela época só tínhamos uma televisão ou rádio em casa, e não uma TV em cada quarto. E a TV tinha um ecrã do tamanho de um lenço, não um ecrã do tamanho de um estádio; que depois será descartado, e como?

Na cozinha, tínhamos que bater tudo à mão porque não havia máquinas eléctricas, que fazem tudo por nós. Quando embalávamos algo um pouco frágil para enviar pelo correio, usávamos jornal amassado para protegê-lo, não plástico com bolhas ou pellets de plástico que duram quinhentos anos para se degradarem. Naqueles tempos não se usava um motor a gasolina apenas para cortar a relva, era utilizado um cortador de relva que exigia músculos. O exercício era extraordinário e natural, e não precisávamos deir a um ginásio e usar máquinas para fazer de conta que caminhamos e que também funcionam aelectricidade. Preferíamos caminhar na cidade ou no campo.

Mas você tem razão: não havia naquela época preocupação com o meio ambiente. Bebíamos directamente da fonte, quando estávamos com sede, em vez de usar copos plásticos e garrafas pet que agora envenenam os oceanos. Canetas: recarregávamos com tinta umas tantas vezes ao invés de comprar uma outra. Abandonamos as navalhas (afiáveis), e agora deitamos fora todos os aparelhos 'descartáveis' e poluentes só porque a lâmina deixou de cortar.

Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época. Naqueles dias, as pessoas tomavam o autocarro e os meninos iam de bicicleta ou a pé para a escola, em vez de usar a mãe ou o pai como um serviço de táxi 24 horas. Tínhamos apenas uma tomada em cada quarto, e não um quadro de tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos. E nós não precisávamos de um GPS para receber sinais de satélites a milhas de distância no espaço, só para encontrar a pizzaria mais próxima.

Então, não é engraçado que a actual geração fale tanto no meio ambiente, mas não quer abrir mão de nada e não pensa em viver um pouco como na minha época?



Agora que você já leu o desabafo, pode, se quiser enviar aos seus amigos...

sábado, 28 de abril de 2012

Escala de serviço de Leitores e MEC desde o Domingo de Páscoa até ao Domingo de Pentecostes

TEMA DO 4º DOMINGO DA PÁSCOA - Ano B


O 4º Domingo da Páscoa é considerado o “Domingo do Bom Pastor”, pois todos os anos a liturgia propõe, neste domingo, um trecho do capítulo 10 do Evangelho segundo João, no qual Jesus é apresentado como “Bom Pastor”. É, portanto, este o tema central que a Palavra de Deus põe, hoje, à nossa reflexão.
O Evangelho apresenta Cristo como “o Pastor modelo”, que ama de forma gratuita e desinteressada as suas ovelhas, até ser capaz de dar a vida por elas. As ovelhas sabem que podem confiar n’Ele de forma incondicional, pois Ele não busca o próprio bem, mas o bem do seu rebanho. O que é decisivo para pertencer ao rebanho de Jesus é a disponibilidade para “escutar” as propostas que Ele faz e segui-l’O no caminho do amor e da entrega.
A primeira leitura afirma que Jesus é o único Salvador, já que “não existe debaixo do céu outro nome, dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos” (neste “Domingo do Bom Pastor” dizer que Jesus é o “único salvador” equivale a dizer que Ele é o único pastor que nos conduz em direcção à vida verdadeira). Lucas avisa-nos para não nos deixarmos iludir por outras figuras, por outros caminhos, por outras sugestões que nos apresentam propostas falsas de salvação.
Na segunda leitura, o autor da primeira Carta de João convida-nos a contemplar o amor de Deus pelo homem. É porque nos ama com um “amor admirável” que Deus está apostado em levar-nos a superar a nossa condição de debilidade e de fragilidade. O objectivo de Deus é integrar-nos na sua família e tornar-nos “semelhantes” a Ele.

Padres Dehonianos



sexta-feira, 27 de abril de 2012

Os mandamentos da felicidade

1. Pedirás a Deus, cada manhã,
com confiança, a graça de ser feliz.

2. Mostrarás calma e um
sorriso, mesmo nas horas de amargura.

3. Dirás no trabalho e oração: «Deus ama-me e está sempre presente.»

4. Esforçar-te-ás, por descobrir
sempre o rosto positivo das pessoas e da vida.

5. Cultivarás a alegria e
felicidade, no meio das outras flores do jardim que és.

6. Evitarás lamentos e
críticas, tudo aceitando, e a todos perdoando com amor.

7. Trabalharás de coração
alegre e generoso, como Missão, não como obrigação.

8. Acolherás afectuosamente
quem te visita; e mais ainda quem vive ao teu lado.

9. Animarás todos os doentes que encontrares, esquecendo teus momentos menos bons.

10. Derramarás felicidade ao
teu redor e ela, mais em ti, renascerá.


quinta-feira, 26 de abril de 2012

Os sapatos

Um jovem saiu de casa calçando
uns sapatos novos. Quando os comprou, pareceram-lhe bons, mas agora sentia-os
demasiado apertados. Os pés começaram a doer-lhe.

Queixou-se aos amigos,
dizendo:

- Que desgraça! Só me faltava
mais esta!

Enquanto conversava com um
colega, viu passar um coxo a quem faltava uma perna, Apesar disso, ia a cantar.

Mais adiante, cruzou-se com um
cego que, de bengala, ia sorridente.

Um pouco mais adiante,
encontrou-se com um jovem de braço ao peito, que tinha partido. Apesar disso,
ia a conversar alegremente com os companheiros.

O jovem disse então para
consigo:’ Que vergonha! Eu a lamentar-me por causa dos sapatos, e estes, mesmo
sem pernas, olhos e braços, vão felizes!»



As desgraças alheias não servem de conforto. São, porém, um estímulo a
não nos queixarmos tanto e a sermos mais optimistas.


quarta-feira, 25 de abril de 2012

Os três amores

Um homem tinha três amores: o dinheiro, a beleza e as
boas acções.

Quando chegou a hora da morte, chamou-os para se
despedir.

A beleza disse-lhe:

- Tu sabias que eu não era um amor definitivo. Tudo o que
é belo, acaba. Por isso, tem paciência e adeus!

O dinheiro consolou-o, dizendo-lhe:

- Já sabe que estarei contigo até ao fim. Terás um
funeral de luxo e todos os jornais falarão de ti.

Finalmente, chegou a vez das boas acções. Aproximaram-se
do seu leito e, carinhosamente, disseram-lhe:

- Não tenhas medo. Nós não nos despedimos de ti.
Acompanhar-te-emos mesmo para além da morte e, graças a nós, terás uma
eternidade feliz.



A morte é a solidão total. Só uma coisa nos acompanha:
todo o bem que tivermos feito aos nossos irmãos. Só o amor permanece.


terça-feira, 24 de abril de 2012

NOTA PASTORAL DO NOSSO BISPO ANTÓNIO SOBRE A QUINZENA VOCACIONAL E EMRC NAS ESCOLAS

Angra, 20 de Abril de 2012.

Às comunidades cristãs,

A Páscoa traz a esperança de vida nova, como dom do Senhor Ressuscitado. Efectivamente, este Tempo Pascal é rico de acontecimentos eclesiais, que são outros tantos momentos de graça, que queremos fazer frutificar.

Quinzena Vocacional

Antes de mais, a Quinzena Quinzenal, que costumamos assinalar, na semana antes e depois do Domingo do Bom Pastor: este ano, de 22 de Abril a 6 de Maio. É um momento forte de oração e de reflexão em prol das vocações de especial consagração na Igreja: Ministério Sacerdotal, Institutos de Vida Religiosa e Secular.

O Santo Padre, na Mensagem deste ano, adverte que as vocações na Igreja são dom do amor de Deus. «Cada vocação específica nasce da iniciativa de Deus… É Ele que realiza o “primeiro passo”… Em todo o tempo, na origem do chamamento divino, está a iniciativa do amor infinito de Deus… Por isso, é preciso anunciar de novo, especialmente às novas gerações, a beleza persuasiva deste amor divino…

«É importante que se criem, na Igreja, as condições favoráveis, para poderem desabrochar muitos “sim”, respostas generosas ao chamamento amoroso de Deus. É tarefa da pastoral vocacional oferecer pontos de orientação para um percurso frutuoso»:
- Elemento central há-de ser «uma familiaridade crescente com a Sagrada Escritura e uma oração pessoal e comunitária, devota e constante…»;
- «Mas o “centro vital” de todo o caminho vocacional seja, sobretudo, a Eucaristia: é aqui, no sacrifício de Cristo, expressão perfeita de amor, que o amor de Deus nos toca; e é aqui que aprendemos incessantemente a viver a “medida alta” do amor de Deus.
- «Palavra, oração, Eucaristia constituem o tesouro, para se compreender a beleza duma vida totalmente gasta pelo Reino» (Bento XVI, Mensagem para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, 2012).

Além disso, para que não faltem na Igreja vocações de especial consagração, o Papa recomenda a colaboração entre pastores e leigos, nomeadamente as famílias cristãs, onde as novas gerações podem fazer «uma experiência maravilhosa do amor de oblação». À oração ao Senhor da Messe, é preciso juntar sempre o acompanhamento espiritual e o apoio material.

Nesse sentido, o ofertório do fim-de-semana do Bom Pastor destina-se ao Seminário Episcopal de Angra, a celebrar, este ano, o 150º aniversário da sua fundação e, actualmente, com cerca de duas dúzias de seminaristas. Apraz-me informar que, no Domingo do Bom Pastor, vou instituir no Ministério dos Acólitos os quatro seminaristas do 5º ano. Além disso, no fim deste ano pastoral, espero ordenar seis novos sacerdotes: três na Sé Catedral de Angra (17 de Junho de 2012) e outros três, na Ilha de S. Miguel (na 2ª metade de Julho de 2012). Nos inícios de Julho será também ordenado sacerdote,  na Praia do Norte (Faial), um frade fransciscano, natural dessa comunidade cristã, em que fazia parte do grupo de jovens. Saibamos, pois, dar graças a Deus, tornando-nos instrumentos do Senhor, que continua a chamar operários para a Sua Messe, também hoje.
Ensino Religioso Escolar

Em recente Nota Pastoral, os Bispos portugueses esclarecem que a unidade da Europa é um «projecto de civilização», que tem a sua base na matriz cristã do velho continente. Já é lugar comum afirmar que a “crise” actual não é apenas financeira e económica, mas tem a sua raiz numa “crise de valores”, que importa promover, para que a resposta à crise não seja apenas de carácter economicista.

Advertem os nossos Bispos: «Elemento decisivo para a União Europeia foi a sua evangelização. Esta criou laços comuns entre povos de tradição cultural muito diversa… A evangelização lançou as bases de uma cultura, veículo de valores e dimensões éticas, que devem ser alicerce de uma autêntica União Europeia…» (CEP, Unidade da Europa, Um Projecto de Civilização, Abril de 2012).

Há elementos centrais da revelação cristã, que fazem parte integrante da identidade cultural europeia, que é preciso preservar, dando a conhecer as suas raízes. Os povos são como as árvores: vivem das raízes.
Isto vem a propósito da importância do Ensino Religioso nas Escolas, como está previsto na Concordata. Não por mero proselitismo religioso, mas para transmitir às novas gerações os valores fundadores da civilização europeia e da açorianidade.
É verdade que estamos num Estado laico, que não pode, nem deve impor nenhuma confissão religiosa. Mas tem a obrigação de criar as condições necessárias para a livre opção dos cidadãos.

No caso concreto das matrículas em EMR, as Escolas têm de garantir aos pais e aos encarregados de Educação a liberdade de escolha. Verifica-se, aqui e ali, alguma falta de informação e de orientação. A EMR é uma área curricular de «enriquecimento», que não pode ser deixada à mercê das circunstâncias. É «de oferta obrigatória e de frequência facultativa», em todas as Escolas, desde o 1º Ciclo até ao Secundário.

A Igreja Católica não quer privilégios, nem tratamento de favor. Apenas a aplicação objectiva da Concordata. Bem sabendo que assim, além do resto, está prestando um relevante serviço às novas gerações, ajudando-as a entrar em contacto com as raízes culturais da identidade europeia, portuguesa e açoriana.

Concluindo, é bom ter presentes outros acontecimentos importantes, que podem contribuir para enriquecer ainda mais este Tempo Pascal, já por si tão significativo. A 6 de Maio é o Dia da Mãe, em tão íntima conexão com o mês de Maria e a Semana da Vida (13-20 de Maio), subordinada ao tema: Comprometidos com a Vida.
«A celebração transforma-se, assim, num serviço do Evangelho da vida, que se exprime através da solidariedade, vivida no seio e ao redor da família».

Coincidindo no mesmo Domingo (13 de Maio), teremos a grande concentração mariana em Fátima e as festas em honra do Senhor Santo Cristo, em Ponta Delgada. Neste ano, quem preside é o Senhor Núncio Apostólico, D. Rino Passigato, que fará visita oficial à Diocese, de 9 a 16 de Maio. Será também um momento especial de graça, que queremos valorizar como expressão de comunhão com o Sucessor de Pedro.


+ António, Bispo de Angra

Para pensar

Tenho três cães
ferozes: ingratidão, soberba e inveja. Quando estes três cães me mordem, a
ferida é muito profunda.

Lutero

O motivo porque o cão
tem tantos amigos é porque move a cauda e não a língua.

Anónimo

Quem quiser nesta
vida todas as coisas a seu gosto, terá muitos desgostos na vida.

F.Quevedo

Se ajudo a uma única
pessoa a ter esperança, não terei vivido em vão.

Luther King

Muitas desculpas são
sempre menos convincentes que uma só.

A. Huxely

O sábio apenas
utiliza a aspereza consigo próprio; é amável com os outros.

Plutarco

A melhor maneira de
manteres os teus amigos é não lhes deveres nem lhes emprestares nunca nada

P. Rock

Se vós, jovens, não
ardeis de amor verdadeiro, haverá muita gente que morrerá de frio.

F. Mauriac

domingo, 22 de abril de 2012

TEMA DO 3º DOMINGO da PÁSCOA - Ano B


Jesus ressuscitou verdadeiramente? Como é que podemos fazer uma experiência de encontro com Jesus ressuscitado? Como é que podemos mostrar ao mundo que Jesus está vivo e continua a oferecer aos homens a salvação? É, fundamentalmente, a estas questões que a liturgia do 3° Domingo da Páscoa procura responder.
O Evangelho assegura-nos que Jesus está vivo e continua a ser o centro à volta do qual se constrói a comunidade dos discípulos. É precisamente nesse contexto eclesial - no encontro comunitário, no diálogo com os irmãos que partilham a mesma fé, na escuta comunitária da Palavra de Deus, no amor partilhado em gestos de fraternidade e de serviço - que os discípulos podem fazer a experiência do encontro com Jesus ressuscitado. Depois desse "encontro", os discípulos são convidados a dar testemunho de Jesus diante dos outros homens e mulheres.
A primeira leitura apresenta-nos, precisamente, o testemunho dos discípulos sobre Jesus. Depois de terem mostrado, em gestos concretos, que Jesus está vivo e continua a oferecer aos homens a salvação, Pedro e João convidam os seus interlocutores a acolherem a proposta de vida que Jesus lhes faz.
A segunda leitura lembra que o cristão, depois de encontrar Jesus e de aceitar a vida que Ele oferece, tem de viver de forma coerente com o compromisso que assumiu D Essa coerência deve manifestar-se no reconhecimento da debilidade e da fragilidade que fazem parte da realidade humana e num esforço de fidelidade aos mandamentos de Deus.

Padres Dehonianos

sábado, 21 de abril de 2012

?!



Quero chamar-lhe Tiago. Porque em Grego é uma dádiva de Deus. O padre Tiago diz que anda cansado. Chega a casa e só lhe apetece ver televisão. Ou ouvir televisão. Diz que gosta de ouvir diálogos. E se for para a cama cedo ainda tem muita conversa a por em dia com os seus pensamentos. Não gosta destas conversas. O Padre Joaquim e o padre José e o padre Mário estão doentes. Escolhi os nomes ao acaso. Fala-se de uma depressão. Ou quase depressão. São novos. Bastante novos. Têm menos que dez anos de padre. O padre Tiago tem doze. Como ele, outros se manifestam cansados de andar de um lado para o outro. Cinco, seis, sete e mais paróquias. Embora pequenas, multiplicam-se os esforços. Vale mais um esforço grande do que muitos pequenos. Não aparecem às reuniões diocesanas ou outras. Estão cansados deste formato funcional de ser padre. Desta forma ocidental de viver em Igreja à volta de várias paróquias que têm fé à custa de sacramentos desvirtuados da sua essência e colados à sociedade laica. Estava a conversar com o padre Tiago e falávamos de padres novos que não estão a ser felizes. Nisso da felicidade, os padres mais velhos dão passos mais largos. E não se sabe, ou até sabe, porquê. O que precisavam estes padres que andam cansados, doentes, saturados? Perguntou o Tiago. Exigimos tantas coisas aos padres, e deveríamos apenas dizer aquilo que dizemos aos cristãos. Que sejam felizes. O que interessava é que os padres fossem felizes.
Do blogue Confessionário de um padre

sexta-feira, 20 de abril de 2012

AFECTO POR CRISTO, DESAFECTO PELA IGREJA


 


1. Há estudos que revelam o que ainda poucos sabem. E há estudos que mostram o que toda a gente já conhece.
A sondagem realizada pela Universidade Católica documenta o que temos sido capazes de ver mas incapazes de inverter. Ou seja, o número de católicos, apesar de continuar elevado, está a cair. Ainda são muitos (79,5%), mas são cada vez menos (há doze anos, eram 86,9%).

Acresce que — aspecto importante — os portugueses não estão a ficar descrentes (estes não chegam a 10%). Estão, sim, a optar por outras confissões cristãs, por outras religiões ou, então, por cultivar a fé longe de qualquer enquadramento institucional.
Tudo somado, temos vastas matéria para reflexão e muitas pistas para a missão.
Desde logo, importa retomar a interpelação deixada por Joseph Ratzinger nos anos 70: estará a ser a Igreja uma via ou um obstáculo para a busca de Deus e o anúncio de Cristo?

2. Para se aferir a pujança de uma igreja, a multidão é pouco e o culto não é tudo.
Estes indicadores, embora relevantes, são insuficientes para conferir a totalidade do que está em causa.
Eles tipificam o que se refere ao ocasional, isto é, ao que se passa durante certos momentos do ano, do mês ou da semana. Mas não permitem colher o que ocorre de forma constante.
Os estudos avaliam o mensurável, designadamente o envolvimento com a instituição Igreja. Mas a fé tem muito que não é mensurável: a relação com Deus e com as pessoas a partir de Deus.

3. Estes trabalhos quantificam, habitualmente, o que se refere ao «vir». O que se apresenta são números e percentagens sobre aqueles que «vêm» à Igreja.
Sucede que, sendo a Igreja por natureza missionária (como recordou Paulo VI), o primeiro movimento é «ir». E este «ir» há-de visar não apenas «atrair», mas também (e acima de tudo) «repartir».
Num tempo em que muitos chamam seu ao que é comum, é determinante que cada um se disponha a chamar comum ao que é seu.
Trata-se daquele «comunalismo» desenhado nos Actos dos Apóstolos e que tanto impressionava os contemporâneos dos cristãos da primeira hora (cf. Act 4, 32).

4. Nos tempos que correm, a fenomenologia da descrença mantém-se residual.
Ora, isto contradiz, uma vez mais, a ideia, difundida por alguns, do «eclipse de Deus» na sociedade. O encanto por Deus mantém-se. O desencanto pela Igreja é que se acentua. Como inverter esta última tendência?
Propostas haverá muitas, mas todos os caminhos terão de passar por um duplo eixo: espiritualidade e solidariedade.
As pessoas valorizam, cada vez mais, a vivência de Deus no seu interior e anseiam por um testemunho de Deus no exterior. Trata-se, em suma, de uma «sócio-espiritualidade».
A Igreja cai sempre que se aquieta e cresce sempre que se inquieta. A Igreja tem de se «des-centrar» para se «re-centrar». Tem de se «des-centrar» de si para se «re-centrar» naquele que era o duplo centro para Jesus. Deus e o Homem.
Tal como para Jesus, também na Igreja Deus tem de ser a prioridade e o Homem o caminho.
Já dizia o apóstolo João: «Quem ama a Deus, ame também a seu irmão»(1Jo 4, 21)!


João António Pinheiro Teixeira

AGÊNCIA ECCLESIA

quarta-feira, 18 de abril de 2012

«Se o grão de trigo...»

Conversa de grãos…
- Dizia um dos grãos de trigo para os outros em pleno inverno debaixo de uns centímetros de terra: vamos acabar podres aqui sob esta terra húmida e fria.
- Outro grão retorquia: tenho impressão que não. Se nos puseram aqui não é para acabar.

- Que ideia, foi mesmo para acabar. Não sentes a tua casca a desfazer-se e o miolo a inchar? E aqueles ali já estão apodrecidos, desfeitos, nem já dão por nós.
- Deixa lá, vais ver que não vai ser o nosso fim. Sinto cá por dentro uma vibraçãozinha como alguém a chamar-me baixinho!
- Estás mesmo a sonhar, ilusão; estás a delirar. Eu não sinto nada, só o frio e a terra húmida a esmagar-me. É uma tristeza acabar assim. Era tão boa a nossa vida, antes!
- Não estás a ver este grelinho a sair do meu interior por dentro da minha pele desfeita? Espera, espera… Já…
- O quê?
- Estou a subir de dentro do que estava podre. Vejo…
- Se não estou louco, parece que também está a acontecer comigo. Estou a mexer…qualquer coisa a subir… Será que é mesmo agora o nosso fim?
- Eu vejo uma luzinha por cima, sinto algo a roçar quentinho pela minha folhinha…Sinto-me mais vivo…a renascer. Está a ser mais bonito que antes e que há pouco. Olha, ali, outros grelinhos a aparecer, a subir… Já não estamos a apodrecer debaixo da terra. E aquela luz grande a olhar para nós! Ena, tanta luz! E tantos a acenar-nos para a festa. Hi! O que estamos a ver! Que bonito!
Funchal, Páscoa, (“Se o grão de trigo não morrer…”) 2012
Aires Gameiro

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Os (dez) Mandamentos de Jesus


Os Dez Mandamentos da Lei de Deus foram escritos em duas tábuas. Os Dez Mandamentos de Jesus não foram escritos em qualquer livro, mas estão inscritos em todos os corações. 

Paul Johnson, conhecido historiador, extraiu-os da pregação do Mestre e compendiou-os numa obra recente. Vou procurar resumi-los parafraseando-os. 

1. Aceita-te como és
Jesus ensinou-nos que, fazendo parte de uma comum humanidade, cada um de nós é dotado de uma personalidade única e irrepetível. Por isso, cada um tem direito a determinar a sua vida e a desenvolver uma vontade individual.

2. Aceita os outros como eles são
Jesus mostrou-nos que as opções não são excludentes, mas inclusivas. A aceitação de si mesmo não impede (antes pressupõe) a aceitação dos outros. Do mesmo modo, o amor a Deus implica o amor ao próximo. O amor está no mesmo patamar que a verdade: também é universal. É para todos. É para sempre.

3. Apesar de único, não és superior nem inferior aos outros. Para Deus, és igual a todos
Jesus sentiu-Se sempre incomodado com o carreirismo, com as disputas de lugares. O importante não é ficar à frente dos outros, mas dar o melhor pelos outros. É por isso que, em Jesus, Deus corrige as assimetrias humanas. Se alguma discriminação pratica, é apenas a discriminação positiva: traz as periferias para o centro e o centro para as periferias; faz com que os primeiros sejam últimos e com que os últimos sejam primeiros (cf. Mt 19, 30).

4. Todos os teus actos deverão serão guiados pelo amor
Jesus tinha o amor nos lábios e, sobretudo, continha o amor nos gestos. Trata-se de um amor totalizante, não fraccionado. Não é, pois, um amor egoísta, mas um amor que se doa. É um amor que envolve o espírito e também o corpo. É um amor que atende, que ouve, que reconcilia, que ajuda. No amor não há leis; há provas. Jesus deu-nos a prova suprema de amor.

5. Usarás de misericórdia e de bondade para com toda a gente
A misericórdia e a bondade dimanam do amor e vão além da lei. Elas conduzem à moderação, ao autodomínio, longe de todo e qualquer radicalismo ou pulsão para a vingança. Pela misericórdia e pela bondade, habituamo-nos a agradecer o bem e a não devolver o mal, mesmo a quem nos faz mal.

6. Serás sempre equilibrado nas tuas atitudes
Jesus era claro, mas nunca foi um extremista. Usando uma conhecida expressão de Manuel Antunes, podemos dizer que Ele desencadeou a «revolução da sensatização». Como anota Paul Jonhson, Jesus «era reservado, mas não era um eremita; era capaz de estar sozinho, mas também gostava de companhia; era comedido, mas também conseguia indignar-Se; sabia chorar, mas não desesperava; era objecto de troça, mas nunca troçou de ninguém; foi agredido e deu a outra face». Enfim, foi atacado até por causa da Sua moderação.

7. Terás sempre um espírito aberto
Jesus sinalizou a Sua abertura com a Sua vida e até com a Sua morte. O Seu coração foi aberto a toda a humanidade (cf. Jo 19, 34). O mundo evoluiu sempre que se abriu e regrediu todas as vezes que se fechou. Por isso, antes de voltar para o Pai, Jesus enviou os Seus discípulos «por todo o mundo» (Mt 28, 19). Não a uma parte do mundo, mas a todo o mundo.

8. Buscarás, permanentemente, a verdade
Jesus é o melhor guia na busca da verdade, «de uma verdade completa e total, pura e simples, despida de contornos sectários, limpa de paixões». Trata-se de uma verdade que não é conquistada, mas oferecida. Não a possuiremos nunca. Devemos deixar-nos possuir por ela. É a verdade de Deus e a verdade do mundo. Deus e o mundo não estão em oposição. Deus vem ao nosso encontro no mundo. É no mundo que vamos ao encontro de Deus.

9. Utilizarás o poder com moderação e respeitarás quem o não tem
A vida de Jesus «é um modelo de uso contido do poder e, por contraste, a Sua morte é um exemplo, catastrófico e cruel, de abuso do mesmo poder». A ressurreição significa «a vitória do impotente», que ressurge das profundidades da morte. Jesus não deixou um manual de política nem regras sobre o poder. O fundamental é que o seu exercício seja pautado pelo respeito pelos mais humildes e pobres.

10. Serás sempre corajoso
Cervantes dizia que perder os bens é perder muito, mas perder a coragem é perder tudo. Não espanta, por isso, que o grande legado de Jesus, documentado em palavras e amplamente certificado em obras, seja a coragem. É a coragem de «não apenas de resistir ao mal, mas também de o suportar». Jesus convida-nos à mansidão e à tolerância, mesmo diante da hostilidade e da perseguição. Exorta-nos a não fugir dos problemas e a manter a serenidade no meio da tempestade. Esta coragem «é hoje tão necessária como sempre foi e é tão rara como no tempo d'Ele».



João António Pinheiro Teixeira
Agência Ecclesia

sábado, 14 de abril de 2012

Tema do 2º Domingo da Páscoa - Ano B



A liturgia deste domingo apresenta-nos essa comunidade de Homens Novos que nasce da cruz e da ressurreição de Jesus: a Igreja. A sua missão consiste em revelar aos homens a vida nova que brota da ressurreição.
Na primeira leitura temos, numa das “fotografia” que Lucas apresenta da comunidade cristã de Jerusalém, os traços da comunidade ideal: é uma comunidade formada por pessoas diversas, mas que vivem a mesma fé num só coração e numa só alma; é uma comunidade que manifesta o seu amor fraterno em gestos concretos de partilha e de dom e que, dessa forma, testemunha Jesus ressuscitado.
No Evangelho sobressai a ideia de que Jesus vivo e ressuscitado é o centro da comunidade cristã; é à volta d’Ele que a comunidade se estrutura e é d’Ele que ela recebe a vida que a anima e que lhe permite enfrentar as dificuldades e as perseguições. Por outro lado, é na vida da comunidade (na sua liturgia, no seu amor, no seu testemunho) que os homens encontram as provas de que Jesus está vivo.
A segunda leitura recorda aos membros da comunidade cristã os critérios que definem a vida cristã autêntica: o verdadeiro crente é aquele que ama Deus, que adere a Jesus Cristo e à proposta de salvação que, através d’Ele, o Pai faz aos homens e que vive no amor aos irmãos. Quem vive desta forma, vence o mundo e passa a integrar a família de Deus.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

O Maestro Emílio Porto partiu...




Publicado na Sexta-Feira, dia 13 de Abril de 2012, em Actualidade
O maestro do Grupo Coral das Lajes do Pico, Manuel Emílio Porto, faleceu durante um ensaio na noite de quarta-feira, sendo que o seu funeral tem lugar hoje, sexta-feira, na freguesia da Ribeirinha na ilha do Pico.
Recorde-se que o maestro dirigia o Grupo Coral das Lajes do Pico desde a sua fundação, há 28 anos, e que na noite do último sábado participou no concerto da Lira Açoriana com os Grupos Corais da Horta e das Lajes do Pico. Este espectáculo encerrou com os “Olhos pretos” num arranjo com a sua particular assinatura.
Segundo o livro “25 anos a cantar - Grupo Coral das Lajes do Pico”, o maestro nasceu a 20 de Dezembro de 1935, na Ribeirinha do Pico, onde permaneceu até completar o ensino primário.
Deslocou-se para a ilha Terceira para frequentar o Seminário Diocesano de Angra do Heroísmo, onde se formou em Teologia, em 1962.
Recebeu as Ordens Sacras, serviu a Igreja, primeiro na actividade paroquial e posteriormente como capelão militar em Angola, até ao final de 1975.
Um ano depois dedicou-se ao ensino sendo que, para melhor desenvolver a sua actividade como professor de Educação Musical que exerceu até à reforma, em 2004, adquiriu o Complemento de Habilitações em Educação Musical, na Escola Superior de Setúbal.
Foi ainda deputado nas duas primeiras legislaturas da Assembleia Regional dos Açores.
Na área musical, e ainda enquanto estudante, criou e dirigiu capelas litúrgicas e pequenos grupos corais, nomeadamente em S. Caetano, (Pico), em Cabinda e Sanza Pombo (Angola).
Em 1983, formou o Grupo Coral das Lajes, que na sua actividade, ao longo de 25 anos, deixou parte do seu repertório registado em três CD’s.
O seu trabalho de compositor reúne temas sacros mas também de música tradicional e nova açoriana, e publicou os livros “Senhor, Levanta os Teus Olhos” (1999) e “O Meu Cancioneiro” (2001).
Em 2001, foi agraciado com o Grau de Comendador da Ordem de Mérito pelo Presidente da República Jorge Sampaio, e, em 2008, com a Insígnia Autonómica de Mérito Cívico, pela Assembleia Regional dos Açores.

Jornal A União (da Diocese de Angra)

Ressurreição: que ressurreição?



Pe. Joaquim Carreira das Neves


Acabámos de celebrar o centro da fé cristã baseada na ressurreição de Jesus Cristo. Segundo São Paulo, em resposta a uma fação de cristãos de Corinto que não acreditava na ressurreição, “Se Cristo não ressuscitou, então a nossa pregação é inútil e e a vossa fé é inútil também... Ora, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, a vossa fé não tem fundamento e vocês são ainda escravos dos vossos pecados... Se a esperança que temos em Cristo não vai para além desta vida, somos os mais miseráveis de todos” (1Cor 15, 16-19).
A nossa fé na ressurreição de Jesus Cristo complica-se quando, em teologia, perguntamos: E como é que se explica teologicamente a ressurreição? Há uma explicação racional? Não passa duma asserção de fé? Não será uma pura metáfora? Uma vez mais, S. Paulo pode dar-nos a resposta. Escreve: “Alguém pode perguntar: “Como é que os mortos ressuscitam? Com que corpo vão eles aparecer?... Assim acontecerá também com a ressurreição dos mortos. Enterra-se um corpo mortal, e ressuscita imortal. Enterra-se um corpo sem beleza, e ressuscita cheio de esplendor; enterra-se um corpo fraco, e ressuscita forte. Enterra-se um simples corpo humano, e aparece depois um corpo cheio de vida nova, dada pelo Espírito” (1Cor 15, 35. 42-44). S. Paulo acreditava, pois, na ressurreição como acontecimento histórico: trata-se de um corpo ressurreccionado, que é diferente de um corpo apenas imortal ou espiritual. Segundo a antropologia bíblica, ao contrário da grega, o corpo material é constituinte necessário da pessoa ou do eu individual. Se o Ressuscitado é a pessoa de Jesus de Nazaré, é sempre um corpo e não apenas uma alma ou um espírito. De maneira clássica, costumamos falar de “corpo glorioso”.
Sem ressurreição não há fé cristã. Sem a ressurreição de Jesus Cristo, o mesmo Jesus não seria mais do que um simples grande homem, grande doutrinador, grande profeta, grande homem de Deus.
À luz das narrativas bíblicas, a razão histórica aplicada à pessoa histórica de Jesus termina nas narrativas do túmulo vazio. Mas, segundo o grande filósofo Emanuel Kant, a razão pura levada ao seu limite não explica toda a realidade. Depois da razão pura vem a razão prática para explicar a verdadeira realidade que consiste também no sentimento, no amor, no coração, na consciência, na ética e moral e, definitivamente, em Deus. Segundo o “Princepezinho”, o “Invisível” é a real dimensão do ser humano.
O assunto, nestes últimos dias, recebeu uma dimensão nacional, em Espanha, por causa duma “Notificação” da “Comissão Episcopal da Igreja Católica Espanhola para a Doutrina Cristã” dirigida ao teólogo espanhol Andrés Torres Queiruga. Trata-se de um teólogo conhecido e reconhecido tanto em Espanha como na América Latina, professor na Universidade de São Tiago de Compostela. Entre os muitos livros que escreveu sobressai a obra “Repensar a Ressurreição”. O autor defende a ressurreição de Jesus Cristo “em espírito”, sem a necessidade primária do “corpo”. Se, por hipótese, se encontrasse o túmulo de Jesus com as suas ossadas, havia motivos para continuar a falar de ressurreição. O grande teólogo católico Karl Rahner também defendeu esta tese. Neste sentido, a ressurreição de Jesus Cristo seria um acontecimento histórico simbólico ou metafórico, digno de crédito, mas diferente, em qualidade de perceção, da tradição teológica da fé católica. Mas nunca por nunca, esta tradição, desde os Padres da Igreja, apresentou provas de história positiva sobre a ressurreição de Jesus Cristo. Todas as provas são humanas: Jesus Cristo fez-se aparecer a pessoas que, por sua vez, se apresentaram como tais. É, pois, uma prova “testemunhal”. E neste testemunho também entra a retórica narrativa apologética. O caso mais significativo é a narrativa sobre o apóstolo Tomé: “Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos. Estende a tua mão e mete-a no meu peito. Não sejas descrente! Acredita!” E Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!” Jesus disse-lhe: “Acreditas agora porque me viste? Felizes os que acreditarem sem terem visto” (Jo 20, 27-29).
As dúvidas dos cristãos de Corinto ou dos cristãos das comunidades joânicas são as de ontem e de hoje. O problema é que a exegese bíblica moderna fala de narrativas “apologéticas” e não “históricas”. Históricas são as dúvidas. Não nos escandalizemos, pois, se afirmarmos que não temos provas de história factual, mas apenas de história testemunhal. E também estas nem sempre são fáceis de entender. Como compreender, de facto, a primeira narrativa paulina a ser escrita (por volta do ano 53-55): “Apareceu a Pedro e, a seguir, ao grupo dos doze [não eram só onze?]. Apareceu ainda a mais de quinhentos “irmãos” de uma só vez. A maior parte deles ainda vive, mas alguns já morreram [quem são este quinhentos irmãos, dos quais nunca mais se fala?]. Apareceu, depois, a Tiago e, em seguida, a todos os apóstolos [quem são estes apóstolos, diferentes, necessariamente, do grupo dos doze?]. Em último lugar, apareceu-me também a mim, que sou quase como um aborto” (1Cor 15, 5-8). Por outro lado, S. Paulo refere a verdade da ressurreição em função da verdade da “parusia” e do “juízo final”, que devia acontecer durante a vida histórica de S. Paulo: “Vou dar-vos a conhecer um mistério: nem todos morreremos, mas todos havemos de ser transformados. Isso acontecerá num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da trombeta final. Quando ela se ouvir, os mortos ressuscitam para não mais morrerem, e nós seremos transformados” (1Cor 15, 51-52; cf. 1Ts 4, 15-17).
A manhã da Páscoa não é um acontecimento separado dos “ressuscitados” seguidores do Mestre que venceu a morte. Mas o Mestre é muito mais do que um Sócrates, Platão ou Aristóteles, Moisés, David ou Isaías. De contrário, não precisávamos de acreditar. Nem o Jesus “joânico” nos diria: “Felizes os que acreditarem sem terem visto.” Quem acredita, a começar pelos apóstolos, mulheres que vão ao túmulo, S. Paulo, carrega consigo o grande “mistério” do Infinito no finito histórico de cada um. A ressurreição venceu a morte. A vida é um aleluia de ressurreição em liturgia humano-cristã, pessoal e cósmica. Com a ressurreição, o homem todo (corpo e alma) e todo o homem percorre os caminhos da Vida que não tem fim. A ressurreição é um signo de sentido final. Resume-se, então, à grande “metáfora” da Vida? Só é metáfora se for resposta a um acontecimento “real” de realidade transcendente, infinita, sem compreensão puramente racional, histórica e humana.
Pe. Joaquim Carreira das Neves
Professor Jubilado da UCP

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Só 20% das famílias faz poupança


Quase noventa por cento da poupança das famílias portuguesas é feita por apenas vinte por cento dos agregados familiares. Esta conclusão é resultado de um estudo da Associação portuguesa de seguradores que chegou ainda à conclusão de que trinta por cento das famílias lusas apresentam uma poupança negativa, isto é, gastam mais do que aquilo que ganham.

Ainda, segundo o estudo citado, há três contributos que o Estado português deveria apresentar para ajudar a fomentar a poupança e, assim, revitalizar a economia nacional:
- o Estado deverá ele próprio poupar;
- todas as medidas de política económica devem ter em consideração o seu impacto sobre a poupança;
- a defesa da estabilidade e previsibilidade das políticas de promoção de poupança.

= Assumir-nos como povo... sem rumo
Depois de quase duas décadas (anos 80 e 90) de destempero nas coisas das finanças – pessoais, familiares, autárquicas, sociais, do Estado, dos governos e outras – eis chegado o momento de sermos mais autênticos e comedidos, seja nas aspirações, seja nos gastos e até nos projetos... atuais e futuros.
Somos, de fato, um povo de extremos: ora vivemos na penúria e na resignação, ora na ostentação e no esbanjamento. Parece que nos deixamos seduzir pela euforia, caindo, ao mais pequeno contra-tempo, na depressão (pessoal e coletiva)... confrangedora.
De alguma forma até parece que gostamos de quem nos iluda e (quase) abjuramos quem nos diga a verdade... mesmo que ela seja evidente. Veja-se a apreciação que se vai fazendo dos mais recentes governos da Nação: quem nos enganou até parece que já está perdoado por nos ter afundado na mais grave crise económica e social nos últimos quarenta anos! No entanto, quem nos chama à realidade parece tornar-se inimigo público – pelo menos para uns tantos perdedores no último ato eleitoral – surgindo certos paladinos da desgraça como mentores da revolução... usando ou instrumentalizando, inclusivé, armas e forças armadas. Quem representa esse tal ‘herói’ que tais impropérios patrocina? Será que alguém ainda o leva a sério nas suas diatribes revolucionárias? Se não é considerado doente – se for declarado sem responsabilidade no que diz, poderá ser inimputável – não deverá ser criminalizado pelos vitupérios que ostenta?
Efetivamente, temos de aprender a viver com o que temos, honrando as nossas dívidas e pagando a quem nos ajuda. Basta de caloteiros ingratos, altivos e anónimos!

= Educar (urgentemente) para a poupança
Reportando-nos ao estudo citado cremos que é chegada a hora de assumirmos uma nova atitude de vida: para além da austeridade imposta pelas circunstâncias, temos de optar por uma poupança assumida, consciente e ousada. Explicando:
- Poupança assumida – ninguém no-la impõe, somos nós que a aceitamos porque sabemos, conhecemos e vivemos segundo as nossas posses e não sob a imposição do consumismo explorador da nossa identidade pessoal e coletiva.
- Poupança consciente – antes de nos metermos em qualquer empreendimento fazemos bem as contas e não nos fiámos na benesses – muitas delas enganosas e encapotadas em publicidade falseadora – de quem nos empresta dinheiro para vivermos acima das nossas possibilidades.
- Poupança ousada – calculando os riscos não ficamos a invetivar quem possa ter melhores meios de vida do que nós, mas tentamos fazer algo de mais válido e até valioso, deixando – com se diz no espírito escutista – este mundo um pouco melhor do que o encontramos.
Terminamos com uma breve anedota (adaptada), que lemos há dias: À porta da empresa estamos dois operários. Um era alemão e o outro era português. O alemão, vendo passar o patrão num grande bmw, diz: ‘ainda hei-de ter um daqueles’. O português ripostou, vendo passar o seu patrão num mercedes: ‘anda sacana, que ainda hás-de andar a pé como eu’!
Numa palavra: é uma questão de mentalidade... e de cultura!


António Sílvio Couto
(asilviocouto@gmail.com)

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Imaginem só!...


Adivinhe quem disse que o papa deveria transformar o Vaticano num museu e transferir-se para a entrada de Roma

Quem escreveu isto?

Para acabar com o “escândalo inútil” seria bom que o papa “transformasse o Vaticano num museu e se transferisse para a entrada de Roma”.

a) Leonardo Boff, quem mais?
b) Hans Urs von Baltahasar, certamente num momento de pouca lucidez
c) Hans Kung, do interior do seu descapotável
d) Pedro Casaldáliga, no meio da selva

Resposta: Hans Urs von Baltahasar, que aconselhou também que os padres, bispos e papas deveriam abandonar títulos “envelhecidos e cristãmente incompreensíveis” comopadre, abade e papa.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Ó TEMPOS PROFÉTICOS!...


(Fotografia do anel que o Papa Paulo VI ofereceu aos Bispos do II Concílio do Vaticano, para que trocassem os anéis cravados de pedras  preciosas por um mais simples, como sinal de humildade e pobreza)

segunda-feira, 9 de abril de 2012

O CONCÍLIO VATICANO I, UMA MISÉRIA...

Raridade de Evangelho no Vaticano I
D. António Couto, na apresentação do livro “Nova Evangelização”, de Rino Fisichella (no fundo, no fundo, diz que é fraquinho, já que o capítulo III, sobre “o contexto”, é “frágil”, e quanto ao capítulo IV, sobre a “centralidade de Jesus Cristo”, gostava o bispo de Lamego de o ver “tratado com mais ousadia e grandeza”), disse o seguinte:
Recordemos que, em termos de vocabulário, o Concílio I do Vaticano (1869-1870) usou uma única vez o termo «Evangelho», e nenhuma os termos «Evangelizar» e «Evangelização». O Concílio II do Vaticano (1962-1965), por sua vez, empregou o termo «Evangelho» por 157 vezes, «Evangelizar» por 18 vezes, e «Evangelização» por 31 vezes.
Os meus amigos mais papistas saberão por que é que o Vaticano I fala tão pouco de Evangelho. Onde está a infalibilidade não há lugar para o Evangelho.

Super Mário


Se, nos idos tempos da presidência, Mário Soares se fez transportar numa infeliz (mais precisamente tornada infeliz perante as circunstâncias) e centenária tartaruga algures nas Seychelles (se a memória não me falha, e eu acho que não falha, pois se há imagens que atormentaram a minha pré-adolescência uma delas foi a do político gordo em cima da tartaruga. A outra foi, obviamente, a do José Cid, homem de pêlo farto, deitado no sofá em nu, enquanto tapava as partes com um disco de ouro), nos dias que correm Mário Soares não tem tempo a perder. A idade não perdoa, e Mário Soares fez o seu motorista saber disso. Enquanto "montado" num carro que custa para cima de € 100.000 (para alívio de milhares de tartarugas por esse mundo fora), Mário Soares fez-se transportar à velocidade de 199 quilómetros/ hora. E eu, pela primeira vez em 34 anos, concordo com o senhor. Então ter uma máquina daquelas, ainda por cima não sendo nossa (diz que pertence à Direcção-Geral do Tesouro e das Finanças, e eu gostava de compreender tal relação), e andar devagar? A 120? Isso é para o povo, aquele que paga as multas. O Dr. Mário Soares não está para isso. O Dr. Mário Soares diz que o Estado é que paga a multa. E eu acho bem. Afinal não andamos nós a pagar, há anos, as merdas que os políticos vão fazendo (Dr. Mário Soares incluído)? O que é que são mais € 300,00?
Agora, claro que fazendo isso, não pode é depois aparecer a dizer coisas como: "É que as pessoas estão a ficar desesperadas, é que há pessoas a passarem fome. Isto não é literatura, é a verdade". Não pode. Parece mal. Porque, citando um ex-político (que pode alegar insanidade, pois pode, e um bocadinho de senilidade, mas que não pode gozar com a cara das pessoas nem ser incoerente): "porque é que aceitamos todas as roubalheiras e aceitamos tudo o que nos dizem? Bem, isso não pode ser". Afinal, parece que pode.

domingo, 8 de abril de 2012

Páscoa - reflexões

NOTA PASTORAL DO BISPO DIOCESANO NA PÁSCOA



PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO: A CORAGEM DA ESPERANÇA

1. Páscoa é «passagem»: da morte à vida, da Paixão à Ressurreição. O Calvário, que culmina com a Morte na Cruz, é caminho que conduz à vitória da vida. São estas duas faces da mesma moeda, que definem o «Mistério Pascal», na sua inteireza: a Paixão desemboca na Ressurreição; não há Ressurreição sem Paixão.
«Ad augusta per angusta» – diziam os antigos: só se chega a coisas sublimes por caminhos estreitos. O que equivale a dizer: tudo o que vale custa. Nada se consegue sem sacrifício. Foi assim com Cristo, o protótipo do homem perfeito. Será assim para todo o discípulo, que segue os «passos» do Mestre.
A Páscoa de Jesus é, pois, mensagem de esperança. Esperança certa no futuro, apesar das dificuldades e contrariedades da vida e da história. Mesmo no meio de todos os sacrifícios, que não são finalidade em si mesmos, mas caminho para uma vida renovada. Como nos garante Cristo Crucificado e Ressuscitado: o que aconteceu à «Cabeça» será também o destino do «Corpo». «O Seu caminho é também o nosso caminho».
Portanto, o rumo está traçado. O «Mistério Pascal» aponta a meta e indica o caminho para lá chegar. Sem «rumo» é que não se chega a lado nenhum. Bem diz o provérbio: «para um veleiro sem rumo, não há ventos favoráveis».

2. A Ressurreição constitui um novo tipo de presença de Jesus, no meio dos Seus: uma presença real, mas invisível – espiritual – que se realiza, precisamente, através do Espírito Santo, que Jesus prometeu enviar e envia, como protagonista da missão de implantar na terra o Reino de Deus: Reino de Justiça, Amor e Paz.
Reino «já» presente e actuante, no mundo em que vivemos, mas «ainda não» completamente realizado. Por isso é objecto de esperança, que compromete, aqui e agora, sob a acção do Espírito Santo, o grande dom do Ressuscitado, que os açorianos veneram, particularmente, no Tempo Pascal. Efectivamente, a Igreja nasce em Pentecostes. Torna-se sinal e instrumento, Sacramento do Reino, precisamente, pelo poder do Espírito Santo, que reúne os homens dispersos numa só família.
Nesse sentido, podemos dizer, com toda a propriedade, que é o Espírito Santo que mais une os açorianos, na riqueza da sua diversidade. É uma comunhão espiritual, que se exprime através da vida comunitária, para a qual muito tem contribuído a Igreja Católica. Na realidade, foi á volta da Igreja e com a Igreja que o povoamento se foi realizando e organizando comunitariamente.
Até podemos dizer que a Diocese foi a primeira experiência de Autonomia. A nível eclesiástico – é verdade – mas com grande impacto na sociedade. Além do resto, pensemos, por exemplo, na acção do Seminário Episcopal – a celebrar, este ano, 150 anos de fundação – que deu um contributo significativo à ideia dos Açores, como um todo.
Evidentemente, a recente experiência de Autonomia contribuiu para consolidar e aprofundar a unidade açoriana. Basta pensar nas facilidades de transportes entre as Ilhas e na melhoria da comunicação social, nomeadamente a Rádio e a TV.

3. Por isso, olhamos com alguma apreensão para a perspectiva de eliminação de programas regionais de Rádio e de Televisão, que têm garantido a informação sobre o que se passa nas paragens mais recônditas das Ilhas. Não podemos reduzir os Açores só às Ilhas com mais população. Que o Espírito Santo a todos ilumine!
Dê o necessário discernimento a quem tem de decidir! E empenho criativo a todos nós cidadãos, para colaborarmos activamente na solução dos problemas, que são de todos nós. Com a certeza de que, após a tempestade vem a bonança e depois do Inverno, a Primavera. É o sentido da Páscoa cristã.
Feliz Páscoa, na esperança que nos vem de Cristo Crucificado e Ressuscitado!

+ António, Bispo de Angra

PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO

sábado, 7 de abril de 2012

O que (também) podia ser a Páscoa



1. Para muitos, a Páscoa é mais o ruído do que a calma. É mais a palavra do que a escuta. É mais a acção do que a meditação. É mais o movimento do que o recolhimento.
O ruído, as palavras, a acção e o movimento dão um grande colorido às nossas terras. Mas a falta de calma, de escuta, de meditação e de recolhimento deixa um profundo vazio nas nossas vidas. 

Quando falamos de Páscoa, pensamos no que, a propósito dela, se diz e se faz. Mas era bom que se procurasse o sentido da Páscoa também a partir do que, nela, não se diz e não se faz. 
A Páscoa não se reduz às procissões de Sexta-feira e às celebrações de Domingo. Entre o grito da Cruz e a alegria da Ressurreição, há o silêncio da sepultura. 
É também por esse silêncio que nos devíamos deixar envolver. Porque é nesse silêncio que germina a novidade plena, a surpresa maior, o reencontro total. 

2. De facto, o silêncio não é necessariamente mutismo, ausência ou distância.
Há um silêncio pelo qual tudo nos chega. É o silêncio exterior que nos põe alerta. É o silêncio interior que nos põe à escuta. 
É um silêncio, ao mesmo tempo, afónico e atónito. É um silêncio que tanto nos deixa sem palavras como nos preenche com uma paz inquieta.
Afinal, as palavras costumam morrer nos lábios e os pensamentos acabam por se ofuscar na mente.
É, por isso, o silêncio que nos permite acolher o grande murmúrio que Deus faz ecoar no tempo. 
E há-de ser a fraternidade a levar-nos a estender a mão àqueles que vão caindo pelas estradas do mundo. 
Às vezes, queremos cobrir de palavras o que escapa a toda a palavra. Se as palavras já são débeis para dizer a vida, como não hão-de ser frágeis para (des)dizer a morte? 
E, não obstante, multiplicamos explicações. No tempo, atrevemo-nos a cartografar a eternidade e a mapear com minúcia cada um dos seus momentos. 

3. A Páscoa é oportunidade para cantar, para louvar. Mas será ainda mais bela se for aproveitada para colher, para captar.
O silêncio não nos afasta dos problemas, mas abre-nos muitos caminhos no meio dos próprios problemas. 
Jesus foi tão eloquente quando falou como quando calou. E disse-nos tanto no silêncio do sepulcro como no grito da Cruz. 
O silêncio é o nada donde vem tudo. Não é esse, aliás, o transe da criação?
Deixemos, pois, falar a Páscoa no tempo! E façamos ressoar a Páscoa na vida!

4. A Páscoa é, sem dúvida, uma festa. Mas é uma festa que começa num fracasso. 
O fracasso de Jesus parecia ser total, definitivo, irrecuperável. 
Neste sentido, a Páscoa significa que nem a morte é o fim. A Páscoa assinala o começo depois do próprio fim. 
Tudo está em aberto. E o que conta não são apenas os conceitos debatidos e as soluções já tentadas. O que conta é o novo, aquilo que ninguém (ainda) conhece, aquilo que (ainda) está para acontecer.
Adormecida, no nosso interior, está a esperança. Dorme o prolongado sono da resignação, do desalento.
É tempo de despertar a esperança. É hora de despertarmos para a esperança!

João António Pinheiro Teixeira
teólogo
Agência Ecclesia

sexta-feira, 6 de abril de 2012

SEXTA-FEIRA SANTA

Semana Santa: Igreja lembra morte de Jesus
Jejum e adoração da cruz marcam esta sexta-feira

A Sexta-feira Santa, que evoca hoje a morte de Jesus, é um dia de jejum para os fiéis católicos, que não celebram a missa, mas uma cerimónia com a apresentação e adoração da cruz.


Este é um dia alitúrgico, no qual os fiéis podem comungar na celebração que decorre durante a tarde, perto da hora em que se acredita que Jesus terá morrido, nas igrejas desnudadas desde a noite anterior.


A parte inicial da celebração, Liturgia da Palavra, tem um dos elementos mais antigos da Sexta-feira Santa, que é a grande oração universal, com dez intenções que procuram abranger todas as necessidades e todas as realidades da humanidade, rezando pelos seus governantes, pela unidade entre os cristãos, pelos que não têm fé ou os judeus, entre outros.


A adoração à cruz e os vários momentos de oração apresentam-se como momentos de penitência e de pedido de perdão.


O sacerdote que preside à celebração está paramentado com a cor vermelha, que a liturgia católica associa aos mártires.


Ao final do dia, decorrem em muitos locais as procissões do enterro do Senhor e a via-sacra, que reproduz os momentos da prisão, julgamento e execução de Jesus.


O Sábado Santo, tal como a sexta-feira, é um dia alitúrgico, isto é, sem celebração da Eucaristia ou de outros sacramentos, considerado como o dia do ‘grande silêncio’.


A Vigília Pascal, que se celebra nas últimas horas deste dia, está ligada ao domingo e à festa da ressurreição de Jesus, sendo considerada o momento mais importante do calendário litúrgico da Igreja Católica.

OC
Agência Ecclesia

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Tríduo Pascal: reflexões

ERA MESMO A SÉRIO!





Quando Jesus falou do final bem difícil que previa para a sua vida, S. Pedro nem quis acreditar no que ouvia: «Deus te livre de tal, Senhor. Isso nunca te acontecerá!»

No Monte das Oliveiras, ficou bem gravada nos apóstolos a angústia de Jesus, a solidão, a falta de coragem para ser até ao fim fiel à razão de ser da sua vida. Antes, porém, os apóstolos não o levaram suficientemente a sério. O «querido mestre» ainda era novo, tinha a vida pela frente… Além disso, a sua sabedoria, «autoridade» e um estranho «poder» inspiravam a todos confiança!

Quando Pedro viu que era mesmo a sério o que Jesus tinha dito, até negou que era seu amigo…

O que os discípulos de Jesus, em que nos podemos incluir, só compreenderam depois da «ressurreição», é que o seu mestre levava a vida mesmo a sério. Momentos de alegria, momentos de dor e o momento da morte foram vividos para nos dizerem que somos chamados por Deus a sermos seus companheiros no projeto de criação. A força das nossas mãos é a força de Deus. A bondade das nossas mãos é a bondade de Deus. A beleza da criação, onde a justiça deve resplandecer particularmente na organização social, está assim nas nossas mãos.

É mesmo a sério.

E porque também quero viver a sério a minha vida e o compromisso com a fé, então hoje decido seguir a Cristo mais de perto. Porquê?

Porque sei que Cristo não me promete um bom salário,
   mas garante-me uma vida abundante.
Ele não me promete estar sempre como no primeiro dia,
   mas promete-me que nunca me vai faltar força.
Ele não me promete que façam caso do que eu digo
   mas promete-me que vou querer repeti-lo uma e outra vez.
Ele não me promete a compreensão dos que me rodeiam,
   mas promete-me que saberei qual é o caminho certo.
Ele não me promete que me venham ajudar,
   mas promete-me que irão precisar de mim.
Ele não me promete decisões fáceis,
   mas promete-me que nunca me irei arrepender.
Ele não me promete um trabalho perfeito
   mas promete-me que eu faça parte de um projeto inesquecível.
Não me promete que eu tenha sempre sucessos,
   mas promete-me que o meu trabalho vai dar muito fruto.
Não me promete que eu não tenha dúvidas e receios
   mas garante-me que o amor é mais forte que o medo.
Não me promete que eu possa acabar com a dor, o sofrimento e a injustiça,
   mas promete-me que, onde estiver, eu poderei levar esperança.
Ele não me promete o reconhecimento do mundo,
   mas promete-me uma palavra eficaz.
Ele não me promete títulos humanos,
   mas promete-me a certeza de que eu foi escolhido.
E me promete
alimentarei o mundo,
unirei corações,
acompanharei os que sofrem,
confirmarei aqueles que querem ser fortes,
experimentarei com eles a verdadeira alegria,
levarei aos homens a verdade,
e serei cristão, testemunha de Jesus Cristo.
Ele não me promete apenas uma vida de aventuras,
Ele garante-me uma vida apaixonante!

Do blogue Zimbórios

O TRÍDUO PASCAL

quarta-feira, 4 de abril de 2012

AINDA NÃO ACABEI!...




Alguém perguntou-me:
- "Que pensas fazer hoje?"
- "Ser feliz", respondi.
E de imediato a pessoa reagiu:
- "Mas isso foi o que fizeste ontem!"
- "Sim, mas ainda não acabei."
.
do blogue Zimbórios

terça-feira, 3 de abril de 2012

Chocolate e ovinhos! Haja moderação...


Páscoa pode contribuir para obesidade


Páscoa pode contribuir para obesidade
O consumo de ovos de chocolate e amêndoas doces em excesso é prejudicial à saúde e contribui para o aumento de peso, cáries dentárias e outros distúrbios relacionados como o aumento da glicemia. «Os pais devem ter atenção que, embora possam oferecer às crianças doces em ocasiões especiais, tais como aniversários e épocas festivas, estes devem ser sempre consumidos com moderação. Na Páscoa, devem limitar o consumo de doces a apenas um ovo de chocolate por criança, de preferência os de chocolate negro, em que um ovo pequeno, de +/- 20g, contém 100Kcal, ao passo que um ovo de igual peso, mas enriquecido com leite, apresenta 115Kcal e maior aporte de gordura. Em alternativa ao ovo de chocolate, poderá oferecer cinco amêndoas doces», afirma Rita Talhas, dietista do Centro da Criança do hospitalcuf descobertas, num comunicado enviado às redações.
E acrescenta: «A grande quantidade de gordura e açúcar presente nos chocolates pode também provocar casos de diarreia e irritações na pele e no estômago, pelo que o seu consumo deve ser controlado, e desaconselhado em crianças no primeiro ano de vida».
A dietista recomenda ainda que «deve observar o rótulo dos ovos de chocolate e amêndoas doces antes de os levar para casa, principalmente se a criança apresenta intolerância à lactose ou ao glúten, pois geralmente são produtos alimentares que contêm estes dois ingredientes na sua composição». O chocolate também tem benefícios, já que proporciona sensação de bem-estar devido ao seu efeito estimulador da produção interna de hormonas relaxantes. Além disso, é uma fonte de cálcio, fósforo, magnésio e vitaminas, pelo que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o seu consumo, principalmente aos desportistas, mas limitado a 30g de chocolate preto por dia.
«Em Portugal, estima-se que 31,5% das crianças tenham excesso de peso e que, destas, cerca de 11% sejam obesas. Os erros alimentares e o sedentarismo são as principais causas de obesidade infantil, pelo que, nestas épocas festivas, o cuidado com a preparação e confeção das refeições e o aumento da atividade física das crianças deve ser valorizado», conclui o comunicado.
do Sapo